A União Europeia (UE) aprovou ontem sua estratégia de negociação com o Reino Unido para um período de transição após o Brexit - nome dado à saída britânica do bloco econômico. A proposta é que, durante a transição, o país continue sujeito às regras da União Europeia, mas perca seu poder de decisão, sendo incapaz, por exemplo, de bloquear novas leis.
O Brexit está previsto para ocorrer no fim de março de 2019, e a transição se alongaria até 31 de dezembro de 2020, segundo a proposta da UE. A ideia não agrada o Reino Unido, que vem sofrendo sucessivas derrotas na mesa de negociação.
Um porta-voz do governo britânico reagiu às diretrizes europeias dizendo apenas que as negociações para a transição "serão duras". A ideia de permanecer na União Europeia, mas sem ter direito a voto, desagrada governo e simpatizantes do Brexit, que consideram essa solução uma abdicação de soberania - justamente o oposto daquilo que defendem.
O Reino Unido aprovou o Brexit em um plebiscito em junho de 2016. Um dos argumentos dos separatistas é de que Londres errou ao transferir suas prerrogativas a Bruxelas, capital da burocracia europeia, incluindo suas decisões de política migratória.
Aceitar um período de transição sem poder de voto poderá enfraquecer ainda mais o governo da primeira-ministra Theresa May, que já foi obrigada a garantir, no fim do ano passado, que não haverá uma fronteira física entre a Irlanda do Norte (território britânico) e a Irlanda (membro da União Europeia).