Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Cultura

- Publicada em 18 de Fevereiro de 2018 às 22:22

Documentário que narra o impeachment de Dilma Rousseff será exibido no Festival de Berlim

O processo, de Maria Augusta Ramos, tem exibição no Festival de Berlim nesta quarta-feira

O processo, de Maria Augusta Ramos, tem exibição no Festival de Berlim nesta quarta-feira


FOTOS BRETZ FILMES /DIVULGAÇÃO/JC
Cineasta premiada internacionalmente, Maria Augusta Ramos tem opinião bem definida sobre o impeachment de Dilma Rousseff. Para ela, tratou-se de um golpe. Mas a diretora de O processo está certa também de que contemplou todos os lados envolvidos na ação que tramitou no Congresso Nacional e terminou com o impedimento da ex-presidente, no final de agosto de 2016.
Cineasta premiada internacionalmente, Maria Augusta Ramos tem opinião bem definida sobre o impeachment de Dilma Rousseff. Para ela, tratou-se de um golpe. Mas a diretora de O processo está certa também de que contemplou todos os lados envolvidos na ação que tramitou no Congresso Nacional e terminou com o impedimento da ex-presidente, no final de agosto de 2016.
O documentário está entre os cinco longas selecionados para a mostra Panorama da 68ª edição do Festival de Berlim, com exibição marcada para esta quarta-feira na capital alemã. Os outros são os documentários Aeroporto Central, de Karim Aïnouz; Ex-Pajé, de Luiz Bolognesi; Bixa Travesty, de Claudia Priscilla e Kiko Goifman; e a ficção Tinta bruta, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher.
"O processo não pode ser apenas a minha visão como ser político e social. Eu tenho uma visão 'x', mas o meu trabalho tem que ir além disso e apresentar argumentos para todos os lados, à esquerda e à direita. Não faço filmes para defender teses. Os meus filmes são processos de descoberta sobre determinados momentos. Este se propõe a isto, como todos os anteriores", diz a cineasta. Este novo título segue o mesmo conceito aplicado na trilogia dela sobre o sistema judiciário brasileiro, formada por Justiça (2004), Juízo (2008) e Morro dos Prazeres (2013). Em todos eles, o princípio que guia a narrativa é o da observação, sem intervenções ou entrevistas diretas. Ela e sua equipe circularam pelos corredores do Congresso, gravaram coletivas de imprensa, acompanharam as votações na Câmara dos Deputados e no Senado, além de presenciar situações e acontecimentos ainda não conhecidos publicamente.
A ex-presidente Dilma não fala ao filme, apenas aparece concedendo entrevistas coletivas, em pronunciamentos e dando depoimentos. Assim como os envolvidos na sua defesa e na sua acusação, nas várias comissões e nas plenárias da Câmara e do Senado: "Tive um acesso importante à defesa da presidenta. Assisti às reuniões do (advogado-geral da União à época) José Eduardo Cardozo com os assessores e dos senadores da esquerda, do PT e PCdoB. Então, tem todos os bastidores do impeachment. Filmamos todo aquele processo que acontece no Congresso, com as comissões e tudo". A diretora completa que os argumentos da direita e de quem defendia o impeachment também estão contemplados nas comissões e sintetizados em 2 horas e 15 minutos de projeção.
Com esse olhar pelos bastidores do julgamento, a obra testemunha a profunda crise política e o colapso das instituições democráticas no País. O processo foi realizado ao longo de quase seis meses, em 70 dias de gravações que começaram uma semana antes da votação na Câmara dos Deputados, em abril de 2016, e terminaram após a saída de Dilma, em 31 de agosto do mesmo ano - com uma volta à capital federal no fim do ano. Maria Augusta e sua equipe captaram ao todo 450 horas de imagens.
Com orçamento de cerca de R$ 900 mil, o filme foi financiado com recursos próprios, por meio de financiamento coletivo, prêmio do World Cinema Fund do Festival de Berlim, além de patrocínio direto do Canal Brasil e de um produtor holandês. "Para a produção, não recebemos qualquer dinheiro de leis federais, Lei Rouanet ou Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Talvez tenhamos que usar o fundo para o lançamento, ainda vamos ver", afirma a realizadora.
O Festival de Berlim traz ainda a coprodução brasileira Las herederas, do paraguaio Marcelo Martinessi, na competição de longas. E três títulos nacionais na competição de curtas: Alma bandida, de Marco Antônio Pereira; Terremoto Santo, de Bárbara Wagner e Benjamin de burca, além de Russa, do português João Salaviza e do brasileiro Ricardo Alves Jr. Unicórnio, de Eduardo Nunes, será exibido na mostra Generation. De produção estrangeira, 7 dias em Entebbe, novo filme de José Padilha, será exibido fora de competição na seleção oficial.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO