O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, disse ontem, em Porto Alegre, que "não é Lula que está no banco dos réus, é o Poder Judiciário". Segundo Stédile, a depender do desfecho do recurso de apelação contra a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é a Justiça que está sendo julgada, pois ela "tem que dizer ao povo brasileiro se vai continuar seguindo a Constituição e os ditames da lei", pontuou, ou "fazendo sentenças de acordo com a vontade da burguesia brasileira".
A liderança falou em coletiva à imprensa no acampamento montado pelos sem-terra no Anfiteatro Pôr-do-Sol.
Ao avaliar as possibilidades para o placar da audiência de amanhã, Stédile também disse que, mesmo que a condenação de Lula seja revertida, ele será inocentado por dois a um, pois "o voto do João Pedro Gebran (relator do recurso no Tribunal Regional Federal da 4ª Região) praticamente já anuncia, pelas declarações extraprocesso que ele fez - o que não é comum nos juízes -, que ele se compromete com a condenação, até porque ele tem amizade pessoal com o (juiz Sérgio) Moro", disse.
Como pela manhã, Stédile participou da caminhada que os sem-terra fizeram da Ponte do Guaíba ao Anfiteatro Pôr-do-Sol, o líder do MST fez uma avaliação positiva da marcha. "Fomos muito bem atendidos pelos companheiros brigadianos, a quem agradeço a civilidade que tiveram", afirmou.
Stédile também minimizou a possibilidade de conflitos e depredações, como sendo "muito exagero e firula provocada pelo 'prefeitinho' que temos aqui em Porto Alegre", referindo-se a Nelson Marchezan Júnior (PSDB). "Ele que criou celeuma e ameaçou chamar o Exército. O MST e a Frente Brasil Popular já estivemos duas vezes em Curitiba. Levamos 50 mil pessoas lá, e não houve nem um arranhão", disse.
Embora a presença do ex-presidente Lula em Porto Alegre hoje tenha sido posteriormente confirmada pela presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, Stédile disse que haviam desaconselhado Lula a vir, pois "pode ser interpretado pelo Poder Judiciário como