A Secretaria Estadual da Saúde (SES) pretende lançar, nos próximos dias, um edital para terceirizar o recebimento, armazenamento, transporte e distribuição de medicamentos fornecidos pelo governo. A ideia, diz o secretário João Gabbardo dos Reis, é garantir um gerenciamento mais criterioso do processo, alvo de críticas nos últimos anos por desperdício e escassez de medicamentos.
De acordo com Gabbardo, um inquérito civil do Ministério Público do Rio Grande do Sul, já no governo anterior, exigia providências quanto às "péssimas" condições estruturais e de logística. O atual centro de armazenagem, localizado em um depósito na avenida Ipiranga, em Porto Alegre, não comporta uma reforma capaz de colocá-la dentro das especificações. "É um local pequeno, inapropriado, sem refrigeração e impermeabilidade", enumera o secretário. Após fazer um levantamento dos gastos, incluindo o prejuízo com medicamentos perdidos por ficarem fora da validade ou por problemas de armazenamento, a pasta optou por terceirizar o serviço.
Entre as exigências que devem constar no edital estão a presença de redes de refrigeração, uma área mínima de 10 mil metros quadrados para armazenamento, além de uma estrutura para embarque e desembarque simultâneos, atendendo mais de um caminhão por vez. "Hoje, às vezes, recebemos até cinco caminhões por dia, o que causa demora. Alguns esperam quase uma semana para carregar ou descarregar", afirma Gabbardo. Ele frisa também que as revalidações para retirada dos medicamentos seguirão sendo controladas de forma exclusiva pela SES. "Essa autorização é feita pelo Estado, e disso não abrimos mão."
É esperada também uma melhora na disponibilidade de medicação de uso extensivo, que seguidamente enfrentam fracionamento ou escassez. Há algumas semanas, o Estado recebeu de forma parcelada os remédios do coquetel para tratamento do HIV. A alegação da SES era de repasses insuficientes por parte do Ministério da Saúde.