Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Empresas & Negócios

- Publicada em 05 de Junho de 2017 às 14:54

Angra 3 requer R$ 17 bilhões

Usina nuclear, localizada no litoral fluminense, começou a ser construída há 33 anos e já consumiu R$ 7 bilhões

Usina nuclear, localizada no litoral fluminense, começou a ser construída há 33 anos e já consumiu R$ 7 bilhões


/ELETRONUCLEAR/DIVULGAÇÃO/JC
Trinta e três anos depois de ter as obras iniciadas, a usina nuclear de Angra 3, na praia de Itaorna, em Angra dos Reis (RJ), se tornou um problema bilionário para o governo. Entre idas e vindas, a construção já consumiu R$ 7 bilhões, e é necessário tomar uma decisão: concluir o projeto, que está parado, ou abandoná-lo de vez. Seja qual for a escolha, porém, a certeza que existe é que será necessário desembolsar bem mais do que já foi gasto até agora.
Trinta e três anos depois de ter as obras iniciadas, a usina nuclear de Angra 3, na praia de Itaorna, em Angra dos Reis (RJ), se tornou um problema bilionário para o governo. Entre idas e vindas, a construção já consumiu R$ 7 bilhões, e é necessário tomar uma decisão: concluir o projeto, que está parado, ou abandoná-lo de vez. Seja qual for a escolha, porém, a certeza que existe é que será necessário desembolsar bem mais do que já foi gasto até agora.
Os números que estão em análise na Secretaria de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, conforme apurou o Estado, apontam que seria necessário injetar mais R$ 17 bilhões para concluir Angra 3, usina que está com 58% de seu projeto executado. Desistir dela, porém, pouco aliviaria as contas. Os cálculos sinalizam que seria preciso desembolsar R$ 12 bilhões para "descontinuar" Angra 3, entre a quitação de seus empréstimos bilionários, desmonte de estrutura, destinação de máquinas e uma infinidade de dívidas. Neste momento, portanto, a decisão do governo é buscar formas de reduzir esse custo e concluir a usina.
Projeto do período militar, Angra 3 começou a ser erguida em 1984. Suas obras prosseguiram até 1986, quando foram paralisadas por conta de dificuldades políticas e econômicas, além da ocorrência do maior desastre nuclear do mundo, a explosão do reator da usina de Chernobyl, na Ucrânia. O projeto brasileiro ficou na gaveta por 25 anos, até ser retomado em 2009 como um dos destaques do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Naquele ano, o custo estimado para o término do projeto era de R$ 8,3 bilhões. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometia colocar a usina para funcionar em maio de 2014.
Agora, com os R$ 17 bilhões estimados para sua conclusão, se chegaria a um gasto total de R$ 24 bilhões para colocar em operação uma usina com capacidade de 1.405 megawatts (MW). Para se ter uma ideia do que isso significa, a hidrelétrica de Teles Pires, na divisa entre Mato Grosso e Pará, que tem potência de 1.820 MW e entrou em operação no fim de 2015, custou R$ 3,9 bilhões. Com o custo total de Angra 3, portanto, seria possível construir seis hidrelétricas de Teles Pires, com uma geração total de 10.920 MW.
O Ministério de Minas e Energia (MME) e a Eletronuclear, responsável pela usina, não quiseram se manifestar sobre o assunto. Na quinta-feira, o drama de Angra 3 - que nos últimos anos andou frequentando muito mais as páginas policiais, pelas denúncias de esquemas de corrupção nas obras - deve ser debatido em reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), em Brasília.
Hoje, a geração nuclear é um monopólio federal, com a Eletronuclear à frente das duas únicas usinas em operação no País, Angra 1 e Angra 2, que têm capacidade total de 1.990 MW. O plano é abrir as portas do setor para empresas de fora. A Eletronuclear tem mantido conversas com várias empresas, como CNNC e Snptc (chinesas), EDF (francesa), Kepco (coreana) e Rosatom (russa). É consenso de que não há meios de avançar nas obras sem a participação de um parceiro privado.
A situação financeira da Eletronuclear fala por si. Mesmo com as operações de Angra 1 e 2 em pleno funcionamento, a estatal fechou o ano com prejuízo líquido de R$ 4,075 bilhões. Somado aos anos anteriores, o prejuízo acumulado chegou a R$ 10,952 bilhões. No horizonte, o que se vê são mais contas para pagar.
 
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO