Mais de 200 mil pessoas protestaram no sábado em toda a Venezuela em uma tentativa da oposição de dar uma clara "demonstração de força" ao presidente Nicolás Maduro, após quase dois meses de protestos violentos que exigem a convocação de eleições. Em Caracas, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar a multidão, que caminhava na direção do Ministério do Interior, no Centro, partindo da principal via da capital.
A oposição calculou que, só na capital, mais de 160 mil pessoas foram às ruas para exigir a saída de Maduro do poder. Ao menos 46 pessoas ficaram feridas, segundo o prefeito de Chacao (Leste do país), Ramón Muchacho. A Procuradoria confirmou que uma mulher foi atropelada por um veículo e uma investigação está em curso.
A oposição voltou às ruas depois que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) assumiu em 30 de março as funções do Parlamento. Anulada parcialmente após forte pressão internacional, a decisão provocou a entrada dos Estados Unidos no conflito. Na quinta-feira passada, o Tesouro norte-americano impôs sanções econômicas a oito magistrados do TSJ, acusando-os de usurpar as funções da Assembleia.
Uma multidão exibia cartazes com frases como "#Chega de ditadura!", "Eleições Já", em meio a barricadas armadas com troncos e pedras e um gigantesco tanque de metal, uma proteção das ações da polícia. Ao contrário do que a oposição previa, a marcha de sábado mobilizou menos pessoas do que a passeata realizada em 19 de abril, em meio à maior onda de protestos no país. Em sete semanas, além de 47 mortos, foram centenas de feridos e quase 2.200 detidos. De acordo com a ONG Foro Penal, ao menos 161 pessoas foram encarceradas por ordem de tribunais militares.