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- Publicada em 08 de Junho de 2017 às 23:13

Bukowski, o velho safado, e o amor

Detalhe da capa do livro de Bukowski

Detalhe da capa do livro de Bukowski


LPM/DIVULGAÇÃO/JC
Bem no clima do Dia dos Namorados, a L&PM Editores lançou, há poucos dias, a coletânea Sobre o amor, do escritor Charles Bukowski, nascido na Alemanha em 1940, mas criado em Los Angeles. A compilação é de Abel Debritto, biógrafo de Bukowski e que já editou outras coletâneas temáticas do "velho safado": Sobre gatos e Escrever para não enlouquecer. Sobre o amor tem 224 páginas, preço de R$ 35,90 e foi muito bem traduzido pelo jornalista, tradutor e escritor gaúcho Rodrigo Breunig.
Bem no clima do Dia dos Namorados, a L&PM Editores lançou, há poucos dias, a coletânea Sobre o amor, do escritor Charles Bukowski, nascido na Alemanha em 1940, mas criado em Los Angeles. A compilação é de Abel Debritto, biógrafo de Bukowski e que já editou outras coletâneas temáticas do "velho safado": Sobre gatos e Escrever para não enlouquecer. Sobre o amor tem 224 páginas, preço de R$ 35,90 e foi muito bem traduzido pelo jornalista, tradutor e escritor gaúcho Rodrigo Breunig.
Bukowski faleceu em 1994 e publicou mais de 45 livros de prosa e verso. A L&PM já publicou 23 obras dele, entre as quais Cartas na rua; Crônica de um amor louco; Mulheres e Pedaços de um caderno manchado de vinho. Honesto, reflexivo, alternando-se entre a dureza e a sensibilidade, Bukowski, o velho nem tão safado, nesses versos fala de várias formas de amor e relaciona o tema com as filhas, as muitas mulheres, as amantes que teve, o trabalho e os amigos.
Está tudo bem embolado: o amor, a luxúria, a paixão, o desejo, o egoísmo, o narcisismo, o misterioso, o aleatório, o misterioso, a glória e a miséria deste sentimento frágil e eterno. Não ficaram de fora da obra o alto poder redentor do amor, as confusões e o lado bem-humorado do amor. Feroz, vulnerável, lírico e irônico, Bukowski mostra que muitas vezes o amor, especialmente o paterno, fulminou seu coração aparentemente empedernido.
Alguns versos do poeta: "O amor não passa de um farol aceso à noite cortando a névoa / O amor não passa de uma tampinha de cerveja na qual você pisa a caminho do banheiro/ o amor é a chave perdida da sua porta quando você está bêbado"; e "Gosto de você, querida, eu te amo / a única razão por que trepei com L. é porque você trepou com Z, e aí eu trepei com R. e porque você trepou com N. eu preciso trepar com Y". Outro poema: "filha/certo ou errado/eu te amo, sim/ é só que às vezes eu ajo como se/ você não estivesse presente/mas houve brigas com mulheres/ bilhetes deixados em cômodas / trabalhos em fábricas / pneus furados em Compton às 3 da manhã/ todas essas coisas que impedem as pessoas de conhecer umas às outras e pior do que isso/ obrigado pelas flores."
Sobre o amor é um livro peculiar, muito pessoal, sobre um dos temas mais antigos e humanos. Entre a sarjeta e a lua, entre o doce amor paternal e em meio à brutalidade e à beleza dos amores adultos, Bukowski parece dizer que, ao fim e ao cabo, o amor é o que interessa. Mesmo e principalmente quando pareça não interessar mais ou quando só um futuro amor interessar.

lançamentos

  • As heresias de Pedro Abelardo (Coleção Medievalia, É Realizações, 118 páginas), de São Bernardo de Claraval, abade francês e reformador da Ordem Cistercience, traz o essencial sobre seu célebre combate com Pedro Abelardo, lógico e retórico, sobre altas questões envolvendo a fé, Cristo e Deus, em pleno século XII.
  • Cidade de Deus - a história de Ailton Batata, o sobrevivente (FGV Editora, 286 páginas), da professora Alba Zaluar, da Unicamp e do professor-doutor e psicanalista Luiz Alberto Pinheiro de Freitas, narra a saga de Ailton, que passa de bandido a estudo de caso e, hoje, contribui para a ciência.
  • Mitos e verdades para uma vida saudável (Imprensa Livre, 272 páginas), da professora de educação física e palestrante motivacional Cláudia Lucchese, de modo interativo e com linguagem informal e divertida, mostra como podemos mudar. Pensamentos, ações, energia e motivação valem em qualquer idade.

