A Venezuela pagou a parcela de US$ 262 milhões (cerca de R$ 850 milhões) da dívida com o Brasil, vencida em setembro, e, com isso, evitou a formalização de um calote. O pagamento foi acertado na segunda-feira e ocorreu por meio da transferência de valores que a Venezuela tem como cotista do FMI (Fundo Monetário Internacional) para o Brasil.
Todos os países que são membros do fundo - casos de Brasil e Venezuela - têm cotas, que representam uma parcela financeira do capital total do FMI.
Essa foi a alternativa encontrada pelo Ministério da Fazenda e pelo Banco Central para viabilizar o pagamento, uma vez que a Venezuela tem contas bloqueadas nos EUA e também tem pagamentos a fazer para China, Rússia e Japão.
Na noite da terça-feira, o governo brasileiro esperava superar as últimas dúvidas técnicas levantadas pelo Fed (banco central dos EUA) para consumar a transferência e, assim, trazer os recursos para o País.
Com o dinheiro, o governo pagará parcelas devidas ao Bndes, ao Credit Suisse e ao Bank of China por financiar operações de exportadores brasileiros ao vizinho, principalmente construtoras.
E, dessa maneira, evitará que os bancos acionem o FGE (Fundo Garantidor de Exportações), obrigando o Tesouro Nacional a honrar os pagamentos da Venezuela, como já está ocorrendo com Moçambique.
No dia 15 de dezembro, o governo pagou R$ 124 milhões ao Bndes a título de ressarcimento pelo calote da primeira parcela, de US$ 22,4 milhões, de Moçambique. O total da dívida do país africano é de US$ 483 milhões (R$ 1,5 bilhão).
No caso da Venezuela, embora tenha evitado a configuração do calote neste momento, o país está longe de uma solução permanente. A segunda parcela venceu na segunda-feira e não foi paga.
A Venezuela foi o segundo principal destino de financiamento público a obras de construtoras no exterior, executadas por empreiteiras envolvidas na Lava Jato, como Odebrecht e Andrade Gutierrez.