Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Esportes

- Publicada em 08 de Dezembro de 2017 às 19:30

Gauchão de futebol feminino chega ao fim com Grenal e expectativa de profissionalização em 2018

Inter, de Mylena, e Grêmio, de Karina, decidem campeonato regional neste sábado, no Beira-Rio

Inter, de Mylena, e Grêmio, de Karina, decidem campeonato regional neste sábado, no Beira-Rio


FOTOS CLAITON DORNELLES /JC
Paulo Egídio
Disputado desde agosto por equipes de 12 cidades diferentes, o Campeonato Gaúcho de Futebol Feminino de 2017 terá seu capítulo final neste sábado (9). A partir das 17h, Internacional e Grêmio se enfrentam pelo segundo jogo da final do Gauchão, que já está em sua vigésima edição e não gera, nem de perto, a repercussão de qualquer torneio amador masculino. A decisão, no entanto, acontece em um cenário grandioso: no gramado do estádio Beira-Rio.
Disputado desde agosto por equipes de 12 cidades diferentes, o Campeonato Gaúcho de Futebol Feminino de 2017 terá seu capítulo final neste sábado (9). A partir das 17h, Internacional e Grêmio se enfrentam pelo segundo jogo da final do Gauchão, que já está em sua vigésima edição e não gera, nem de perto, a repercussão de qualquer torneio amador masculino. A decisão, no entanto, acontece em um cenário grandioso: no gramado do estádio Beira-Rio.
Com vitória por 2 a 0 no primeiro jogo, o tricolor está na expectativa de retomar a hegemonia estadual e precisa apenas de um empate para ficar com a taça. Um triunfo colorado, por qualquer placar, leva a decisão para os pênaltis, já que o saldo de gols não é critério de desempate.
Conduzida pela Associação Gaúcha de Futebol Feminino (AGFF), a competição recebeu 13 clubes na edição de 2017 – a maioria das regiões Metropolitana, dos Vales e Sul. E, a exemplo do torneio masculino, a estrutura e a capacidade financeira de Grêmio e Inter sobressaíram e garantiram as equipes na final do campeonato.
Este é o primeiro ano, desde 2002, que a dupla Grenal disputa o Gauchão. Desde então, os departamentos de futebol foram desativados e o esporte perdeu espaço nos maiores times do Estado. No entanto, após a pressão de entidades nacionais e internacionais, os clubes retomaram a o desenvolvimento da modalidade, fornecendo estrutura para as atletas e proporcionando maior prestígio à competição regional.
Em setembro de 2016, a Conmebol anunciou que as equipes participantes da Libertadores e da Copa Sul-Americana teriam de manter grupos de mulheres ou associar-se a uma liga existente a partir de 2019, além de participar de campeonatos nacionais e regionais. No Brasil, a adesão dos clubes ao Profut - programa de refinanciamento de dívidas com a União, condiciona a manutenção e o desenvolvimento do futebol feminino.
Já em 2018, o futebol feminino fará parte do mecanismo Transfer Match System (TMS) da Fifa, que obriga o registro de transferências internacionais das jogadoras. Com isso, as atletas entrarão no mercado de transferências do futebol e os clubes terão mais segurança. Atualmente, para tirar uma atleta de um time, basta outra equipe fazer uma oferta salarial mais vantajosa.
Durante a semana, o Jornal do Comércio conversou com as jogadoras e treinadoras protagonistas do torneio e com os dirigentes responsáveis pela modalidade nos maiores clubes do sul. Também ouvimos dirigentes de clubes do interior que se destacaram na competição em 2017, para entender o que os leva a continuar brigando pelo esporte.

O semiprofissionalismo do Internacional

{'nm_midia_inter_thumb1':'http://jornaldocomercio.com/_midias/jpg/2017/12/05/206x137/1_cd051217_inter__6_-1692270.jpg', 'id_midia_tipo':'2', 'id_tetag_galer':'', 'id_midia':'5a270393889ad', 'cd_midia':1692270, 'ds_midia_link': 'http://jornaldocomercio.com/_midias/jpg/2017/12/05/cd051217_inter__6_-1692270.jpg', 'ds_midia': '', 'ds_midia_credi': '', 'ds_midia_titlo': '', 'cd_tetag': '1', 'cd_midia_w': '800', 'cd_midia_h': '533', 'align': 'Middle'}

Futebol feminino colorado foi retomado depois de quinze temporadas de inatividade

Os fortes sons de tiros misturados aos gritos da treinadora Tatiele Silveira dão o tom do treinamento do grupo colorado, que se prepara para reverter o placar da primeira partida da final. As cerca de trinta atletas treinam no campo da Academia da Brigada Militar porque o clube tem um déficit de campos – o Centro de Treinamento Parque Gigante é ocupado pela equipe profissional masculina, enquanto o de Alvorada é reservado às categorias de base.
No Inter, o departamento de futebol feminino não está vinculado ao futebol do clube, mas à vice-presidência de relacionamento social. “É um produto que agrega valor ao clube”, resume o diretor de futebol feminino, Cesar Schunemann, enquanto observa a movimentação das jogadoras nas poucas arquibancadas do local de treinamento.
Schunemann conta, orgulhoso, que o elenco feminino chegou às finais não apenas no Gauchão adulto, mas nas categorias sub-17 e sub-15. Segundo ele, o grupo principal é formado por jogadoras da base e pelas seleções (as chamadas “peneiras”) convocadas pelo clube, além de poucas atletas contratadas de fora do estado. Além de ajuda de custo, as jogadoras recebem cestas básicas, planos de saúde e bolsas de estudo em uma universidade de Canoas, na Região Metropolitana.
Reativado pela nova gestão do clube depois de 15 anos de inatividade, o departamento feminino é considerado “semiprofissional”. O responsável pelo setor explica que, atualmente, os clubes não têm garantias para profissionalizar as atletas, já que não há, como no masculino, a propriedade dos direitos federativos. “ A fiscalização do TMS será uma garantia de segurança e um caminho para se profissionalizar”, aposta.
Mesmo com investimento ínfimo na modalidade– que não chega a 1% do orçamento total do clube - a meta para os próximos anos é ambiciosa. “Em três anos queremos estar na primeira divisão e em cinco anos, disputando entre os melhores times do país”, revela Schunemann. Mesmo assim, não há garantia plena de profissionalização para o próximo ano. “Dependemos de recursos, apoio e de condições de crescimento para o futebol feminino no Brasil”, argumenta o profissional

No campo, perseverança e otimismo

{'nm_midia_inter_thumb1':'http://jornaldocomercio.com/_midias/jpg/2017/12/05/206x137/1_cd051217_inter__152_-1692288.jpg', 'id_midia_tipo':'2', 'id_tetag_galer':'', 'id_midia':'5a270393889ad', 'cd_midia':1692288, 'ds_midia_link': 'http://jornaldocomercio.com/_midias/jpg/2017/12/05/cd051217_inter__152_-1692288.jpg', 'ds_midia': '', 'ds_midia_credi': '', 'ds_midia_titlo': '', 'cd_tetag': '1', 'cd_midia_w': '800', 'cd_midia_h': '533', 'align': 'Middle'}

Paloma Merlo tem 12 gols no campeonato e tem convicção de que o Inter levará a taça

