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- Publicada em 06 de Março de 2018 às 08:24

Ministério Público investiga contratos de compra de remédios para curar doença rara

As drogas Myozyme, Fabrazyme e Alurayme envolvem valores que somam quase R$ 20 milhões

As drogas Myozyme, Fabrazyme e Alurayme envolvem valores que somam quase R$ 20 milhões


STOCKVAULT/DIVULGAÇÃO/JC
Agência Estado
Os contratos de compra de quatro remédios para atender pacientes com doenças raras foram colocados sob suspeita em apuração do Ministério Público Federal (MPF) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A aquisição de três desses medicamentos envolve valores que somam quase R$ 20 milhões. Pessoas vítimas de doenças raras têm reclamado de atrasos na entrega de remédios de alto custo desde o fim de 2017 e relatam piora em seus quadros de saúde.
Os contratos de compra de quatro remédios para atender pacientes com doenças raras foram colocados sob suspeita em apuração do Ministério Público Federal (MPF) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A aquisição de três desses medicamentos envolve valores que somam quase R$ 20 milhões. Pessoas vítimas de doenças raras têm reclamado de atrasos na entrega de remédios de alto custo desde o fim de 2017 e relatam piora em seus quadros de saúde.
O MPF do Distrito Federal investiga a compra de três remédios - Myozyme (para a doença de Pompe), Fabrazyme (doença de Fabry) e Alurayme (Mucopolissacaridose tipo 1). As três doenças são causadas por deficiências de enzimas e afetam múltiplos órgãos. A empresa Global Gestão em Saúde venceu a licitação em outubro e não entregou os medicamentos, mesmo tendo recebido R$ 19,9 milhões do governo federal com antecedência.
A empresa também não seria, segundo o MPF, uma distribuidora autorizada pelo fabricante dos remédios, a empresa Sanofi Genzyme. O órgão afirma que 152 pacientes seriam beneficiados pela compra. Diante disso, o MPF recomendou que o ministério convoque a segunda colocada na concorrência para que ela forneça os remédios pelo mesmo valor ou que abra novo processo de compra.
No outro caso, a Anvisa detectou problemas com os documentos de importação da empresa responsável por comprar o Soliris, indicado para quem tem a doença hemoglobinúria paroxística noturna (HPN), mutação genética que destrói os glóbulos vermelhos do sangue. A empresa Tuttopharma LLC não apresentou documentação necessária para importar o medicamento. O fabricante do remédio também disse que a empresa não é distribuidora autorizada do produto.
Os problemas nas transações dos quatro remédios aconteceram entre janeiro e fevereiro e se referem a processos de compra feitos em 2017. O Soliris está entre os remédios que lideram o ranking de judicialização.
Enquanto isso, os pacientes com doenças raras têm sido prejudicados por problemas de distribuição. Há quatro meses, eles estão sem o remédio e, segundo parentes e entidades que os apoiam, apresentam piora de seus quadros de saúde. Ao menos sete medicamentos estão em atraso - quatro deles são os que tiveram problemas no processo de compra.
No dia 15 de dezembro, dez dias após completar 18 anos, Jucilene Pedrosa, que recebia um dos medicamentos para Mucopolissacaridose do tipo 1, não resistiu aos efeitos da doença. Segundo a família, ela ficou sem a medicação por dois meses, após tomá-la por um ano.
"Interrompeu de vez em novembro. A última infusão foi no dia 10 de outubro, depois, não chegou mais. Notei que ela estava mais cansada e com mais dificuldade para andar. No dia do aniversário dela, 5 de dezembro, ela pediu uma festa, mas teve convulsão, parou de andar e de comer. Ficou internada e não voltou mais para casa", contou a irmã, a estudante Janaíra Pedrosa, de 22 anos.
Agora, a preocupação da família é com o outro irmão, Jucilan, de 14 anos, que tem a mesma doença e também está sem a medicação. De acordo com balanço do Instituto Vidas Raras, 15 pacientes de doenças desse tipo morreram desde outubro.
Um dos pacientes que conseguiram na Justiça o direito de receber o remédio Soliris foi o gerente administrativo Ricardo Ferreira, de 34 anos, que tem a HPN. Ele conta que, desde a metade de 2017, os problemas com a distribuição tiveram início e que ele precisou ser internado quatro vezes desde setembro. "Recebi doses emergenciais do remédio, mas já acabaram. A tortura não acaba", diz.
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