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Economia

- Publicada em 30 de Dezembro de 2017 às 15:38

Bolsas globais têm o melhor desempenho da história

No Brasil, o Ibovespa atingiu, em outubro, seu maior patamar nominal

No Brasil, o Ibovespa atingiu, em outubro, seu maior patamar nominal


NELSON ALMEIDA/AFP/JC
As Bolsas globais nunca subiram tanto como neste ano, aproveitando o bom momento da economia global e o dinheiro barato de bancos centrais dos países ricos e deixando de lado turbulências como as ameaças protecionistas do americano Donald Trump, o temor de um ataque nuclear pela Coreia do Norte e o calote da Venezuela.
As Bolsas globais nunca subiram tanto como neste ano, aproveitando o bom momento da economia global e o dinheiro barato de bancos centrais dos países ricos e deixando de lado turbulências como as ameaças protecionistas do americano Donald Trump, o temor de um ataque nuclear pela Coreia do Norte e o calote da Venezuela.
O índice de ações da Bloomberg, que reúne dados de 96 Bolsas de Valores, teve valorização (em dólar) de 64,1% no ano. Como comparação, o segundo melhor desempenho foi registrado em 2003, quando o indicador avançou 53,1% -na época, eram 87 mercados considerados.
Não é só. O índice MSCI World Index, que reúne ações de empresas de 23 países, subiu nos 12 meses deste ano, algo que nunca havia acontecido na sua história -ele foi criado em 1988.
No Brasil, o Ibovespa (principal índice da Bolsa) atingiu, em outubro, seu maior patamar nominal (76.989 pontos) e acumulou valorização de 24,7% em dólar. Nos EUA, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq também bateram recordes sucessivos no ano.
Uma parte dessa história se deve ao desempenho do PIB mundial. A economia global deve ter neste ano o seu melhor desempenho desde 2010. Os EUA estão no seu melhor momento em três anos, e a China (a segunda economia do mundo) está em um ritmo de crescimento de 6,9% nos nove primeiros meses do ano, superior à meta do governo (cerca de 6,5%).
Esse cenário tem favorecido as multinacionais, que vem mostrando resultados melhores e estão sendo premiadas com a valorização de suas ações na Bolsa.
"O ano de 2017 serviu para consolidar algumas políticas econômicas que começaram na crise de 2008. Quando a gente lida com economia, sempre parte do pressuposto que é um verdadeiro transatlântico, demora", afirma Raphael Figueredo, sócio-analista da Eleven Financial.
"O pleno emprego voltou aos EUA, PIB e atividade econômica estão fortes, Europa volta aos poucos aos trilhos. Houve uma convergência total de fatores e uma trajetória de crescimento da economia global, e a resposta prática a isso são as commodities."
A forte alta das Bolsas está ancorada em um ambiente de excesso de dinheiro em circulação nos mercados após anos de política monetária expansionista promovida pelos principais bancos centrais do mundo em uma tentativa de conter os efeitos da crise financeira de 2008.
Além de compras trilionárias de ativos, bancos centrais como o americano e o da zona do euro têm mantido taxas de juros ainda muito baixas (caso dos Estados Unidos, apesar dos aumentos neste ano) ou até negativas (exemplo da Europa, do Japão e da Suíça).
"O incentivo para comprar ações e fazer as Bolsas subirem é alto. As empresas também têm incentivo grande para emitir dívida e recomprar suas ações", afirma Marcelo López, gestor de recursos na L2 Capital Partners.
López vê riscos gerados por esse excesso de dinheiro em circulação. "A liquidez criada é absurda. A dívida que o mundo tem hoje é muito maior que a de 2008."
Ele não é o único que está preocupado. Richard Thaler, Nobel de Economia neste ano, afirmou em entrevista recente que não entende o que está acontecendo nos mercados globais.
"Parece que estamos vivendo no momento mais arriscado de nossas vidas, e ainda assim o mercado de ações parece estar cochilando", afirmou o economista. "Nada parece assustá-lo", disse à agência Bloomberg.
O aumento de juros nos Estados Unidos e a mudança na política monetária na zona do euro podem reduzir o fluxo de recursos que impulsionou as Bolsas em 2017, e é possível que os mercados passem por uma correção nos próximos meses, segundo Marcelo López, gestor de recursos na L2 Capital Partners.
"Os mercados acionários estão muito esticados e hoje o pessoal que está na Bolsa tem medo de sair e perder performance", afirma. "Estamos vendo o princípio de uma bolha, por causa do alto nível de endividamento dos países e das famílias."
Em setembro, o grupo Allianz publicou um relatório que mostrava que a riqueza global cresceu 7,1% em 2016 na comparação com o ano anterior, para um recorde de ? 169,2 trilhões. Por outro lado, o endividamento aumentou 5,5% e atingiu o maior patamar desde 2007.
O estudo mostra que o crescimento do endividamento acelerou notadamente após 2013. Baixas taxas de juros, continua o relatório, tornam o crédito mais atrativo, o que pode ter aumentado as concessões de empréstimos.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o endividamento das famílias cresceu a um ritmo médio de 2,3% ao ano entre 2006 e 2016.
Arne Holzhausen, responsável por seguros e mercados desenvolvidos da equipe de pesquisa do grupo Allianz, vê riscos ao atual cenário econômico, embora com um grau menor de cautela.
"A recuperação global ampla é um forte condutor para crescimento de ativos. A política monetária ainda dá sustentação e, embora alguns cantos dos mercados financeiros pareçam um pouco espumosos, nós, no geral, não estamos em um terreno de bolha", diz.
Folhapress
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