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- Publicada em 10 de Agosto de 2017 às 14:30

Tensão na rede


FREEPIK/DIVULGAÇÃO/JC
Samuel Lima
O Bento Vôlei, clube fundado em 1999 em Bento Gonçalves, passa por um momento de turbulência na sua história. Sem patrocínios, o clube esteve em vias de não confirmar participação na Superliga A 2017/2018, que deve ter início em outubro. O prazo final expirou em meados de julho e, mesmo sem garantias de que teria o recurso necessário para cobrir as despesas - que pode alcançar R$ 700 mil, incluindo folhas de pagamento de atletas, comissão técnica e funcionários, viagens e estruturas física e administrativa -, a diretoria decidiu arriscar e garantir a vaga, ganhando tempo para captar novos apoiadores.
O Bento Vôlei, clube fundado em 1999 em Bento Gonçalves, passa por um momento de turbulência na sua história. Sem patrocínios, o clube esteve em vias de não confirmar participação na Superliga A 2017/2018, que deve ter início em outubro. O prazo final expirou em meados de julho e, mesmo sem garantias de que teria o recurso necessário para cobrir as despesas - que pode alcançar R$ 700 mil, incluindo folhas de pagamento de atletas, comissão técnica e funcionários, viagens e estruturas física e administrativa -, a diretoria decidiu arriscar e garantir a vaga, ganhando tempo para captar novos apoiadores.
Ainda com a situação indefinida na virada do mês, porém, o clube cogita até mesmo desistir de mandar os jogos em Bento Gonçalves, conforme anunciado em coletiva de imprensa no dia 1 de agosto - que também serviu para divulgar uma parceria com o Minas Tênis Clube, que cederá por empréstimo até 12 atletas ao clube gaúcho nesta temporada. "Faremos o possível para captar os patrocínios necessários e manter o vôlei aqui na serra gaúcha", afirmou o presidente do Bento Vôlei, Romildo Rizzi.
Toda essa situação envolvendo um dos orgulhos do esporte da cidade pode afetar um projeto social do Bento Vôlei que atende cerca de 750 crianças e adolescentes em escolas do município. Se, por um lado, existem recursos suficientes para a manutenção do projeto - o orçamento, via leis de incentivo, é de R$ 249 mil no ano, e não há problemas atualmente nos repasses junto à prefeitura -, por outro, a ausência da equipe principal de alto rendimento poderia comprometer o interesse dos alunos, segundo Rizzi. "Os jovens encontram nos atletas profissionais a sua motivação para seguirem se dedicando no esporte", comenta.
O Projeto Social Bento Vôlei existe há 12 anos e tem como base oficinas de voleibol em 11 núcleos espalhados pela cidade, ou seja, escolas e ginásios municipais. Todo ano, representantes do clube e parceiros se dirigem às instituições de ensino e convidam os estudantes de sete a 17 anos a participarem da ação. A ideia principal é disseminar o esporte e promover a inclusão social, mas as atividades também servem como incentivo a jovens que têm o desejo de jogar profissionalmente. "Apesar de ser brincadeira, uma coisa lúdica, os professores são treinados para observar crianças com aptidão e vontade de continuar no voleibol. Desde pequeno, o aluno recebe noções básicas para, quando chegar na idade adequada, ter o norte e seguir na base e no adulto", explica o coordenador do projeto, Nadir Antônio Zeni.
Essas oficinas acontecem no contraturno escolar, não têm custo algum para a comunidade e depende do estudante participar ou não. Outro ponto ressaltado pela coordenação é a presença de uma assistente social nas oficinas, que acompanha o desenvolvimento das crianças e pode visualizar onde estão as maiores necessidades.
Para Zeni, o esporte trabalha fundamentos interessantes para o futuro das crianças e adolescentes, independentemente de eles estarem interessados ou não em ser atletas. "O voleibol tem princípios como o trabalho em equipe, a disciplina, a ética e a determinação. Ele está relacionado à formação de profissionais com alto índice de competitividade, porque ficam mais preparados para encarar o mercado de trabalho", defende ele.
Uma das novidades neste ano foi a abertura de um núcleo no distrito de Barracão, atingindo, pela primeira vez, a comunidade rural da região. O projeto também envolve distribuição de lanches, avaliação e acompanhamento nutricional e oficinas de inglês e informática para alguns núcleos.
Como era de se esperar, o Bento Vôlei colhe frutos com o trabalho de formação precoce de atletas no município. No ano passado, o oposto Welinton Oppenkoski, então com 16 anos, foi convocado para a Seleção Brasileira Sub-18, que disputou o campeonato sul-americano da categoria em 2016. Na sua origem, está o projeto social do clube. "Ele se destacou nos núcleos e se iniciou mirim", lembra a assistente social do projeto, Tatiana Alvez.
É também esse o caso dos jovens Erick Berndt e Renato Marcon Casagrande, que ajudaram o Bento Vôlei a conquistar o título gaúcho infantojuvenil no ano passado e foram incluídos na seleção gaúcha para o Campeonato Brasileiro Sub-16 deste ano. Para Tatiana, o maior benefício do projeto é o combate à evasão escolar. Mais de 10 mil pessoas foram atendidas desde 2005.
A ação social chegou a ser interrompida por quase dois meses em 2017, também por motivos financeiros. É que houve um impasse entre a prefeitura municipal e o clube a partir de abril, por conta da ausência de repasses, pelo governo, dos valores depositados em fundo do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comdica). A prefeitura alegou que estava em vigor, desde janeiro, uma lei federal que trazia mudanças na relação entre a administração pública e as Organizações da Sociedade Civil, e que o clube precisava adequar e apresentar novamente o projeto. Os repasses voltaram a acontecer, e as atividades foram retomadas no final de maio.
Na época, houve forte mobilização da comunidade e da mídia da região em favor da continuidade do projeto, o que mostra a importância das ações, segundo a coordenação do mesmo. "O atleta profissional é um espelho", diz Zeni.
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