Sentados lado a lado, o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissatti (CE), e o licenciado, Aécio Neves (MG), abriram a reunião com os 27 presidentes de diretórios estaduais do partido em clima de "harmonia absoluta", conforme relato dos presentes.
Tasso passou a palavra para Aécio e pediu a ele que, como um dos autores da PEC da cláusula de barreira e fim das coligações proporcionais, conduzisse a discussão da reforma política.
Depois de sua fala, Aécio saiu para declarar à imprensa que os desconfortos gerados pelo programa de TV de Tasso Jereissati estão completamente superados, que o tema desembarque do governo não será retomado e que o interino é o melhor nome para comandar o partido até dezembro, quando terá a convenção nacional para escolher seu sucessor definitivo.
"Paz no ninho tucano", disse Aécio, completando: "Há 20 dias quando ele quis devolver o cargo, eu insisti para que ficasse e hoje lhe disse novamente que ele é o melhor nome para conduzir o partido até dezembro. O programa gerou desconfortos, mas aqueles pontos onde havia divergências estão completamente superados", disse Aécio.
O mineiro mostrou, entretanto, preocupação que se acabe com a divisão entre governistas e não governistas, e reafirmou que a tese de apoiar as reformas fora do governo não funciona.
"Não podemos aceitar essa marca, essa pecha, de que existem alas no PSDB. Ala dos governistas e ala dos não governistas. Isso é balela. Somos todos brasileiros preocupados com o País. Se é preciso apoiar um governo de baixa popularidade para aprovar nossa agenda de reformas, vamos pagar esse preço. Não estamos atrás de cargos e benesses", disse Aécio.
Para o presidente licenciado, depois de apoiar o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), é obrigação do PSDB dar suporte ao governo Michel Temer (PMDB). "Essa história de apoiar as reformas fora do governo não funciona. A aprovação das reformas da previdência, tributária e política se consolidará com mais facilidade com o PSDB dentro do governo. Esse governo não é do PMDB. Quando o processo eleitoral for deflagrado, cada uma seguirá seu caminho", disse Aécio.
Os parlamentares que mais brigaram pelo afastamento do presidente Tasso Jereissati, depois da reunião, foram convencidos que a paz foi restaurada e mudaram o discurso.
"A palavra de ordem é unidade. Eu tinha um posicionamento antes e nossa preocupação era com a unidade do partido. Se a unidade foi restaurada está tudo bem", disse o deputado Rogério Marinho, presidente do diretório do Rio Grande do Norte e um dos que inclusive aventou a possibilidade de mudar de partido se Tasso Jereissatti continuasse.
"Foi uma reunião muito proveitosa. Resumindo: harmonia absoluta! Elogios mútuos de ambos. Eles disseram da amizade histórica que os une e que, divergências são saudáveis e jamais seriam capazes de abalar o respeito que possuem um pelo outro!", contou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP).