Em assembleia extraordinária na manhã de ontem, o Cpers/Sindicato decidiu pela greve nas escolas estaduais de todo o Rio Grande do Sul. A medida foi decidida devido ao parcelamento dos salários do funcionalismo, medida que é tomada pelo 20º mês consecutivo no Rio Grande do Sul. A paralisação deve durar até sexta-feira, quando uma assembleia geral vai definir um novo calendário de mobilização.
A decisão havia sido aprovada, de forma unânime, pelo conselho geral da entidade, e foi referendada durante manifestação em frente ao Palácio Piratini. O ato, que preencheu a maior parte da Praça da Matriz, reuniu integrantes de outros sindicatos de servidores do Estado, e buscava pressionar o Executivo a fazer o pagamento completo dos salários de julho.
Segundo a presidente do Cpers, Helenir Schüler, o governo de José Ivo Sartori praticamente "joga a categoria para a greve", ao perpetuar uma situação de precariedade e incerteza junto ao funcionalismo. Muito além das dívidas acumuladas, ela afirma que a classe enfrenta uma "violência psicológica comparável com a tortura dos tempos de ditadura", causada pela incerteza quanto ao recebimento dos salários.
"Todo mês começa com um sofrimento, sem que a gente saiba o que vai conseguir pagar com a parcela que vai receber. É um desgaste altíssimo. Depois de usar essa parcela (de R$ 650,00, paga na segunda-feira) para pagar contas, algumas professoras não tinham dinheiro nem para comprar pão. Nesse quadro, não tínhamos como não chamar greve. A categoria está ficando doente, e a nossa doença está lá, sentada no Piratini", ataca Helenir.
Em nota, o governo reafirma que suspendeu o pagamento da parcela da dívida com a União para utilizar os recursos no pagamento de salários de servidores, e acusa o Cpers de usar o atraso dos salários para justificar "uma greve que em nada contribui para solucionar os problemas do Rio Grande do Sul".
Além do Cpers, outros sindicatos tentam pressionar o governo estadual contra o parcelamento. Os servidores ligados ao Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado (Amapergs) estão promovendo operação padrão, o que limita a realização de diligências e escolta de presos, entre outras atividades. Já o Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia (Ugeirm) tem mobilização programada para a próxima sexta-feira, coincidindo com reunião com o secretário-chefe da Casa Civil, Fábio Branco.