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indústria

- Publicada em 22 de Dezembro de 2017 às 15:31

Setor metalmecânico prevê alta de até 20%

Setor metalmecânico prevê um faturamento entre R$ 13 bilhões e R$ 14 bilhões, similar ao obtido em 2015

Setor metalmecânico prevê um faturamento entre R$ 13 bilhões e R$ 14 bilhões, similar ao obtido em 2015


/FREDY VIEIRA/JC
Com forte dependência do comportamento da atividade do transporte de cargas e passageiros, a indústria metalúrgica de Caxias do Sul se prepara para recuperar, no próximo ano, parte das perdas acumuladas de 2014 a 2016. Este ano já deve representar incremento na ordem de 5% sobre o passado. Para 2018, a expectativa dos diretores das maiores empresas da cidade é crescer de 10% a 20%. Confirmada esta estimativa, o setor deve ter faturamento entre R$ 13 bilhões e R$ 14 bilhões, similar ao consolidado em 2015.
Com forte dependência do comportamento da atividade do transporte de cargas e passageiros, a indústria metalúrgica de Caxias do Sul se prepara para recuperar, no próximo ano, parte das perdas acumuladas de 2014 a 2016. Este ano já deve representar incremento na ordem de 5% sobre o passado. Para 2018, a expectativa dos diretores das maiores empresas da cidade é crescer de 10% a 20%. Confirmada esta estimativa, o setor deve ter faturamento entre R$ 13 bilhões e R$ 14 bilhões, similar ao consolidado em 2015.
O presidente das Empresas Randon, David Randon, projeta crescimento de 15% a 20% no próximo ano, dependendo do tipo de produto, em linha com a visão das montadoras de caminhões. Referiu, no entanto, ser imprescindível a aprovação de reformas, como a da Previdência, para que o País tenha um desenvolvimento sustentável. "Espera-se que a classe política comece a pensar no País, e deixe de lado somente os seus interesses", cobrou.
Ponderou, no entanto, que o setor empresarial precisa fazer sua parte, em especial os fornecedores da cadeia automotiva. Segundo ele, é preciso explorar novos mercados. "Independente de tamanho, devem investir nas exportações. Os chineses são um bom exemplo: começaram copiando os japoneses, mas investiram no aprimoramento e hoje têm presença mundial, com produtos de qualidade e competitivos", exemplificou.
O CEO da Marcopolo, Francisco Gomes Neto, confirmou que a fabricante de carrocerias de ônibus tem uma boa carteira de pedidos para o primeiro trimestre do ano, o que não ocorria nos últimos anos. Acredita que todo o semestre se comporte de forma positiva nos diversos segmentos de mercado. Já o segundo, em razão das eleições, ainda é uma incógnita. Ainda assim estima alta de 10% a 15% em 2018. Já Leandro Mantovani, presidente da Keko Acessórios, de Flores da Cunha, não crê mais em avanços de 20%, como a empresa teve em anos anteriores, e projeta alta sustentável, na ordem de 3% a 4%.
O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs), Reomar Slaviero, que vislumbra crescimento de 5% neste ano, argumenta que o último trimestre tem se mostrado bem aquecido, projetando consolidação do movimento ao longo de 2018. O dirigente não acredita que o setor volte, no médio prazo, a ter vendas de R$ 24 bilhões, como as registradas no período de 2010 a 2013. Para ele, foram desempenhos anormais e artificiais em decorrência de uma política de juros muito baixos, que levaram a compras até mesmo desnecessárias.
Gomes Neto defendeu a necessidade de investimentos expressivos em inovação, produtividade e qualidade para garantir crescimento. Afirmou que a empresa intensificou ações nestas áreas e conseguiu ganhos em eficiência e redução de custos. "Com isto, aliado a estratégias comerciais fortes, retomamos mercados no exterior que havíamos perdido para concorrentes de outros países e conquistamos novos", sustentou.
O presidente da Keko assinalou que a organização sempre aportou recursos em inovação, medida que amenizou os impactos da crise. Segundo Mantovani, a Keko já tem em torno de 30% de sua receita associada a novos produtos.

Principal desafio é recompor os postos de trabalho

A crise dos últimos três anos gerou uma situação até então sem precedentes na economia de Caxias do Sul. Foram fechados em torno de 25 mil postos de trabalho, a maioria na indústria metalúrgica. O estoque geral de empregos na cidade caiu de 183 mil, em 2013, para 158 mil em dezembro passado. Neste ano, houve pequena melhora, atingindo 160 mil em outubro. A indústria em geral responde por cerca de 50% dos números.
O presidente das Empresas Randon, David Randon, alertou que, dificilmente, a cidade voltará a ter os mesmos números de empregos do passado. Até porque, de acordo com ele, volumes de produção como os de 2013 também não se repetirão no curto prazo.
Afirmou que a crise forçou a adoção de medidas para tornar as empresas mais competitivas, o que inclui maior uso da automação. "Só assim vamos ganhar produtividade e, consequentemente, competitividade para conquistar mercados no exterior", argumentou. Em função da expectativa de incremento da atividade no primeiro trimestre, o grupo abriu seleção para contratar 700 funcionários, dos quais 600 para as operações de Caxias do Sul.
Gomes Neto, da Marcopolo, salientou que, em razão da crise, a empresa reduziu o quadro em 4 mil pessoas. Neste ano já recontratou em torno de 400. Também anunciou que, neste ano, não serão feitas férias coletivas, habituais nos anteriores. Leandro Mantovani, presidente da Keko Acessórios, comentou que a empresa reduziu seu quadro de 470 para 320 funcionários, mas já iniciou as recontratações.
Segundo Reomar Slaviero, o aumento do quadro a números semelhantes aos do passado também esbarra na nova política empresarial de investir na automação, aprendizado que veio com a crise e de exemplo externo. "Precisamos aprender com os chineses, que passaram por situações piores que a nossa. Hoje eles dominam o mundo, com adoção de novos processos, produção enxuta, estruturas industriais menores e menos funcionários", indicou.
Outra marca da crise é o fechamento de aproximadamente 500 indústrias do segmento. A maioria de micro e pequeno porte, surgidas a partir de 2014, quando foi registrado o maior número de criação de empresas. "Não há dados concretos sobre os segmentos que mais sofreram com o fechamento de empresas, mas em todas as áreas da atividade metalúrgica tivemos a dissolução de negócios", lamentou.

Produção automotiva vem perdendo participação

A atividade metalmecânica aumentou, nos últimos sete anos, em 10 pontos, para 22%, a sua participação no faturamento total da indústria metalúrgica de Caxias do Sul. No segmento estão representadas, principalmente as empresas fabricantes de máquinas e de cutelaria, estas com quase nenhuma dependência de financiamentos para a venda de produtos.
Situação oposta da atividade automotiva pesada, que depende de recursos públicos, em especial do Bndes. "O subsídio honesto e aplicado na produção é importante para incentivar o setor de bens de capital", defendeu Reomar Slaviero, presidente Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs), Na contramão segue a atividade automotiva, que perdeu oito pontos, caindo de 78% para 70%. Também a eletroeletrônica, forte dependente da automotiva, teve baixa de um ponto, para 8%.