Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

mercado financeiro

- Publicada em 25 de Dezembro de 2017 às 22:10

Abertura de capital é tendência


FREEPIK.COM/DIVULGAÇÃO/JC
No ano em que as Ofertas Iniciais de Ações (IPO, na sigla em inglês) podem chegar a R$ 15 bilhões, superando de longe 2007, 40 novas empresas abriram capital na bolsa de valores. A questão que se impõe ao investidor é se vale a pena ou não apostar as economias em papéis de uma empresa ainda sem histórico no mercado de capitais. Para os especialistas, acreditar no potencial de uma novata pode ser um bom negócio, mas desde que se tenha uma estratégia definida para evitar frustração ou riscos desnecessários.
No ano em que as Ofertas Iniciais de Ações (IPO, na sigla em inglês) podem chegar a R$ 15 bilhões, superando de longe 2007, 40 novas empresas abriram capital na bolsa de valores. A questão que se impõe ao investidor é se vale a pena ou não apostar as economias em papéis de uma empresa ainda sem histórico no mercado de capitais. Para os especialistas, acreditar no potencial de uma novata pode ser um bom negócio, mas desde que se tenha uma estratégia definida para evitar frustração ou riscos desnecessários.
Segundo um levantamento feito pela Economática, as empresas que fizeram IPO de 2004 a 2017 tiveram um retorno médio de 17% no acumulado até 30 de novembro deste ano. No mesmo período, o Ibovespa apresentou retorno de 8,4% e o CDI, de 8,9%, segundo dados consolidados pelo professor de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) Joelson Sampaio. "É bom ficar de olho nas empresas que fizeram IPO como investimento. Mas é importante também lembrar que estamos falando de uma cesta de ativos, então nesse grupo temos companhias com retornos bons e ruins", alerta Sampaio.
Para encontrar a melhor opção de investimento em IPOs, o economista recomenda buscar informações sobre o histórico da empresa e do setor no qual ela atua. "Se a empresa é nova e atua em um setor ainda em consolidação, o risco é maior e a indicação é esperar", explica Sampaio.
A mesma recomendação é feita por especialistas da XP Investimentos, Nova Futura Corretora, Ourinvest e Planejar: para empresas consolidadas, o risco tende a ser menor e, portanto, os papéis são mais indicados. "A vantagem de apostar em uma empresa nova é que, se ela for bem-sucedida, você terá um retorno grande", afirma o planejador financeiro pela Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar), Michael Viriato.
O economista-chefe da Nova Futura Corretora, Pedro Paulo Silveira, também vê com bons olhos a compra de ações em IPOs, mas ressalta: "Desde que o investidor saiba o que está fazendo e conheça a proposta de valor da empresa". Um IPO que promete movimentar o mês de dezembro é o do Burger King. Segundo Silveira, o investimento mínimo para comprar as ações é de R$ 3 mil e, no máximo, R$ 1 milhão.
O melhor momento para entrar ou sair - dúvida comum para quem não é investidor habitual de renda variável - não deve ser considerado como o principal ponto da estratégia. Para especialista, antes de qualquer coisa, o investidor precisa definir o retorno esperado. Mauro Calil, da Ouroinvest, diz que há investidores que buscam 20% de retorno e, quando isso acontece, eles vendem a ação.
Outro tipo de investidor é o que faz o "flipping", quando a ação é vendida no primeiro dia de negociação. "O investidor que faz isso tem ganhos de 3% a 5% num dia, para alguém mais agressivo e que olha o curto prazo, é uma possibilidade", explica Calil.
Mas, para Silveira, a prática de flipping, que já deu retornos altos em anos anteriores, não é mais vantajosa. "Eu não recomendo o flipping, porque a tendência de uma empresa ao fazer IPO é apresentar resultados melhores ao longo do tempo", justifica. Ele sugere que o investidor fique pelo menos seis meses com a ação em carteira.
O sócio de mercado de capitais da XP Investimentos Bruno Constantino destaca que alguns estudos difundidos no mercado indicam que o investimento de médio prazo na renda variável apresenta resultados melhores. "Empresas de sucesso têm um retorno, em geral, muito bom para quem carregou o papel (desde o IPO)."

