Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), defensores dos direitos humanos, profissionais da saúde e moradores de comunidades se reuniram para debater questões relacionadas à intervenção federal na segurança pública no Rio de Janeiro.
Durante o encontro, foi elaborada uma lista com algumas medidas a serem colocadas em prática. Entre elas estão reuniões com agentes comunitários de saúde para debater a rotina na intervenção, campanhas contra o racismo e iniciativas para divulgar canais de denúncias de violações de direitos.
A Fiocruz deverá desenvolver pesquisas e um monitoramento das comunidades mais próximas, como Manguinhos e Maré. De acordo com o pesquisador Hermano Albuquerque de Castro, diretor da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz e mediador do debate, o crescimento da violência tem relação com o aumento de determinadas doenças. A situação também dificulta o trabalho dos profissionais da área.
"Praticamente todos os dias temos tido notícias de violência e de morte. E esse é também um debate da saúde pública, que vem sendo profundamente afetada. Os agentes de saúde não conseguem trabalhar nos territórios. As populações ficam desassistidas e são penalizadas. Muitos não saem de casa. São diferentes fatores que podem interferir para o infarto agudo do miocárdio, para a hipertensão arterial e para o diabetes por exemplo. E eu nem estou falando das mortes diretas pelos tiroteios".
O diretor também avaliou que a intervenção, até o momento, não trouxe novidade na forma de combate ao crime. No debate não havia representantes do Gabinete da Intervenção Federal, nem da Secretaria de Segurança Pública.
A cobrança pela divulgação do plano da intervenção vem sendo realizada por diversos órgãos como o Ministério Público, a Defensoria Pública e também por parlamentares. Para André Barros, vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da seccional fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), é preciso mudar a abordagem da questão da segurança pública do Rio. Ele defendeu a legalização da maconha como forma de enfraquecer o crime organizado e reduzir a violência. Segundo o advogado, há venda de drogas em todos os lugares da cidade, mas as ações de repressão estão concentradas nas favelas.