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operação lava jato

- Publicada em 16 de Agosto de 2017 às 08:16

Polícia Federal cumpre mandados em desdobramento da Lava Jato no Rio Grande do Sul

Porto Alegre, Canoas e Glorinha são alvos de mandados de busca e apreensão

Porto Alegre, Canoas e Glorinha são alvos de mandados de busca e apreensão


Polícia Federal/Divulgação/JC
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (16) a Operação Étimo, para combater crimes de lavagem de capitais, evasão de divisas, crimes contra o sistema financeiro nacional e corrupção, em desdobramento da Operação Lava Jato no Rio Grande do Sul.
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (16) a Operação Étimo, para combater crimes de lavagem de capitais, evasão de divisas, crimes contra o sistema financeiro nacional e corrupção, em desdobramento da Operação Lava Jato no Rio Grande do Sul.
Mais de 50 policiais federais cumprem mandados de busca e apreensão em Porto Alegre (2), Canoas (1), Glorinha (1) e em Brasília (1). Também foram autorizados pela Justiça Federal o sequestro de bens e o afastamento de sigilo dos investigados. Entre os alvos da ação estão o Sindicato da Indústria da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral (Sicepot-RS) e Associação Riograndense de Empreiteiros de Obras Públicas (Areop).
Entre os investigados, estão o ex-presidente do Sicepot-RS, Athos Albernaz Cordeiro e o irmão dele, Antônio Cláudio Albernaz Cordeiro, o Tonico Cordeiro, que é doleiro. O sindicato e a Areop ficam no mesmo endereço, na Praça Osvaldo Cruz, 15, zona norte de Porto Alegre.
Com dados obtidos a partir de compartilhamento das informações da 26ª Fase da Operação Lava Jato (Operação Xepa - deflagrada em março de 2016 pela PF no Paraná), foi possível aprofundar as investigações sobre esquema envolvendo a lavagem de dinheiro por meio de entidade associativa ligada a grandes empreiteiras. A PF investiga obras realizadas no período de 2000 a 2011.
A entidade recebia das empreiteiras um porcentual do valor de obras públicas realizadas no Estado. Contratos de assessoria entre a entidade associativa e empresas de fachada eram utilizados para dar aparência de legalidade às operações financeiras de retirada de valores dessa entidade. A movimentação ilegal desses recursos, no Brasil e no exterior, sua origem e sua destinação, são objeto de investigação pela Operação Étimo.
"Esta investigação é miolo de um quebra-cabeça. O que chama chama a atenção é que este miolo apresenta figura semelhante ao da Lava Jato, com dado novo que é uso de entidades ligadas a empreiteiras para dificultar ao rastreamento do dinheiro desviado para dar aparência de legalidade", disse o delegado Alexandre Isbarrola, chefe da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da PF no Estado. 
O nome da Operação é uma referência à origem das informações que possibilitaram o aprofundamento das investigações. Étimo é um termo que exprime a ideia de origem, que serve de base para uma palavra, a partir da qual se formam outras.
A Operação Xepa abriu novas linhas de investigação do pagamento de propinas pelo Grupo Odebrecht em outras obras públicas, que extrapolavam a Petrobras - foco inicial das investigações.
Na época foram descobertas planilhas de controle dos pagamentos de propina da Odebrecht. Os investigadores identificaram "pagamentos sistemáticos" com entregas de valores em moeda no Brasil e transferências no exterior.
"Usamos laboratório das informações compartilhadas da Lava Jato, o que auxiliou muito, porque agiliza e qualifica o trabalho. Isso tem possibilitado que a gente comece a juntar pontas que estavam soltas. Aos poucos, estamos fazendo ligações que eram desconhecidas das investigações que tramitavam individualmente, sem que soubéssemos que estavam interligadas", afirmou a delegada federal Ilienara Kristina Karas, da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da PF no Rio Grande do Sul.

Investigação aponta envolvimento de empreiteiras e entidade

A investigação identificou transações financeiras suspeitas entre três grandes empreiteiras e pelo menos uma entidade associativa a que as empresas estavam ligadas. A PF diz que a maneira como essas transações ocorriam são típicas em operações de lavagem de dinheiro e semelhantes aos métodos usados pelas empresas investigadas na Lava Jato.
Segundo a investigação, as empreiteiras pagavam contribuições sindicais às entidades com base em percentuais dos valores de obras públicas, principalmente no setor rodoviário. A PF identificou também repasses das entidades para as empresas que totalizam cerca de R$ 30 milhões. A origem do dinheiro está sendo investigada pela Polícia Federal, e o envolvimento de agentes públicos não está descartado.
"As movimentações financeiras apresentam muitos saques de valores em espécie, e a gente sabe que saques em valores muito altos podem ter finalidade ilícita, muitas vezes de pagar propina. Essa é, obviamente, uma linha de investigação", ressaltou Ilienara.
A Justiça Federal autorizou o sequestro de bens e a quebra de sigilo das empresas investigadas. A PF esperava encontrar pelo menos R$ 2 milhões nas contas, mas o valor ficou aquém das expectativas do órgão. De acordo com a investigação, há indícios de que os investigados tenham remetido dinheiro para contas no Panamá e na Suíça.
Com informações da Agência Brasil e Agência Estado.