Desde o caminho dos bandeirantes no século 17 até hoje, o rio Piracicaba percorreu uma longa trajetória especialmente marcada por uma ligação de amor com a comunidade que cresceu às suas margens. E poucos conhecem esta história melhor do que o engenheiro Francisco Carlos Castro Lahoz, secretário-executivo do Consórcio PCJ, que cuida da gestão da bacia hidrográfica do Rio Piracicaba.
Lahoz lembrou a luta dos piracicabanos para salvar o rio ainda nos anos 70, quando o governo do estado de São Paulo resolveu construir barragens na região para garantir o abastecimento da Grande São Paulo. Nasceu assim o Sistema Cantareira, alimentado por três grandes reservatórios: Jacareí, Atibaia e Paiva Castro, em Mairiporã. O Sistema garantia a transferência de 50% da água para São Paulo até o ano 2000.
"Mas aí, ocorreu uma falha de planejamento do governo do estado: o incentivo à instalação de indústrias na região de Piracicaba. Com isso tivemos um conflito hídrico porque a vazão do rio reduziu, os peixes morreram e a comunidade se deu conta de que alguma coisa precisava ser feita. E assim foi criado o Conselho de Defesa do Vale do Piracicaba, que vai ser muito importante porque, a partir dele, a população de Piracicaba se mobiliza", conta.
Para compensar o recurso desviado, a prefeitura de Piracicaba teve trazer água de outra bacia. "Piracicaba conseguiu um empréstimo de US$ 30 milhões e fez um plebiscito para saber se a sociedade aceitaria pagar a conta. Então esse empréstimo foi diluído nas contas de água por um período de amortização e a própria comunidade pagou essa conta.
Depois uma lei veio em 1991 criou a Política Estadual de Recursos Hídricos, "a primeira do Brasil", frisa o secretário-executivo. A política paulista serviu de base para a criação, seis anos depois, da Política Nacional de Recursos Hídricos.