Importantes nações do Oriente Médio criticaram ontem a possibilidade de os Estados Unidos reconhecerem Jerusalém como capital de Israel. Fontes do próprio governo israelense, porém, minimizaram o risco de distúrbios.
O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul-Gheit, advertiu Washington para que não adote nenhuma medida que altere o status legal e político atual da cidade. Ele falou durante encontro de representantes da Liga Árabe, no Cairo, reunidos para discutir o possível reconhecimento pelo governo do presidente Donald Trump de Jerusalém como capital israelense.
Aboul-Gheit disse que essa decisão seria "uma medida perigosa, que teria repercussões" em todo o Oriente Médio. Funcionários norte-americanos têm dito que Trump pode reconhecer Jerusalém como capital de Israel nesta semana.
A Arábia Saudita, por meio do Ministério das Relações Exteriores, reafirmou os direitos do povo palestino em relação a Jerusalém e disse que isso "não pode ser mudado". Riad afirmou que a medida do governo Trump "provocaria sentimentos nos muçulmanos por todo o mundo". Os palestinos querem Jerusalém Oriental como futura capital, enquanto Israel reivindica toda a cidade como sua capital.
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que o reconhecimento dos EUA seria uma "linha vermelha" para os muçulmanos. Erdogan disse, em discurso no Parlamento ontem, que uma medida do tipo levaria Ancara a cortar todos os laços diplomáticos com Israel. Ainda segundo ele, haveria uma reunião da Organização para a Cooperação Islâmica para se opor a qualquer medida para reconhecer Jerusalém.
Majdi Khaldi, assessor diplomático do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, afirmou que a liderança palestina irá "interromper os contatos" com os EUA caso Trump reconheça Jerusalém como capital israelense.
Autoridades de Israel, por sua vez, minimizaram as ameaças do presidente turco. O ministro da Educação israelense, Naftali Bennett, afirmou que, "no fim das contas, é melhor ter Jerusalém unida que a simpatia de Erdogan".