Lançamentos podem se concentrar no primeiro semestre

Clark acredita que a janela 
se situe entre maio e junho

Clark acredita que a janela se situe entre maio e junho


/PWC/DIVULGAÇÃO/JC
As incertezas provocadas pelas eleições de 2018 devem levar as empresas que quiserem lançar ações na bolsa a concentrar as ofertas no primeiro semestre, a fim de evitar que uma eventual volatilidade no mercado acionário contamine o preço de seus papéis e afugente investidores. O desafio das empresas será tentar enxergar alguma definição em uma disputa eleitoral que pode se tornar polarizada entre um candidato reformista e um nome contrário à agenda pró-mercado do atual governo.
"No semestre de eleição, é natural uma desaceleração ou pausa enquanto não houver definição de cenário e de políticas econômicas do novo governo. Se houver essa clareza, o mercado vai retomar", diz Vanessa Fiusa, sócia da área de mercado de capitais do escritório Mattos Filho.
Para Ivan Clark, sócio de mercado de capitais da consultoria PwC, a janela de lançamentos deve se situar entre maio e junho. "Depois disso, vai fechar. A bolsa vai ter um ano positivo, mas a grande dúvida são as eleições. E qualquer dúvida gera incerteza e prejudica demais o mercado de capitais", afirma.
A vitória de um candidato contrário à agenda reformista não significa, porém, que as empresas vão represar o lançamento das ações pelos quatro anos que durar o novo governo, diz Sergio Fogolin, sócio da área societária do escritório Siqueira Castro. "Se tiver alguma janela de abertura e as empresas que estiverem aptas virem, elas vão encarar o novo governo, dentro das premissas de mercado, com uma precificação mais alinhada ao cenário."
Mesmo com a instabilidade política, o Brasil ainda é um dos emergentes com maior potencial de atrair investidores, diz Joel Roberto, responsável pela área de investment banking para América Latina do Deutsche Bank. "O universo dos emergentes encolheu nos últimos anos. Rússia e Turquia ficaram mais difíceis de investir por vários motivos. O interesse do estrangeiro vai continuar."
A oferta da BR Distribuidora servirá como termômetro do apetite do investidor estrangeiro por ativos brasileiros, na avaliação de Raphael Figueredo, sócio-analista da Eleven Financial.
 

BR entra na mira dos pequenos investidores

Força da marca BR, espalhada em postos de combustíveis no País, deve atrair pessoas físicas

Força da marca BR, espalhada em postos de combustíveis no País, deve atrair pessoas físicas


MARCIO ROBERTO DIAS/AGÊNCIA PETROBRAS/JC
Em meio à retomada das Ofertas Públicas Iniciais de Ações (IPO, na sigla em inglês), a BR Distribuidora se perfila como uma das operações com maior poder de atrair o pequeno investidor. A expectativa é que os papéis da maior subsidiária da Petrobras comecem a ser negociados em bolsa a partir do dia 13, em operação que pode chegar a R$ 7,5 bilhões.
Se confirmada a estimativa, deve ser a segunda maior oferta inicial de ações na bolsa brasileira desde abril de 2013, quando a BB Seguridade - braço de seguros do Banco do Brasil (BB) - levantou quase R$ 11,5 bilhões. A força da marca BR, espalhada em postos de combustíveis no País, deve atrair pessoas físicas que deixaram a bolsa nos últimos anos, diz Joel Roberto, responsável pela área de investment banking para América Latina do Deutsche Bank. "Em casos em que a marca é bem conhecida pelo consumidor ou em que a oferta dá condições especiais para o varejo, pode ter mais participação da pessoa física."
A recomendação de especialista é sempre ter cuidado extra no mercado acionário, zelo que deve ser redobrado nas ofertas iniciais de ações. O preço dos papéis é um dos pontos a serem levados em conta. Das oito ofertadas do ano até agora, cinco saíram no piso inferior da faixa de preços ou abaixo dela. "Não dá para saber se estamos vendendo barato ou se a oferta não está sendo colocada adequadamente", diz Ivan Clark, sócio e líder de mercado de capitais da consultoria PwC.
No caso da subsidiária da Petrobras, há ainda preocupações adicionais. A estatal colocará à venda de 25% a 33,75% do capital da BR. "O ativo é bom, o preço está com desconto, mas há risco. A Petrobras não vai sair de lá, vai continuar controlando. No ano que vem, tem eleição. E se entrar um populista e usar a estatal com fins políticos? Esse desconto foi suficiente?", questiona, por sua vez, Andrea Minardi, professora de finanças do Insper. Por outro lado, a vitória de um nome que agrade ao mercado poderia valorizar os papéis.
Antes de comprar os papéis, a orientação é que o investidor leia o prospecto da oferta, para avaliar bem os riscos que a empresa enfrenta - desdobramentos da Lava Jato estão entre eles.