Esperança de gols do colorado na decisão contra o Grêmio, a centroavante Paloma Merlo é um retrato da rotina de muitas das atletas que teimam em continuar jogando futebol, frente às tantas adversidades. Ela treina à tarde junto ao grupo de jogadoras e em seguida, segue para sua cidade, Alvorada, onde trabalha como professora em uma escolinha de futebol.
Com 12 gols no Campeonato Gaúcho, a atleta conta que entrou no futebol incentivada pelo pai. “Era para ele ser jogador, mas ele era muito tímido”, diz a atacante, que chegou ao Inter no início do ano, ao participar, em meio a outras 700 meninas, de uma grande peneira realizada pelo clube.
Do alto dos seus 1,65m, a centroavante, que aos 21 anos sonha em ser melhor do mundo, garante que as bolas aéreas, tradicionais jogadas de atacantes de referência, não são problema. “Consigo (fazer gols de cabeça). Depende mais da colocação”, explica a jogadora, que conclui a conversa com uma certeza que impressiona. “Sem dúvida nós vamos ganhar o jogo e nos pênaltis. Nos dedicamos ao máximo para isso”.
Enquanto Paloma se dedica em busca dos tentos, Isadora trabalha para tentar evita-los. Natural de Montenegro (RS), a zagueira começou a praticar o esporte aos seis anos, em uma escolinha do município, onde era a única menina. Já convocada para a seleção brasileira sub-17, Isadora aponta o apoio da família como motivação para enfrentar os percalços que ainda impedem o avanço do futebol feminino. “Sempre foi um sonho jogar futebol. É um sonho meu e deles (família) também”, afirma.
Enquanto não chega ao futuro almejado, que passa por jogar a Liga dos Campeões da Europa e representar o Brasil nas Olimpíadas, a defensora prevê um jogo disputado na finalíssima do Gauchão. “Vai ser uma partida difícil, mas temos tudo para alcançar um resultado positivo e sair com o título”, diz Isadora.
A comandante
{'nm_midia_inter_thumb1':'http://jornaldocomercio.com/_midias/jpg/2017/12/05/206x137/1_cd051217_inter__98_-1692279.jpg', 'id_midia_tipo':'2', 'id_tetag_galer':'', 'id_midia':'5a270393889ad', 'cd_midia':1692279, 'ds_midia_link': 'http://jornaldocomercio.com/_midias/jpg/2017/12/05/cd051217_inter__98_-1692279.jpg', 'ds_midia': '', 'ds_midia_credi': '', 'ds_midia_titlo': '', 'cd_tetag': '1', 'cd_midia_w': '800', 'cd_midia_h': '533', 'align': 'Middle'}

Treinadora Tatiele Silveira lidera grupo colorado em busca de reverter o resultado da primeira partida

Responsável pelo treinamento e pelas estratégias de jogo do Inter, a ex-jogadora Tatiele Silveira já foi treinadora do rival e assistente técnica na Seleção Brasileira Feminina Sub-17. Para a treinadora, que comanda cinco treinos semanais, as atletas coloradas evoluíram nos aspectos, técnico, tático e físico. “Temos muitas meninas oriundas do futsal e do futebol sete. Conseguimos aprimorar os fundamentos para o campo e para que elas conheçam melhor a modalidade”, afirma.
Grata ao colorado por abrir as portas ao futebol feminino, Tatiele lamenta que e estrutura ainda seja amadora. “A imensa maioria das gurias tem outras atividades e não conseguimos tê-las apenas como atletas”, afirma, também confiante de que o colorado pode sair campeão no sábado. “Clássico é decidido no detalhe e nós sabemos que podemos apresentar um bom futebol e vencer”.

No Grêmio, promessas de um futuro promissor

{'nm_midia_inter_thumb1':'http://jornaldocomercio.com/_midias/jpg/2017/12/07/206x137/1_cd061217_gremio__167_-1694528.jpg', 'id_midia_tipo':'2', 'id_tetag_galer':'', 'id_midia':'5a29acf1a72b3', 'cd_midia':1694528, 'ds_midia_link': 'http://jornaldocomercio.com/_midias/jpg/2017/12/07/cd061217_gremio__167_-1694528.jpg', 'ds_midia': '', 'ds_midia_credi': '', 'ds_midia_titlo': '', 'cd_tetag': '1', 'cd_midia_w': '800', 'cd_midia_h': '533', 'align': 'Middle'}

