Nos últimos meses, a Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D) vem verificando uma oscilação quanto às reclamações dos consumidores. Enquanto diminuíram os protestos a respeito de problemas de ligações, houve um aumento de ocorrências sobre erros nas contas de luz. O presidente do Grupo CEEE, Paulo de Tarso Pinheiro Machado, vincula a situação ao processo de amadurecimento de tecnologia adotada recentemente pela companhia e diz que a tendência é que as queixas reduzam cada vez mais.
"Obviamente, a instalação de um sistema, em uma empresa do porte da CEEE, por melhor que tenha sido planejado ou concebido, sempre tem um período para alcançar a estabilidade", justifica o dirigente. Em dezembro, a companhia iniciou a implantação da solução tecnológica ERP da SAP e do sistema comercial da Elucid para aprimorar o seu processo de gestão. Uma das vantagens propiciadas foi a possibilidade de que o próprio funcionário que faz a leitura da medição de consumo de energia de uma residência ou estabelecimento comercial imprimisse a conta de luz. Com isso, não há mais a necessidade do envio das faturas pelo correio.
Conforme a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs), na época que a nova tecnologia foi lançada, a ouvidoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) registrou o pico de reclamações quanto a problemas de ligação com clientes da CEEE-D nos últimos meses, 366 queixas em dezembro e 350 em janeiro. Porém, esses números vêm caindo, ao contrário dos apontamentos feitos quanto aos erros de leitura que passaram de cerca de 20 ao mês, no final do ano passado, para mais de 100 a partir de março. Pinheiro Machado admite que, do ponto de vista técnico, ainda há algumas dificuldades e são necessários alguns ajustes no processo de leitura da fatura e o diálogo com o sistema central do Grupo CEEE.
Além da Agergs e da Aneel, alguns consumidores também buscam auxílio no Procon quando verificam equívocos nas suas contas de luz. Conforme o Procon Porto Alegre, de 1 de janeiro a 30 de maio, seja pelo atendimento eletrônico ou presencial, foram registradas 116 reclamações quanto aos serviços prestados pela CEEE-D. As dificuldades mais frequentes foram contas em duplicidade ou que chegaram depois do prazo de vencimento e valores abusivos e errados.
A diretora do Procon da Capital, Sophia Martini Vial, considera excessivo esse número de relatos. Sophia argumenta que a distribuidora possui um 0800 e o cliente só recorre ao Procon quando a companhia não conseguiu resolver a demanda. A diretora detalha que a instituição, quando acionada, tenta fazer a mediação entre o consumidor e a empresa para resolver a questão.