Leonardo Byrro é um dos principais executivos no comando na BRF Brasil. Aos 37 anos, está no seleto grupo de vice-presidentes da companhia no Brasil, respondendo por toda a área de suplly (suprimentos) da empresa, que conta com 103 mil funcionários no País. Hoje, Byrro pode ser considerado um dos grandes executivos com menos de 40 anos em atividade no Brasil. A carreira, iniciada na Ambev, foi marcada por uma boa dose de riscos assumidos desde cedo, como deixar a companhia temporariamente para fazer um MBA nos Estados Unidos, recusar uma proposta para voltar à empresa ou mesmo assumir a operação da Budweiser em solo norte-americano.
Formando em Engenharia Elétrica, acabou despontando como um dos grandes gestores brasileiros aos 32 anos, ao assumir a presidência da Cremer, fabricante catarinense de produtos descartáveis voltados à saúde, com 3 mil funcionários. A época, ressalta Byrro, foi de muito trabalho e privações de lazer e amigos. "Me dei conta da solidão que diziam que vigora em torno de um CEO. Você é líder de toda a companhia, mas não tem um time. Na diretoria, estava contribuindo com um projeto juntamente com outras pessoas. Mas sobre o CEO há muita expectativa em torno daquilo que você fala, no exemplo que você vai dar", avalia Byrro.
Apesar da pouca idade, o êxito do trabalho feito na Cremer o levou a ser catapultado pela Tarpon Investimentos ao cargo de general manager da BRF Brasil. O convite para a BRF foi o resultado do trabalho na indústria catarinense. "O Ebtida da Cremer dobrou no período em que estiva lá, passando de R$ 60 milhões para R$ 130 milhões", conta o executivo. A partir disso, a venda de uma divisão para uma empresa norte-americana foi concretizada.
Byrro administrou sua carreira de maneira planejada. Ex-bolsista da Fundação Estudar, criada com foco no desenvolvimento de jovens líderes, acabou sendo indicado para um curso de curta duração nos Estados Unidos (a Kellogg School of Management). Gerente de marketing da marca Skol na Ambev, em 2008, pediu uma licença e decidiu encarar um novo e sonhado desafio. Voltou para nova temporada de estudos na Kellogg. "A carreira ia bem e acabou me levando sem questionar e o que queria dela", conta Byrro, que na época tinha 27 anos. O inimigo poderia ser a acomodação. Pediu licença na Ambev (sem certeza se teria o cargo na volta) e se mudou para os Estados Unidos, após fazer algumas dívidas em dólar. Foi surpreendido, duas semanas depois do desembarque, com a crise mundial de 2008. "Houve a quebradeira causada pelo banco de investimentos Lehman Brothers. Me endividei em dólares. Sabia que corria riscos, mas não tanto assim. De qualquer forma, foi uma grande experiência estar no meio daquela convulsão toda, vivenciar de perto aquele período histórico da economia mundial. Foram dois anos de aprendizado e frio na barriga", recorda o executivo.