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Mobilidade

- Publicada em 06 de Setembro de 2017 às 16:16

Para 12% dos brasileiros, o transporte urbano é problema

Pelo menos 38% dos usuários trocaram o serviço de ônibus pelo carro

Pelo menos 38% dos usuários trocaram o serviço de ônibus pelo carro


/MARCELO G. RIBEIRO/JC
O transporte público é o quarto maior problema das cidades para 12,4% da população de 319 municípios brasileiros, ficando atrás apenas da violência e segurança, da saúde e do desemprego, de acordo com pesquisa sobre mobilidade urbana nas grandes cidades, divulgado no Seminário Nacional NTU 2017 & Transpúblico, que tem como tema Qualidade no transporte público: uma demanda social. De acordo com os dados, 61,1% das pessoas dizem que o poder público é o responsável pela melhoria do transporte público.
O transporte público é o quarto maior problema das cidades para 12,4% da população de 319 municípios brasileiros, ficando atrás apenas da violência e segurança, da saúde e do desemprego, de acordo com pesquisa sobre mobilidade urbana nas grandes cidades, divulgado no Seminário Nacional NTU 2017 & Transpúblico, que tem como tema Qualidade no transporte público: uma demanda social. De acordo com os dados, 61,1% das pessoas dizem que o poder público é o responsável pela melhoria do transporte público.
Segundo a pesquisa, realizada pela Associação Nacional de Transportes Urbanos (NTU) e pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), 59% dos entrevistados se deslocam todo dia, e 53,3% para ir ao trabalho, dos quais 45,2% fazem isso de ônibus. O estudo mostra que 38% deixaram de utilizar o ônibus e que 35,85% passaram a usar o carro. Entretanto 62,6% estariam dispostos a voltar a se deslocar de ônibus caso as tarifas fossem mais baixas e houvesse mais rapidez e opções para a volta.
Quando questionados sobre a gratuidade das tarifas, 53,3% disseram não ter acesso à prioridade, e entre aqueles que têm, 47,4% consideram a medida boa. Com relação à gratuidade, 50,9% sabem que o custo recai sobre os outros usuários, e 86,9% concordam com o benefício. De acordo com o presidente da NTU, Otávio Cunha, a pesquisa mostra que as redes de transporte urbano não estão atendendo às necessidades de deslocamento da população e precisam ser melhoradas com investimentos em infraestrutura e com prioridade para o transporte público.
"As faixas seletivas, por exemplo, são um investimento barato. Não é só fazer a faixa e requalificar o serviço convencional. É colocar uma faixa para dar velocidade, reduzir os tempos de viagem, fazer pontos de parada mais civilizados e dar confiabilidade na viagem", afirmou.
Segundo Cunha, muitas cidades estão fazendo investimentos em faixas seletivas, mas não ainda de forma que a população perceba as melhorias. "Está claro que pode-se ter ganho significativo de aumento de velocidade quando o ônibus trafega livre. E é muito fácil identificar, em cada município, os principais corredores de escoamento, onde há adensamento de veículos e o ônibus disputando espaço com o automóvel." Para Cunha, ao reduzir o custo do serviço, a tarifa também é reduzida, atraindo nova demanda, e novamente a tarifa pode ser reduzida, reproduzindo o ciclo.
O secretário municipal de Mobilidade e Transportes de São Paulo, Sérgio Avelleda, avaliou que o transporte público urbano deixou de ser a principal preocupação da população, não porque o serviço está adequado, mas porque o desemprego, gastos com a saúde e a insegurança aumentaram. "Temos atributos que não estão atendendo os nossos usuários. Estamos perdendo usuários, porque não estamos entregando o que eles querem. Se não olharmos para a revolução que a tecnologia pode promover para o setor, corremos o risco de acordar com uma concorrência difícil de ser combatida."

Serviço de ônibus perde três milhões de usuários por dia

Cerca de três milhões de passageiros deixam de usar o ônibus como transporte público diariamente no País, informou a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, (NTU)ao divulgar os dados anuários referentes a 2016/2017. "É uma queda expressiva e preocupante", reconheceu o presidente da entidade, Otávio Cunha. A pesquisa foi feita em nove capitais.
Segundo o relatório da associação, nos últimos três anos, o nível da queda de passageiros atingiu 18,1%. Só no ano passado, o número de passageiros transportados diariamente por ônibus caiu 4,6% em relação a 2015. A associação faz o monitoramento dos dados de transportes públicos urbanos desde 1994, totalizando 24 anos de acompanhamento. Para o mês de outubro, a previsão é de queda de 46,3% no número de passageiros transportados.
Para o presidente da associação, fatores como o custo da tarifa, o tempo de viagem, o estado de cada veículo e o trânsito cooperam para a queda do transporte nos ônibus. "Pesquisas apontam que a redução da tarifa e a volta dos investimentos em infraestrutura podem atrair novamente o usuário do ônibus como transporte público. A melhoria da qualidade do transporte atrairá demanda", afirmou.
Cunha ressaltou também que pequenas ações podem trazer resultados positivos e rápidos. "Pequenos investimentos, como a criação de faixas exclusivas e o monitoramento, para evitar invasões, podem encurtar o tempo de viagem. Isso influencia na hora da escolha do transporte", disse. "Hoje em dia, os ônibus disputam espaço nas vias com os carros, e investimentos precisam ser feitos", acrescentou.
De acordo com o levantamento, o desemprego e a crise econômica são os principais responsáveis pela baixa nos números dos usuários do transporte público. Contudo Cunha avaliou que outros fatores também contribuem diretamente para o cenário atual. "Temos que levar em conta as distorções do sistema de transporte público urbano, tal como a falta de fontes de financiamento para a tarifa, que hoje é paga, exclusivamente, pelo usuário", concluiu.
Desde a Constituição de 1988, a atribuição do financiamento do serviço de transporte coletivo passou a ser dos municípios. Pelo menos 17% dos custos do transporte público estão ligados às gratuidades para idosos, pessoas com deficiência, estudantes e outros motivos, que são financiados pelos usuários, que acabam pagando mais caro pelas passagens de ônibus.