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Empresas & Negócios

- Publicada em 15 de Maio de 2017 às 11:12

Crescimento virá da agropecuária

Sem a agropecuária, o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil teria alta de 0,12% em 2017, em vez do já modesto 0,47% projetado pelo mercado. O setor deve ter uma fatia de 75% do crescimento da atividade econômica neste ano, maior peso em 18 anos. O número foi calculado pela consultoria Tendências a pedido da reportagem com base nas projeções feitas por analistas de mercado ouvidos pelo boletim Focus, do Banco Central (BC), para o PIB dos diferentes setores da economia.
Sem a agropecuária, o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil teria alta de 0,12% em 2017, em vez do já modesto 0,47% projetado pelo mercado. O setor deve ter uma fatia de 75% do crescimento da atividade econômica neste ano, maior peso em 18 anos. O número foi calculado pela consultoria Tendências a pedido da reportagem com base nas projeções feitas por analistas de mercado ouvidos pelo boletim Focus, do Banco Central (BC), para o PIB dos diferentes setores da economia.
Essa alta participação, a maior desde 1999, quando o PIB agrícola representou 77% do total, ocorre tanto pelo bom momento para o campo quanto pela dificuldade de recuperação dos outros setores. Beneficiada pelo clima favorável, a safra de grãos será recorde e subirá mais de 26%, segundo o IBGE.
Os analistas apostam em altas de 6,4% e 0,88% para a agropecuária e a indústria, respectivamente, e uma queda de 0,06% em serviços. "A criação de empregos no setor agropecuário auxilia no desenvolvimento do consumo interno, ajudando a impulsionar, de forma defasada, o varejo. É uma boa notícia em meio a um cenário de retomada gradual da atividade", diz o economista Bruno Levy, da Tendências.
A consultoria tem uma estimativa mais conservadora para a fatia de agro no PIB do que a da MB Associados, que projeta participação de cerca de 90%. Os cálculos diferem, pois dependem do peso que se atribui à agropecuária dentro da atividade econômica. O economista-chefe da MB, Sérgio Vale, destaca que o cálculo é só "até a porta da fazenda". Se a agroindústria e serviços repetirem esse desempenho, segundo ele, essa expansão pode se espalhar pelo restante da economia.
O economista lembra que o peso que o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da USP (Universidade de São Paulo), considera para toda a cadeia, incluindo a agroindústria e serviços, é de 22% do PIB. Quando se leva em conta somente a agropecuária, o percentual é de cerca de 5%. "Supondo que o crescimento do setor como um todo seja semelhante ao que se vê no início da cadeia, o impacto (sobre o PIB como um todo) pode ser muito maior", afirma Vale.
Economistas apontam que dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, dão uma ideia de como vem sendo distinto o comportamento do emprego no interior e nas capitais. No primeiro trimestre do ano, o interior dos estados que abrigam as nove maiores regiões metropolitanas criou mais de 41 mil empregos formais, enquanto as capitais e arredores eliminaram 92,89 mil postos de trabalho.
Além disso, das 20 cidades que mais criaram vagas entre janeiro e março, aparece somente uma capital, Goiânia. Na avaliação de Igor Velocico, do banco Bradesco, a produção agrícola e a inflação em baixa, que aumenta o poder de compra, são as duas boas notícias para a economia brasileira neste ano. "Você gera mais incentivo para produzir."
A força do campo em 2017 também está tendo efeitos positivos, ainda que incipientes, sobre o comércio de cidades ligadas ao agronegócio. "Está melhor do que o ano passado, mas ainda está ruim, porque há muito desemprego", diz Mário Gazin, dono da rede de imóveis e eletrodomésticos Gazin, com unidades do Acre ao Paraná, passando pelo Centro-Oeste. "Estamos voltando aos níveis de 2014, um ano bom."
O Brasil é um dos países em que a produtividade agropecuária mais cresce, revela estudos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. De 2006 a 2010, o rendimento da agropecuária no País aumentou 4,28% ao ano. Atrás, ficaram a China, com 3,25%; o Chile, com 3,08%; o Japão, com 2,86%; a Argentina, com 2,7%; a Indonésia, com 2,62%; os Estados Unidos, com 1,93%; e o México, com rendimento de 1,46% no período.
Para o levantamento, os pesquisadores norte-americanos usaram o indicador expresso em Produtividade Total dos Fatores (PTF), que considera todos os produtos das lavouras e da pecuária e os relaciona com os insumos usados na produção. O estudo foi publicado na revista científica EuroChoices agri-food and rural resource issue e divulgado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Para o coordenador-geral de Estudos e Análises da Secretaria de Política Agrícola da pasta, José Garcia Gasques, os dados mostram que a agricultura brasileira tem crescido principalmente com base na produtividade. "No Brasil, essa variável é responsável por cerca de 90% do crescimento da produção, enquanto 10% se devem aos insumos."
Segundo Gasques, por causa do aumento da produtividade, o Brasil deixou de ser país importador de alimentos e se transformou em um expressivo exportador de um volume diversificado de produtos agropecuários. Entre 1975 e 2015, a taxa média de crescimento da produtividade agropecuária no Brasil foi de 3,58% ao ano.
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