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Teatro

- Publicada em 04 de Janeiro de 2018 às 22:18

O ano nos palcos: apesar da crise, renovação e coragem

Rosamaria Murtinho (centro) comemorou 60 anos de carreira em Dorotéia

Rosamaria Murtinho (centro) comemorou 60 anos de carreira em Dorotéia


CAROL BEIRIZ/DIVULGAÇÃO/JC
O segundo semestre das artes cênicas, em 2017, começou com a revisita de God, comédia que Miguel Falabella interpreta, com texto assinado por David Javerbaum. É uma hipotética situação de personificação de Deus e o que ele enfrentaria na Terra. O grupo Actemus, de Porto Alegre, montou Incidente em Antares, romance de Erico Verissimo, sob o título de Os insepultos, enquanto musical. Valeu pela ideia. O que chamou a atenção, contudo, foi a montagem de Dorotéia, de Nelson Rodrigues, na interpretação central de Rosamaria Murtinho, comemorando seus 60 anos de cena, sob a direção de Jorge Farjalla, um belo e inteligente trabalho que repropõe a leitura do dramaturgo carioca. Também de fora, O quarto sinal, de Fábio Ferraz, com direção de Elisa Machado, apresentou uma reflexão sobre o próprio teatro. Numa curta temporada, também podemos conhecer Das cinzas coração, espetáculo de Jefferson Rachewsky, que reflete sobre o circo e sua herança dramática. Bob Bahlis, por seu lado, voltou a assinar um outro trabalho, desta vez Inimigos da República, a partir de um texto de Qorpo Santo, devidamente atualizado ao momento contemporâneo.
O segundo semestre das artes cênicas, em 2017, começou com a revisita de God, comédia que Miguel Falabella interpreta, com texto assinado por David Javerbaum. É uma hipotética situação de personificação de Deus e o que ele enfrentaria na Terra. O grupo Actemus, de Porto Alegre, montou Incidente em Antares, romance de Erico Verissimo, sob o título de Os insepultos, enquanto musical. Valeu pela ideia. O que chamou a atenção, contudo, foi a montagem de Dorotéia, de Nelson Rodrigues, na interpretação central de Rosamaria Murtinho, comemorando seus 60 anos de cena, sob a direção de Jorge Farjalla, um belo e inteligente trabalho que repropõe a leitura do dramaturgo carioca. Também de fora, O quarto sinal, de Fábio Ferraz, com direção de Elisa Machado, apresentou uma reflexão sobre o próprio teatro. Numa curta temporada, também podemos conhecer Das cinzas coração, espetáculo de Jefferson Rachewsky, que reflete sobre o circo e sua herança dramática. Bob Bahlis, por seu lado, voltou a assinar um outro trabalho, desta vez Inimigos da República, a partir de um texto de Qorpo Santo, devidamente atualizado ao momento contemporâneo.
Em agosto, tivemos a Mostra Internacional de Monólogos, que reuniu sete diferentes espetáculos, de certo modo antecipando o 24º Porto Alegre em Cena, que ocorreria ao longo de setembro. Num total de 35 espetáculos internacionais e brasileiros, além das montagens locais, que concorriam ao prêmio Braskem, o tradicional festival trouxe espetáculos polêmicos, como Gênesis VI:6-7, da espanhola Angélica Liddell; Chopin ou o tormento do ideal, com Nathalia Timberg; Afinação I, com Georgette Fadel personificando Simone Weil; Maratón de Nueva York, da Colômbia, com texto do italiano Edoardo Erba; além de variados espetáculos de dança.
Em outubro, também tivemos a Mostra de Teatro do DAD, que apresentou espetáculos produzidos pelos alunos do Departamento de Arte Dramática da Ufrgs, e o tradicional Festival de Teatro de Bonecos de Canela, que começou no dia 7 e se desenvolveu até o dia 15. A Câmara Municipal de Porto Alegre igualmente promoveu a III Mostra de Artes Cênicas e Música no seu Teatro Glênio Peres, com espetáculos variados de teatro, dança e shows musicais.
Estrearam em outubro, ainda, as peças Aos sãos, militante espetáculo em torno do manicômio de Barbacena, em Minas Gerais; Palco Babylonia, escrito por Artur José Pinto e dirigida por Nestor Monastério; e Yerma, baseado na obra de Federico Garcia Lorca, pelo diretor Gustavo Dienstmann, num espetáculo que pretendeu uma releitura do texto espanhol. Tivemos, ainda, múltiplas temporadas de Concerto inesperado para ator, piano e ruídos, com roteiro e direção de Décio Antunes, misturando dança e teatro, com interpretação de Marcos Contreras. Outro espetáculo, Gotas de cristal, de Carol Mendes, teve sua estreia neste semestre, a que se seguiu, ainda, O tempo é só uma questão de cor, monólogo interpretado por Maurício Silveira, em espetáculo idealizado e dirigido por Antonio Gilberto, a partir de seleção de textos - poemas, crônicas e contos - de Caio Fernando Abreu.
Uma curiosa proposta foi 220 cartas de amor, que se construiu a partir de uma real correspondência trocada, ao longo de anos, entre dois namorados, noivos e, enfim, marido e mulher. A iniciativa foi do ator Renato de Farias, filho daquele casal, que repartiu o palco com a esposa Gaby Haviaras, com direção de Rafael Sieg. Novembro reservou, ainda, o retorno de Graça Nunes à direção de um espetáculo teatral, com a releitura de A casa de Bernarda Alba, de Federico Garcia Lorca, num trabalho admirável e esteticamente bem acabado. Ao apagar das luzes do ano, tivemos a estreia de Nós por nós, do Teatro Sarcáustico, uma espécie de álbum de memórias de suas próprias produções.
Vindo do Centro do País, o musical Cinderella ocupou o Theatro São Pedro, bem no finalzinho da temporada, numa busca de atualização do antigo conto de fadas.
Em síntese, tivemos múltiplos festivais e mostras, maneira segura de a gente conhecer muita coisa em pouco tempo, garantindo variedade e multiplicidade. Por outro lado, conhecemos alguns trabalhos experimentais que surpreenderam e algumas propostas que evidenciaram criatividade e coragem ao buscar novos caminhos para as artes cênicas. Neste sentido, destacaria, nesta temporada, montagens como Fala do silêncio, Imobilhados e Bernarda, pela evidente renovação de linguagem do espetáculo cênico.
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