Atualmente, há no Rio Grande do Sul oito regiões com o selo de indicação geográfica e boa parte delas tem a participação de um agrônomo da Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves, em sua formulação.
Formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), o caxiense Jorge Tonietto começou a trabalhar na instituição de pesquisa em 1980, época em que nem se falava nesse tipo de indicação a produtos por aqui. Por anos, o desafio colocado foi o de avaliar o potencial e estimular a produção de vinhos em regiões promissoras, como Sudeste e Campanha.
"Ficou evidente que as novas regiões eram interessantes, tinham potencial, mas que os vinhos tinham qualidades diferenciadas", conta ele. Os estudos comprovaram que era por conta do chamado "efeito terroir", conjunto de características de solo e clima, entre outros aspectos de determinada região, que se expressa no sabor e aroma de produtos agrícolas como o vinho.
A Europa, por outro lado, já tinha experiência de décadas no trabalho de valorização das regiões produtivas e cultura local diante do consumidor por meio dos registros, o que acabou fascinando Tonietto quando ele desembarcou em Montpellier, na França, para iniciar doutorado na Escola Nacional Superior de Agronomia (Ensa), hoje SupAgro, em 1995.
De volta ao Brasil, animou-se com o interesse da recém-criada Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), que seria a primeira entidade a encaminhar o pedido de certificação ao Inpi, em 2000.
Depois da experiência pioneira outras surgiram, igualmente apoiadas no trabalho do pesquisador e da equipe da Embrapa Uva e Vinho. Foi o caso dos pedidos das associações de produtores de Pinto Bandeira (Asprovinho), em 2008; dos Altos Montes (Apromontes), em 2012; de Monte Belo do Sul (Aprobelo), em 2012; de Farroupilha (Afavin), em 2014; além dos Vales de Uva Goethe (Progoethe), de Santa Catarina, em 2010.
Tonietto conta que a entidade, em parceria com os produtores e outras instituições de fomento, fazia o diagnóstico da região, formulava o projeto e orientava inclusive a busca de financiamento ao projeto. "O vinho foi pioneiro e serviu de exemplo para outros produtos", diz ele.
O agrônomo conta que o movimento foi fortemente influenciado pela abertura do mercado brasileiro ao produto estrangeiro, notadamente a partir da década de 1990, quando houve redução das alíquotas de importação para vinho.
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