Equipe tricolor deve ser profissionalizada totalmente em 2018

No lado azul do Estado, o setor feminino, que responde diretamente à presidência, voltou à atividade após uma mobilização feita pela Associação Gaúcha. A entidade fez uma seleção das melhores jogadoras do estadual de 2016 para disputar o Campeonato Brasileiro deste ano. Como a regra de classificação foi feita pela tabela do Brasileirão masculino, a AGFF procurou o Grêmio para que o clube abrigasse a equipe.
Sem grandes perspectivas, o time acabou rebaixado para a Serie A2. Mesmo com o revés, treze jogadoras foram mantidas pelo clube – que, a partir daí, assumiu a equipe feminina – e formam a base do time que chegou à final do Gauchão.
No tricolor, a gestão do departamento feminino está em mãos de um velho conhecido da torcida: Júlio Titow, o Yura. Autor do gol mais rápido da história dos Grenais, em 1977, o ex-jogador se anima com as perspectivas futuras para o elenco feminino. “O Grêmio tem projeto, mas não mente, estamos fazendo com o pé no chão. Não temos verba, mas temos organização”, garante.
Yura ressalta que o Grêmio se prepara para profissionalizar o time feminino em 2018, por determinação da CBF. “Já estamos em conversas com atletas de outros lugares para formar um time maior”, conta o Passarinho – apelido atribuído a ele enquanto jogador. Também serão disponibilizados, plano de saúde e bolsas de estudo para as jogadoras, além de um maior investimento nas categorias de base. “Pretendemos usar as meninas do Cristal (centro de treinamento que abriga a escolinha do clube) para formar os times para o sub-15 e sub-17. Onde puder, o Grêmio vai participar”, garante.
O gestor vê com bons olhos as determinações da CBF que incentivam a profissionalização. Segundo Yura, o clube não disponibiliza recursos específicos para a área, mas dá autonomia para sua gestão. “Vamos procurar patrocínios para a camiseta, para ter sustentação para fazer um trabalho digno”, promete, enquanto prevê um futuro virtuoso para a modalidade. “A CBF e a Conmebol já decidiram: o futebol feminino não para mais. E quem beber água primeiro, vai pegar água limpa”, conclui.

Capitã de respeito

{'nm_midia_inter_thumb1':'http://jornaldocomercio.com/_midias/jpg/2017/12/07/206x137/1_cd061217_gremio__51_-1694515.jpg', 'id_midia_tipo':'2', 'id_tetag_galer':'', 'id_midia':'5a29acf1a72b3', 'cd_midia':1694515, 'ds_midia_link': 'http://jornaldocomercio.com/_midias/jpg/2017/12/07/cd061217_gremio__51_-1694515.jpg', 'ds_midia': '', 'ds_midia_credi': '', 'ds_midia_titlo': '', 'cd_tetag': '1', 'cd_midia_w': '800', 'cd_midia_h': '533', 'align': 'Middle'}

Veterana Karina Balestra é artilheira do campeonato e referência para as colegas de grupo

Capitã, artilheira e líder do elenco. A atacante Karina Balestra é a referência do elenco tricolor durante todo 2017. Aos 35 anos, com passagens pela seleção brasileira e por clubes do exterior, é uma das poucas que consegue treinar por conta própria todos os dias. Além do futebol, ela se dedica a escolinha de futebol que mantém em Cachoeirinha, além de ministrar aulas funcionais voltadas para o futebol.
A atleta, que vive do futebol desde os 15 anos, começou a carreira no Rio Grande do Sul e passou três anos atuando no Swon, da Coreia do Sul. “Aqui no Brasil sempre foi difícil. Para conseguir me estabelecer financeiramente, tive que sair”, conta. Hoje, com a vida financeira já estabelecida, diz que a parte financeira não é determinante para continuar no Grêmio. “Fosse pelo dinheiro, eu já estaria fora do país. Inclusive o Inter me procurou e me ofereceu uma boa proposta. Mas me apeguei ao grupo e ao Grêmio, que nos abriu as portas e apostou na agente”, afirma Karina.
Ainda sonhando em jogar na Arena do Grêmio, a artilheira do Gauchão, com 33 gols em 11 jogos, incentiva as companheiras para a continuidade no esporte. “Esse vai ser o melhor momento para o futebol, já que a profissionalização será obrigatória”, salienta a atacante, acreditando que o Grêmio sairá vencedor do duelo decisivo. “Seria uma boa levantar a taça lá dentro (Beira-Rio)”, alfineta.
Companheira de ataque de Karina, Luana Spindler relata uma das principais características do futebol feminino: o companheirismo entre as atletas. “Jogo com a Karina há muitos anos. Ela e a Pati (treinadora) me ajudaram a ir para fora (do Brasil) e, todas as vezes que estão em algum time, me chamam e eu acabo vindo”, conta a jogadora.
Natural de Porto Alegre, Luana começou a jogar no Juventude, de Caxias do Sul. Durante dois anos, subia a Serra todos os finais de semana para atuar. Em seguida, migrou para São Paulo e passou pela Coreia do Sul, Espanha e China e está no tricolor há dois meses. Ao falar sobre a realidade do futebol feminino aponta como grande problema a comparação com a modalidade masculina. “Não queremos ser iguais (aos homens) ou que alguém veja por obrigação. A gente só quer respeito, só quer que nos aceitem”, desabafa.

