A Polícia Federal (PF) indiciou os irmãos Joesley e Wesley Batista, sócios do grupo JBS, pela suposta prática dos crimes de manipulação de mercado e uso indevido de informação privilegiada em operações de venda e compra de ações e contratos com dólar.
O indiciamento ocorreu no inquérito que levou à decretação das prisões preventivas dos empresários, no dia 13 de setembro, após decisão da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo. As detenções integraram a segunda fase da Operação Tendão de Aquiles, que investiga, desde junho, se eles se beneficiaram do acordo de delação premiada que assinaram com a Procuradoria-Geral da República (PGR), para lucrar no mercado financeiro, fazendo reservas.
A prática, no mercado, é apelidada de "insider trading". Documentos apresentados pela JBS à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) mostram que pessoas ligadas aos irmãos Batista venderam R$ 200 milhões em ações da empresa alguns dias antes da divulgação do acordo com a PGR, em 17 de maio. O suposto crime na CVM não foi relatado pelos executivos da JBS no acordo de colaboração premiada.
Os empresários prestaram depoimento em julho e negaram que tenham manipulado o mercado.
Segundo a PF, as investigações se dividem em dois pontos. O primeiro é a ordem de venda pela FB Participações, controladora do grupo, de R$ 200 milhões em ações da JBS entre 24 de abril e 17 de maio. Na ocasião, os papéis estavam em alta no mercado. O segundo evento é a "intensa compra de contratos de derivativos de dólares" entre 28 de abril e 17 de maio pela JBS, acima da movimentação usual da empresa. Foram quase US$ 3 bilhões, segundo o MPF.
O grupo lucrou US$ 100 milhões após 17 de maio, de acordo com a investigação.