A possibilidade de reprogramar células humanas adultas em células-tronco pluripotentes induzidas (hiPSC) levou à geração de grandes coleções de células de milhares de indivíduos em diferentes centros no mundo.
O uso dessas células na modelagem de doenças e descobrimento de novos fármacos é promissor, mas exige um monitoramento rigoroso da identidade celular. Isso porque o cultivo é extenso e envolve a manipulação concomitante de células de vários indivíduos diferentes, aumentando a chance de contaminação cruzada.
O tema é assunto do artigo Monitoring cell line identity in collections of human induced pluripotent stem cells, que foi publicado na revista Stem Cell Research pelo grupo da professora Lygia da Veiga Pereira, pesquisadora principal do Centro de Terapia Celular (CTC) da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (Lance) da USP.
"Nesse trabalho comparamos o custo-benefício de diferentes metodologias disponíveis comercialmente; escolhemos a análise por microssatélites do tipo STR (do inglês, short tandem repeats); e aplicamos este teste na nossa coleção de hiPSC de 35 indivíduos brasileiros participantes do Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto", explica a pesquisadora Mariana Morato.
O problema tem chamado a atenção de organizações internacionais, que vêm propondo o monitoramento periódico da identidade das células como procedimento de rotina para boas práticas de laboratório.
Segundo Mariana, há diferentes estratégias metodológicas para esse controle. Muitas vezes os testes são realizados fora do laboratório onde as linhagens de hiPSC são geradas e envolve um alto custo, o que torna difícil o monitoramento periódico.
A análise conjunta de 16 regiões STR gerou um perfil único para cada amostra analisada e foi capaz de identificar dois casos de troca de amostra.