A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira, por 39 votos a 26, o parecer que rejeita a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer (PMDB). O discurso contra o peemedebista predominou no início do debate sobre o caso. O ponto em discussão era o parecer do relator, deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que recomendou a rejeição do prosseguimento.
A CCJ é o primeiro passo da tramitação da denúncia em que Temer é acusado de integrar uma organização criminosa e obstruir as investigações. A palavra final cabe ao plenário da casa, porém. Essa votação deve ocorrer na semana que vem (na primeira denúncia, o placar foi de 263 votos a 227 para barrar o prosseguimento). Para que o Supremo Tribunal Federal seja autorizado a analisar a denúncia, é preciso o apoio de pelo menos 342 dos 513 deputados.
Temer e os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, ambos do PMDB, são acusados de integrar uma organização criminosa que teria recebido ao menos R$ 587 milhões de propina.
Essa parte da denúncia, apresentada em setembro pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, resulta de uma investigação sobre o suposto "quadrilhão do PMDB da Câmara". Relatório da Polícia Federal já havia indicado que Temer utilizava terceiros para executar tarefas sob seu controle.
O presidente também é acusado de obstruir a Justiça. Essa denúncia refere-se ao suposto aval dado pelo presidente para que a JBS comprasse o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O empresário Joesley Batista, da JBS, gravou uma conversa com Temer na noite de 7 de março na garagem do Palácio do Jaburu. Segundo Rodrigo Janot, o presidente concordou quando Joesley contou que estava pagando a Cunha e Funaro para que eles não contassem o que sabem sobre os esquemas ilícitos.