Da casamata vem a confiança

{'nm_midia_inter_thumb1':'http://jornaldocomercio.com/_midias/jpg/2017/12/07/206x137/1_cd061217_gremio__159_-1694527.jpg', 'id_midia_tipo':'2', 'id_tetag_galer':'', 'id_midia':'5a29acf1a72b3', 'cd_midia':1694527, 'ds_midia_link': 'http://jornaldocomercio.com/_midias/jpg/2017/12/07/cd061217_gremio__159_-1694527.jpg', 'ds_midia': '', 'ds_midia_credi': '', 'ds_midia_titlo': '', 'cd_tetag': '1', 'cd_midia_w': '800', 'cd_midia_h': '533', 'align': 'Middle'}

Jogadoras ouvem atentamente orientações da treinadora Patrícia Gusmão

Assim como a treinadora adversária, a chefe do vestiário gremista também é uma ex-jogadora. Patrícia Gusmão foi atleta por quase 20 anos e é a atual tricampeã gaúcha como treinadora. Patrícia comanda os treinos nas quartas e sextas feiras no CT do Cristal, em Porto Alegre e aos sábados e nos domingos sem jogos no CT Hélio Dourado, em Eldorado do Sul.
A técnica aponta a falta de treinamento diário como a principal dificuldade das atletas e, assim como Luana, refuta qualquer posição de contraponto ao futebol masculino. “Não queremos competir, apenas ter estrutura para trabalhar e mostrar a qualidade das meninas”, ressalta. Patrícia não admite superioridade para a final, mas vê a equipe do Grêmio como favorita. “ Sempre vou considerar minha equipe favorita, pois conheço cada jogadora. Em uma decisão, os pequenos detalhes fazem a diferença”, argumenta.

Interior ainda respira

Clube tradicional do interior no futebol feminino, o Sport Club Black Show, de Guaíba, chegou à semifinal neste ano, quando foi eliminado pelo Inter. Mesmo assim, o presidente Nilton Santos de Athayde considera seu time o vencedor do torneio. “Na realidade, nós somos os campeões. A dupla Grenal foi obrigada pela Conmebol a ter time, e deles não tem como ganhar”, afirma.
No Black Show, a rotina é parecida com quase todas as equipes do interior: atletas amadoras, que não recebem qualquer auxílio do clube – a não ser a ajuda com o transporte. “É uma injustiça. A dupla ganha rios de dinheiro e o governo não manda uma verbinha para que os clubes consigam dar uma ajuda de custo às atletas”, lamenta o presidente do clube guaibense.
Queixa parecida vem de Lajeado. Alessandro Nunes, treinador e responsável pelo futebol feminino do Guarani, reclama da falta de apoio para tocar o projeto do clube. “A prefeitura não nos ajuda, temos que fazer rifas, vendidas pelas próprias jogadoras, e eventos para arrecadar os recursos para participar do campeonato”, relata. “Eu sonhei em ser jogador e não tive oportunidade. Agora, tentamos proporcionar a elas o que a gente não teve”, diz o treinador e dirigente, que conta com uma afilhada e uma sobrinha no elenco.
Em sua estreia no Gauchão, o Guarani surpreendeu: parou apenas nas semifinais, onde perdeu para o Grêmio, praticamente sem treinar antes das partidas. “Quase não conseguimos fazer preparação, pois boa parte das jogadoras são de cidades vizinhas e ficava difícil de reunir todas para treinar”, conta Nunes. Para o ano seguinte, ele diz esperar mais apoio dos empresários do município. “No primeiro ano o pessoal não acredita muito, mas no ano que vem queremos fazer um trabalho ainda melhor”, declara.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO