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Energia

- Publicada em 25 de Setembro de 2017 às 21:36

Governo confirma permanência do horário de verão

As pessoas devem adiantar o relógio em uma hora no dia 15 de outubro

As pessoas devem adiantar o relógio em uma hora no dia 15 de outubro


MARCELO G. RIBEIRO/JC
A acirrada discussão que já começava a surgir em redes sociais e rodas de conversa sobre a manutenção ou não do horário de verão acabou ontem. O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, confirmou nesta segunda-feira que a medida será mantida neste ano. Nas regiões que serão abrangidas, os relógios deverão ser adiantados em uma hora a partir do dia 15 de outubro até o dia 17 de fevereiro de 2018.
A acirrada discussão que já começava a surgir em redes sociais e rodas de conversa sobre a manutenção ou não do horário de verão acabou ontem. O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, confirmou nesta segunda-feira que a medida será mantida neste ano. Nas regiões que serão abrangidas, os relógios deverão ser adiantados em uma hora a partir do dia 15 de outubro até o dia 17 de fevereiro de 2018.
Na semana passada, depois de reforçar que estudos apontam que o horário de verão não implica grande economia de energia, o governo sinalizou a possibilidade de realizar uma enquete com a sociedade para debater o encerramento ou a continuidade da medida. Porém, nessa segunda-feira, Coelho Filho informou que não haveria tempo hábil para consultar à população e tomar uma decisão válida para agora. A perspectiva é que essa sondagem seja realizada mais adiante, com mais prazo para organizar a sociedade. "Vamos fazer esse levantamento e, dependendo de como for a reação, avaliamos isso mais para frente", afirma o ministro.
Em sua última edição, a medida possibilitou uma redução média de 4,5% na demanda por energia no horário de pico e de 0,5% no consumo, nos estados que participam do horário de verão, o que equivale aproximadamente ao consumo mensal de energia de Brasília, com 2,8 milhões de habitantes. Enquanto o consumo é o uso da energia por um determinado período de tempo mais longo, uma hora ou um mês, por exemplo, a demanda é o consumo em um determinado instante e o seu pico é quando a energia está sendo mais utilizada. A estimativa de economia foi de cerca de R$ 160 milhões, o que representa o custo evitado em despacho de usinas térmicas, para atendimento à ponta de carga no período de vigência.
O horário de verão vigorará no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal. A medida é mais eficaz nas regiões mais distantes da linha do Equador, onde há uma diferença mais significativa na luminosidade do dia entre o verão e o inverno. Por isso, os estados do Norte e Nordeste ficam de fora da mudança da hora.
O presidente do Grupo CEEE, Paulo de Tarso Pinheiro Machado, reconhece os resultados do horário de verão para o País, inclusive para o Estado. De acordo com dados da companhia, os indicadores do horário de verão têm se mantido relativamente estáveis no Rio Grande do Sul. A redução da demanda de energia elétrica no horário de pico noturno no Estado no verão de 2016/2017 foi de 5,1%, contra 4,3% em 2015/2016, 5% em 2014/2015 e 4,9% em 2013/2014. A perspectiva de diminuição de consumo de energia para os gaúchos em função do melhor aproveitamento da luz solar foi de 0,7% em 2016/2017 e de 0,6% em 2015/2016.
Pinheiro Machado considera importante a economia obtida. O dirigente exemplifica que, no caso do Rio Grande do Sul, a ação representa retirar o consumo equivalente ao de um município com cerca de 40 mil habitantes, ou seja, seria como se não fosse preciso fornecer energia para uma cidade como Charqueadas durante toda a vigência do horário de verão. O presidente do Grupo CEEE defende que a manutenção ou não da iniciativa precisa ser uma decisão de gestão, baseada em indicadores técnicos.
Entre as regiões que adotam o horário de verão podem ser citadas a União Europeia, a maior parte das nações que formavam a antiga União Soviética, a América do Norte (Canadá, Estados Unidos e México), entre outros.

Adaptação pode levar de uma a duas semanas, dizem especialistas em sono

Mudança tem impacto no sono, pois acordar mais cedo (pelo sol) não implica dormir antes

Mudança tem impacto no sono, pois acordar mais cedo (pelo sol) não implica dormir antes


CLAITON DORNELLES/JC
Mesmo contando com apoiadores e críticos, um impacto que praticamente atinge a toda população com a implantação do horário de verão é a necessidade de um tempo para as pessoas se adequarem. Conforme especialistas, esse período pode variar de uma a duas semanas.
O psiquiatra do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul da Pucrs, Pedro Antônio Schmidt do Prado Lima, comenta que a realização do horário de verão acaba por mudar um pouco o dia a dia dos indivíduos. "Somos muito adaptados ao ciclo solar e, no momento que muda o horário, tem que haver um reajuste do relógio biológico", argumenta. O psiquiatra compara a situação a uma viagem em que há uma alteração de fuso horário. Lima argumenta que os maiores reflexos no comportamento é quando sucede o contrário, ou seja, a redução da duração da luz solar no dia. Isso pode afetar psicologicamente as pessoas, principalmente, alguém que sofre com depressão.
O especialista em sono e neurologista do Hospital São José do complexo Santa Casa, Fernando Gustavo Stelzer, também compara a situação a uma viagem com fuso horário, com o chamado "jet lag". Com a maior luminosidade nos dias, o médico detalha que muita gente começa a espontaneamente a acordar mais cedo. Contudo, o neurologista acrescenta que várias pessoas conseguem levantar antes do normal, mas não conseguem dormir mais cedo. Esse cenário pode gerar problemas de sono, mau humor e dificuldade de concentração, até se adaptar.
Stelzer recomenda que para fazer uma transição mais tranquila a pessoa fique mais exposta à luz solar, especialmente pela manhã. Atividade física e evitar tomar bebidas estimulantes antes de dormir, como cafés e energéticos, que possam espantar o sono, também ajudam. O médico adverte que pessoas mais idosas, normalmente, preferem dormir e levantar mais cedo e apresentam um sistema nervoso menos flexível, com mais dificuldades para assimilar a mudança.

CEEE diz que o Estado está em situação confortável quanto ao fornecimento

Se não existem mais dúvidas quanto à realização do horário de verão 2017/2018, a questão agora é como será a qualidade do abastecimento de energia durante essa estação. O presidente do Grupo CEEE, Paulo de Tarso Pinheiro Machado, frisa que, segundo relatório do Operador Nacional do Sistema (ONS) Elétrico, o Rio Grande do Sul encontra-se hoje em uma situação confortável, em especial a Região Metropolitana de Porto Alegre. Devido a recentes obras, essa área fortaleceu sua rede de energia.
O coordenador do grupo temático de energia da Fiergs, Edilson Deitos, recorda que no verão os picos de energia no Estado são registrados entre meio-dia e 15h. Conforme o dirigente, esse cenário deve-se às altas temperaturas e ao "novo vilão" do consumo, que é o ar-condicionado. "No passado, tínhamos o chuveiro e hoje é o ar-condicionado que mais puxa o consumo de energia elétrica", destaca.
Sobre o horário de verão, o empresário acrescenta que sem a iniciativa a perspectiva seria de um maior acionamento das termelétricas, que implicam um maior impacto ambiental. Deitos também salienta que, como gestor, toda economia é bem-vinda, mesmo que pequena. O empresário destaca ainda que o comércio, bares e restaurantes têm mais movimento com o horário de verão.

A origem do Horário de Verão


FREEPIK.COM/NIKITABUIDA/DIVULGAÇÃO/JC
Não existe um consenso sobre a origem do horário de verão, mas alguns estudos afirmam que a primeira pessoa a propor sua adoção foi Benjamim Franklin, em 1784, nos Estados Unidos, quando percebeu que o sol nascia antes das pessoas se levantarem, durante alguns meses do ano. Ele pensou, então, que se os relógios fossem adiantados em uma hora, naquele período, poderiam aproveitar melhor a luz do dia, ao entardecer, e economizar velas, já que naquele tempo ainda não existia luz elétrica.
No Brasil, a iniciativa foi instituída pela primeira vez no verão de 1931/1932, pelo então presidente Getúlio Vargas. Sua versão de estreia durou quase meio ano, vigorando de 3 de outubro de 1931 até 31 de março de 1932. No verão seguinte, foi reeditada a medida com o mesmo tempo de duração. Posteriormente, a adoção da medida foi retomada em períodos não consecutivos, nos anos de 1949 até 1953, de 1963 até 1968, e nos tempos atuais a partir de 1985. O período de vigência é variável, mas em média a duração da aplicação da medida no Brasil tem sido de 120 dias, nos últimos 20 anos.
Fonte: Ministério de Minas e Energia