'Político não é uma criação de última hora', diz presidente da Vale

Schvartsman diz que empresários precisam participar dos debates

Schvartsman diz que empresários precisam participar dos debates


/AGÊNCIA VALE/DIVULGAÇÃO/JC
À frente da Vale desde maio deste ano, o executivo Fabio Schvartsman vê o ano de 2018 mais volátil para o mercado financeiro por causa das eleições, mas acredita que o governo Michel Temer criou, nos últimos meses, uma composição sustentável para a melhora do ambiente econômico. 
Em um ano marcado pela eleição, é possível pensar no prosseguimento da agenda de reformas do governo?
Fabio Schvartsman - O governo está fazendo uma força muito grande para viabilizar, de alguma maneira, a reforma da Previdência, que é da maior importância e tem a ver com a sustentabilidade das condições econômicas para o futuro. Talvez não tenha a ver especificamente com o ano de 2018, que acho que está dado, com a redução de taxas de juros e a recuperação da recessão forte que tivemos. De 2019 em diante, passamos a depender das demais variáveis macroeconômicas.
A Vale, ao lado da Petrobras, lidera os investimentos nos próximos anos. O que falta para outras empresas retomarem os investimentos?
Schvartsman - Confiança na estabilidade do cenário político e econômico. Se as reformas não forem feitas, o desequilíbrio fiscal vai acabar levando, em algum momento, à inflação, novamente à desvalorização da moeda e consequentemente ao aumento de juros e à redução dos investimentos pelas empresas. Então a única maneira de fazer com que as empresas invistam é apresentar um cenário que tenha um grau de estabilidade.
Então 2018 vai ser um ano morto diante das incertezas em relação às eleições?
Schvartsman - Não morto, mas morno. Alguns investimentos vão se realizar, sim, por causa da redução das taxas de juros. É inevitável que o mercado imobiliário se reaqueça. Algumas coisas vão acontecer naturalmente, o consumo vai aumentar. Com o aumento do emprego e da renda, a economia funciona um pouco melhor.
É preciso alguém de fora da política para conduzir essas mudanças?
Schvartsman - Ainda é cedo para falar. As pesquisas, hoje em dia, não significam nada. Gostando ou não, os programas eleitorais da TV têm impacto muito grande para onde os eleitores se inclinarão. Como tudo na vida, profissionalismo é importante. Um político tem de saber o que está fazendo. Não pode ser uma criação de última hora. Acredito em carreira, na qual as pessoas aprendem ao longo de sua vida e que, consequentemente, não leve a uma eleição de "outsiders". Mas é importante que haja renovação.
O senhor acredita que as lideranças empresariais têm de ser vocais no período de eleição?
Schvartsman - Tem de haver debate público, e os empresários têm obrigação de participar. Gostaria muito que as lideranças brasileiras falassem mais a respeito dessas questões. Especialmente porque é essa ausência de manifestação que tem ajudado para que o quadro econômico e político tenha sido tão ruim nos últimos anos. Um exemplo é o pré-sal. Foi discutido num momento de euforia. No Brasil, não houve debate. Simplesmente foi feito por uma vontade da liderança da ocasião.
O mercado financeiro diz que um populista não fará bem à economia. O senhor concorda?
Schvartsman - Um governo populista nunca faz bem para nenhuma economia. Não é agora, não é neste momento particular. Populismo é sempre fogo de palha: produz um benefício num primeiro momento, e a conta vem depois. O problema é que, geralmente, as pessoas que deram os benefícios não são as mesmas que sofrem as consequências no fim dele.