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Perspectivas 2018

- Publicada em 18 de Dezembro de 2017 às 16:11

Corrida ao Planalto será 'briga de cachorro grande'

Viabilidade da candidatura de Lula é a maior incógnita, diz cientista político

Viabilidade da candidatura de Lula é a maior incógnita, diz cientista político


MARCO QUINTANA/JC
Lívia Araújo
A disputa pelo Palácio do Planalto, por mais fragmentada que possa parecer, ainda deve reproduzir o padrão que se estabeleceu desde 1994, quando o tucano Fernando Henrique Cardoso venceu as eleições pela primeira vez: uma polarização entre duas forças principais e a influência de uma terceira, acredita o cientista político Paulo Sérgio Peres, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. "(A eleição de) 2018 vai ser ainda uma 'briga de cachorro grande' e dos partidos tradicionais", projeta.
A disputa pelo Palácio do Planalto, por mais fragmentada que possa parecer, ainda deve reproduzir o padrão que se estabeleceu desde 1994, quando o tucano Fernando Henrique Cardoso venceu as eleições pela primeira vez: uma polarização entre duas forças principais e a influência de uma terceira, acredita o cientista político Paulo Sérgio Peres, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. "(A eleição de) 2018 vai ser ainda uma 'briga de cachorro grande' e dos partidos tradicionais", projeta.
"O que é a incógnita, agora, é que forças serão essas. O PT, se não conseguir emplacar a candidatura do (ex-presidente Luiz Inácio) Lula (da Silva), realmente deixará um vazio, porque o PT concorrerá com alguém, mas quem?", questiona Peres, já colocando em dúvida a capacidade de Fernando Haddad (ex-prefeito de São Paulo) de angariar votos, e desacreditando que a sigla lance mão de alternativas como uma dobradinha com Ciro Gomes (PDT), tendo-o como cabeça de chapa.
"O PDSB será uma força", crê, mesmo que a candidatura de Geraldo Alckmin ganhe, a seu ver, por "W.O." diante de outras possibilidades que perderam força no PSDB, como o prefeito de São Paulo, João Doria, e o senador Aécio Neves, combalido após o flagrante de pedido de propina revelado pelo dono da JBS, Joesley Batista.
É esse "esvaziamento" do PSDB, enfraquecido sobretudo pelas disputas internas, que permitiu que a novidade de 2018 seja a candidatura do deputado de extrema-direita Jair Bolsonaro (PSC), na visão de Peres. No entanto, o cientista político pondera a possibilidade de que, por maior que seja o apelo dele sobre o eleitorado conservador, Bolsonaro sequer saia candidato.
"Ele tem uma condenação na primeira instância (denunciado por apologia ao estupro) e, se isso for confirmado (em segunda instância), ele poderia, em princípio, ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa", considera Peres. Ademais, sustenta o acadêmico, "se ele for candidato à presidência, ele não poderá ser candidato a deputado, que teria a eleição garantida. Ele tem cálculos a fazer". Para Peres, a vitória é incerta diante da estrutura pequena do PEN (que pretende mudar o nome para Patriotas) - partido nanico ao qual Bolsonaro ainda não se filiou -, que contaria com pouquíssimo tempo de televisão e capacidade reduzida de montar alianças.
No caso de Marina Silva (Rede), ainda que a ex-ministra do governo Lula tenha alcançado votos na casa dos 20 milhões nos pleitos de 2014 e 2010, "esse é o teto dela", na opinião do cientista político. "Ela é uma candidata meio estranha, para um público de esquerda que poderia votar nela por pautas ambientalistas, mas que se preocupa com sua postura religiosa demais." E Ciro Gomes, acredita Peres, ainda que tenha alardeado a intenção de rever questões como a da reforma trabalhista e queira preencher a lacuna que pode ser deixada por Lula a partir do julgamento do recurso contra sua condenação no âmbito da Lava Jato, pode não "ter força para rever tudo isso caso seja eleito, o que é uma possibilidade remota".
Outras candidaturas à direita, centro-direita e oriundas do mercado financeiro e empresarial, como a do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes), Paulo Rabello de Castro (PSC), do empresário João Amoêdo (Novo) ou do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), "não têm a menor chance".
No caso de Meirelles, "ele tem chance como alguém que influencia nos bastidores por causa dos contatos no mundo empresarial e do dinheiro, que é importante na campanha de diversas maneiras. Mas ele não tem chance eleitoral, não tem carisma, não tem nada", vaticina.
A maior incógnita é, segundo Peres, a viabilidade da candidatura e uma eventual vitória de Lula. Ele enxerga a entrada do petista na disputa como "estratégia de defesa". "Colocar-se como candidato torna mais factível o discurso de perseguição política para que ele não seja candidato", analisa. E, por outro lado, "o PT acabou tendo de encampar essa estratégia por também não ter uma alternativa ao nome de Lula", pondera. Uma eventual vitória do petista, na análise de Peres, pode agravar o clima de tensão política e ebulição social que vem crescendo nos últimos anos. "Sua reeleição poderia significar a retomada de um pacto social mais amplo", considera, "mas, no pior cenário, ele sequer vai conseguir governar, porque há uma oposição e um ódio ao PT e a que Lula volte ao poder, o que grande parte da população não quer", conclui.
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