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Geral

- Publicada em 05 de Junho de 2017 às 23:13

Gilles Lipovetsky e Eduardo Giannetti debatem a sociedade do hiperconsumo no Fronteiras do Pensamento

Lipovetsky refletiu sobre a filosofia da "leveza" na sociedade contemporânea hiperconsumista

Lipovetsky refletiu sobre a filosofia da "leveza" na sociedade contemporânea hiperconsumista


LUIZ MUNHOZ/FRONTEIRAS DO PENSAMENTO/DIVULGAÇÃO/JC
Bárbara Lima
O filósofo francês Gilles Lipovetsky e o economista brasileiro Eduardo Giannetti debateram, na noite desta segunda-feira (5), em frente à plateia lotada do Fronteiras do Pensamento, no Salão de Atos da Ufrgs, em Porto Alegre, questões sobre a sociedade contemporânea, o hiperconsumo e as consequências da economia desse sistema para o meio ambiente. Após a apresentação do tema, os dois conferencistas responderam as perguntas do público.
O filósofo francês Gilles Lipovetsky e o economista brasileiro Eduardo Giannetti debateram, na noite desta segunda-feira (5), em frente à plateia lotada do Fronteiras do Pensamento, no Salão de Atos da Ufrgs, em Porto Alegre, questões sobre a sociedade contemporânea, o hiperconsumo e as consequências da economia desse sistema para o meio ambiente. Após a apresentação do tema, os dois conferencistas responderam as perguntas do público.
Lipovetsky, que lançou recentemente o livro Da Leveza, iniciou seu discurso comparando a lógica do viver pesado, relacionado ao trabalho e sacrifício, princípios que influenciavam mais o comportamento do século XX, com a lógica do viver leve, do hiperconsumo – que prioriza o lazer, viagens, jogos e experiências. O leve se tornou um valor e um ideal. A busca pelo zen, pela desaceleração e pelo equilíbrio são temas caros a sociedade atual.
Segundo Lipovetsky, no entanto, há um paradoxo na sociedade “light”: ao mesmo tempo em que se utiliza a tecnologia dos carros, por exemplo, para viagens rápidas – algo que tornaria a vida mais leve, ligeira e prática – os motoristas estão presos e estressados no trânsito.
As pessoas consomem, para ele, porque “o apetite da novidade se tornou a nossa nova droga” e quando desejos consumistas não são saciados frequentemente, o sentimento de vazio é “avassalador”. Países desenvolvidos economicamente apresentam altos índices de ansiedade, depressão e suicídios.
Apesar da constatação aparentemente pessimista, o francês disse que não se deve condenar o hiperconsumo, nem o elogiar, a fim de encontrar um equilíbrio real. “Consumo também é saúde, boa alimentação e remédios, então, não podemos demonizar tudo”, afirmou. Antes de passar a palavra para Giannetti, Lipovetsky propôs algumas possíveis soluções para este equilíbrio. “Eu acho que a humanidade espera outra coisa além da fuga para o consumismo. Isso não é o diabo, mas não é o melhor para o século XXI. Precisamos de menos paixão pelo consumo e de mais paixão pelo conhecimento. Precisamos do gosto pelo pensar. Precisamos de escola”, concluiu.
Já Giannetti ressaltou a importância de pensar a economia pelo viés ambiental. Para compor sua fala, ele se utilizou da proposição do Papa Francisco e de dados a respeito da emissão de gás carbônico no mundo. Conforme ele, de 7 bilhões de humanos, apenas 1 bilhão é responsável por cerca de 50% do total da emissão do gás poluente.
Segundo o economista, os “bens posicionáveis”, aqueles que conferem status por sua exclusividade, são os mais requisitados por todas as classes: pessoas em situação de pobreza desejam ascender à classe média, e a classe média que quer se tornar rica. A consequência desse hiperconsumismo é o descontrole das bases naturais da Terra.
Complementando Lipovetsky, o economista evidenciou outro paradoxo. A ciência, que prometia desvendar o mundo, trouxe ainda mais dúvidas para humanidade, tornando a existência vazia e sem propósito. “A tecnologia que pretendia dominar a natureza provoca destruição e descontrole das bases naturais da vida”, disse.
No final da conferência, quando pegou o microfone para responder a uma das questões da plateia, Giannetti recebeu aplausos ao ressaltar a brasilidade das tendências mundiais. “O brasileiro, por ser fortemente influenciado por culturas afros e indígenas, me parece, cultiva valores menos consumistas, buscando valorizar o momento”, concluiu.
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