No dia em que fontes do Palácio do Planalto ligadas ao presidente Michel Temer (PMDB) afirmaram que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), deixará o cargo e ingressará no PMDB, o próprio Meirelles foi cauteloso ao dizer que a definição se dará no início da próxima semana, após avaliação de pesquisas qualitativas que ele encomendou para saber "o que pensa e o que quer o brasileiro, o que deve ser levado em conta numa decisão dessas".
Meirelles falou ontem em evento na Federação das Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), para um público formado por mais de 300 empresários e políticos gaúchos. "Estou conversando com o presidente a esse respeito, com lideranças de partidos", disse, sobre a possível candidatura e a troca de partido. Contudo, quando questionado, fez referência a somente duas siglas: a atual legenda, o PSD, e o PMDB.
Em entrevista publicada ontem no Jornal do Comércio, o deputado federal Darcídio Perondi (PMDB), considerado um dos homens fortes do governo Temer, confirmou que o convite do partido para o ingresso de Meirelles é na condição de "ficar na expectativa" para ser candidato caso Temer não queira concorrer.
Outra opção seria compor a chapa majoritária como vice, já que Temer sinalizou que vai se candidatar para defender seu governo. Meirelles não descarta essa opção, mas deixa claro que não é sua vontade. "Minha consideração é a presidência. Evidentemente, temos que olhar a questão do que quer a população, visando evitar que ocorram resultados negativos para o País."
O ministro chegou ao evento acompanhado do governador José Ivo Sartori (PMDB) e de grande parte do primeiro escalão do governo estadual. Em sua palestra - que se iniciou com atraso de uma hora e durou 40 minutos -, Meirelles disse que "o Brasil está saindo da maior recessão da sua história".
No balanço da gestão de Temer, apontou a queda do índice de desemprego e a criação de novos postos. Os resultados comemorados como positivos, como o Brasil ter atingido, em 2017, o menor índice de inflação desde 1998 - 2,95% -, foram decorrentes "da agenda de reformas, como a do teto dos gastos públicos".
Meirelles provocou risos do público quando, ao citar a reforma trabalhista e a redução do número de ações judiciais de empregados contra patrões, disse que "só quem gosta de processo trabalhista são os advogados". A outra reação surgiu num momento posterior à palestra, quando a presidente da Federasul, Simone Leite (PP), perguntou se Meirelles será candidato à presidência da República. Mesmo postergando o anúncio sobre a decisão, o ministro agradeceu os aplausos do público.