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Política

- Publicada em 18 de Maio de 2017 às 22:17

Eleição direta demoraria muito tempo, diz González

Para Rodrigo González, nem o Supremo está livre da disputa política

Para Rodrigo González, nem o Supremo está livre da disputa política


JONATHAN HECKLER/JONATHAN HECKLER/JC
Lívia Araújo
Na dependência de manter a base de apoio no Congresso Nacional para garantir sua sobrevida no Planalto, o governo Michel Temer (PMDB) está por um fio. Na avaliação do cientista político Rodrigo Stumpf González, no caso da queda de Temer, uma eleição direta aprovada como emenda constitucional seria de difícil operacionalização pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "No Brasil, a eleição tem um custo imenso, e o TSE não conseguiria organizá-la em menos de sete ou oito meses, sem contar a questão dos interesses políticos dos candidatos."
Na dependência de manter a base de apoio no Congresso Nacional para garantir sua sobrevida no Planalto, o governo Michel Temer (PMDB) está por um fio. Na avaliação do cientista político Rodrigo Stumpf González, no caso da queda de Temer, uma eleição direta aprovada como emenda constitucional seria de difícil operacionalização pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "No Brasil, a eleição tem um custo imenso, e o TSE não conseguiria organizá-la em menos de sete ou oito meses, sem contar a questão dos interesses políticos dos candidatos."
Para González, o PMDB tem de pensar em um "plano B" com algum candidato para eleição indireta. Ante o impasse da falta de nomes, até mesmo o Judiciário poderia fornecer o candidato a ser escolhido pelo Congresso. "O problema é que o Supremo também não está isento da disputa política", pondera.
Jornal do Comércio - Qual deve ser a estratégia de sobrevivência adotada por Temer?
Rodrigo Stumpf González - Em um primeiro momento, empurrar com a barriga, para verificar se esse escândalo surgido vai levar a algum tipo de reação da população e da base de apoio no Congresso. Se eles conseguirem aplacar a ira da base no Congresso, Temer sobrevive. Se o governo Temer começar a se esvaziar, aí o PMDB tem que pensar num plano B, e isso envolveria pensar em um candidato para a eleição indireta. Mas aí começa o problema da falta de nomes. Em uma situação dessas, não precisa ser apenas alguém que os partidos no congresso tenham aceitação.
JC - Mas que perfil teria?
González - Tem que ser um nome com um mínimo de aceitação. Não pode ser alguém sujeito ao mesmo processo. Os presidentes da Câmara e do Senado vivem esse cenário. Teria de ser alguém com uma respeitabilidade acima dessas questões, o que está em falta no Congresso. Talvez um dos cenários possíveis seja a manutenção de Temer, ainda que com acusações, uma vez que um processo de impeachment seria demorado, levaria meses e terminaria antes do fim do mandato.
JC - A pressão popular não poderia viabilizar a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição para eleições diretas?
González - O problema é a operacionalidade dessa eleição, porque, no Brasil, a eleição tem um custo imenso. E o TSE não conseguiria organizá-la em menos de sete ou oito meses, sem contar a questão dos interesses políticos dos candidatos. Uma eleição imediata agora também pode significar, do ponto de vista político, entregar o governo de volta a (Luiz Inácio) Lula (da Silva, PT). Uma saída intermediária seria, de um lado, blindar parcialmente o Temer, talvez tentando atrair para o governo figuras não diretamente ligadas aos partidos, um governo tecnocrático. Mas quem de renome quereria se vincular a esse governo? E, de outro lado, transferir parte do poder ao Judiciário; os presidentes da Câmara e do Senado se retirarem do processo e entregar a presidência à Cármen Lúcia, ou eventualmente o Congresso afastar Temer e eleger indiretamente um ministro do Supremo para o cargo até as eleições. O problema é que o Supremo também não está isento da disputa política.
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