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Cultura

- Publicada em 18 de Fevereiro de 2018 às 17:34

Novo álbum de Alice Caymmi explora a afirmação feminina

Terceiro disco da cantora trata originalmente de uma reação a uma opressão contra a mulher

Terceiro disco da cantora trata originalmente de uma reação a uma opressão contra a mulher


DARYAN DORNELLES/DIVULGAÇÃO/JC
Os versos de Spiritual são sintéticos como o sentido que eles carregam - e como as vozes sobrepostas do coro que sustenta a música ao lado da flauta de Danilo Caymmi. Eles dizem: "Tudo que eu quero te falar/ É muito simples, muito simples mesmo/ (...) Eu já estou ficando rouca/ Eu não estou ficando louca". A faixa que abre Alice, terceiro álbum de Alice Caymmi, trata originalmente de uma reação a uma opressão contra a mulher - até mesmo da experiência pessoal da própria cantora, como ela explica.
Os versos de Spiritual são sintéticos como o sentido que eles carregam - e como as vozes sobrepostas do coro que sustenta a música ao lado da flauta de Danilo Caymmi. Eles dizem: "Tudo que eu quero te falar/ É muito simples, muito simples mesmo/ (...) Eu já estou ficando rouca/ Eu não estou ficando louca". A faixa que abre Alice, terceiro álbum de Alice Caymmi, trata originalmente de uma reação a uma opressão contra a mulher - até mesmo da experiência pessoal da própria cantora, como ela explica.
Em um certo corte, o disco é atravessado por essa ideia de afirmação feminina, de diferentes formas. Seja na personagem que afirma, à la Ludmilla ou Anitta, estar melhor sozinha após ser desprezada pelo antigo amor, agora arrependido (Sozinha e Eu te avisei), seja na que se pergunta "quem sou eu, qual é o meu nome?" (What's my name).
Em um outro corte, porém, os versos que constatam o "muito simples, muito simples mesmo" falam menos de conteúdo, de mensagem, e mais das ambições formais de Alice. Mais do que os discos anteriores da cantora, este busca se aproximar de uma linguagem pop contemporânea, do R&B atual (ora mais conservador, ora mais experimental), esperanto de hits internacionais aqui filtrado pelo olhar da produtora Barbara Ohana.
Mais do que isso, o álbum olha para os efeitos (ou defeitos, no sentido positivo/irônico dado por Tom Zé) dessa linguagem na realidade radiofônica brasileira. A presença de Pablo Vittar (dueto em Sozinha), Ana Carolina (parceira de Alice em Inocente) e Rincon Sapiência (que costura Inimigos com um rap) mostram isso de maneiras diferentes e complementares.
Os arranjos exploram exatamente a equação pop/experimental que tem marcado o R&B (e o rap) ao longo da última década - claramente pondo a eventual estranheza a serviço do apelo pop, nunca o contrário. Os coros - elemento fundamental do disco - ilustram isso. A grosso modo, remetem menos a Björk e mais a Sorry, de Justin Bieber (com seu vocal chupado da cantora indie White Hinderland).
A voz de Alice acompanha esse desejo pop do álbum. Ela atua num registro mais agudo, que soa menos marcadamente pessoal que o de seus trabalhos anteriores. Mas sua personalidade vocal é reconhecível. Mais do que isso, momentos como A estação (de Carlos Rufino) e Agora (de Cristiano Malgioglio e Gianpietro Felisatti, em versão em português de Barbara Ohana e João Paulo Cuenca) remetem à Alice de Abandonada.
As duas canções estão entre as quatro do disco que não foram compostas por Alice - só ou com parceiros como Barbara Ohana e Pablo Bispo. Outra dessas é What's my name (de Moacir Santos), aqui elegantemente vulgarizada, levada da nobreza de seu afrobrazilian jazz original para o chão pop de 2017 - expressão clara do anseio de ser "muito simples, muito simples mesmo" de Alice.
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