Dia do amor

Dia dos Namorados. Melhor seria Dia Internacional do Amor. Amor por pessoas, ideias, artes, plantas, animais, santos, deuses e tudo mais. Amor acima de raça, religião, gênero, nacionalidade, acima de tudo. Amor sem definições, regras, limitações, envolvendo seres, silêncios, sensações e palavras num mar infinito.
Há quem diga que o único amor eterno é o amor próprio. Nada contra ninguém, mas melhor pensar que o amor que dura é quando as pessoas mudam a alma e o corpo de casa e depois de tórrida paixão, que antigamente durava um ano ou dois, passam a viver o doce e o amargo dos dias de olhos e mãos dadas, até onde o infinito durar, como disse o Vinicius.
O amor está muito acima de contratos, tempos determinados, regras de conduta, etiqueta ou de religião. O amor paira sobre qualquer definição. Óbvio que o amor precisa de alguma disciplina, mas não demais, que essa vida pós-moderna está mais para quadro surrealista de Salvador Dali do que para teoremas científicos.
Uns dizem que a cura de um amor platônico, se é que ele precisa ser curado, é uma transa homérica. Há quem ache o amor platônico o único perfeito, ele que vive nos castelos da fantasia. Há os aparentemente simplórios que simplesmente dizem: amor é como pirulito, primeiro é doce, depois é palito. Exagero, acho, visão triste. Os para-choques de caminhões não mentem: amor sem ciúme é flor sem perfume; amor sem beijo é macarrão sem queijo; nas curvas do teu corpo capotei meu coração; no baralho da vida só uma dama encontrei.
Filósofos e cientistas pensam, estudam e escrevem sobre o amor, algo infinito, múltiplo e único como os bilhões de humanos, que já viveram, estão vivendo e vão viver neste planeta. Aqui e ali uma sacada boa dos pensadores e cientistas, uma pesquisa interessante e algo novo sobre cérebros e corações. Uns dizem que o amor mora na cabeça, outros no coração, outros mais na alma e alguns em outras partes do corpo humano. Desde que amem, todos têm razão e emoção. Uns dizem que o coração é só um músculo. Outros, que o amor não deve morar na cabeça. Frases simples e estratosféricos ensaios à parte, o amor é que deve vencer no final e tornar feliz as noites de domingo.
Será que o amor é maior e mais imortal do que os namorados, as pessoas, os animais, os seres vivos e tudo mais da natureza? Será que o amor é maior que os mares, os céus, o sol e a lua? Será que, mesmo para os amantes, o que importa mais é o amor em si? Será que o amor tipo o dos santos, que amam toda a humanidade, é maior do que o amor das gentes por algumas pessoas apenas?
Amar é não perguntar muito. Nem responder muito. É quando, por vezes, as palavras são ditas com os olhos, as mãos, a alma, o corpo e o silêncio. Amor é não matar. Quem ama não mata. Quem ama mesmo vai amar outra pessoa. "Morreu, o nosso amor morreu/ Mas cá para nós/ antes ele do que eu" - está lá, na sábia canção do Paulinho da Viola. Um amor morre, outro nasce. Ou não. Solamente uma vez se ama en la vida?

a propósito...

Para encerrar, uma linda, atual e incomum história de amor. Um amigo e sua esposa, gaúchos, jovens e de classe média, adotaram, há poucas semanas, cinco crianças, irmãos, oriundos de outro estado brasileiro. As crianças têm aproximadamente de três a 10 anos e já estão morando, felizes, com os pais adotivos. É um caso raro, não chega a ser o único. Os pais preferiram não dar publicidade à adoção múltipla em respeito às crianças. Acho que a história fala por si e não há muito o que acrescentar. Nesse momento de crise moral, ética, política e econômica, num planeta violento, o exemplo diz tudo e nos faz acreditar no amor e nos seres humanos. Feliz Dia dos Namorados e Dia do amor!