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Combustíveis

- Publicada em 12 de Abril de 2017 às 21:46

Preço da gasolina não para de cair em Porto Alegre

Posto de Porto Alegre, próximo à avenida Ipiranga, baixou preço três vezes em uma semana

Posto de Porto Alegre, próximo à avenida Ipiranga, baixou preço três vezes em uma semana


PATRÍCIA COMUNELLO /ESPECIAL/JC
"Pode cair mais o preço da gasolina?" A pergunta lançada como provocação ao frentista José Jacinto Jaques, do posto na esquina das ruas São Manoel com Euclides da Cunha, zona leste de Porto Alegre, é devolvida com uma resposta bem humorada. "Isso não posso dizer, só o patrão, se não os clientes não vêm, vão esperar baixar mais, né (risos)", sugere Jaques, que na manhã dessa terça-feira (11) mudou o cartaz do preço do litro da gasolina comum de R$ 3,479 para R$ 3,459. 
"Pode cair mais o preço da gasolina?" A pergunta lançada como provocação ao frentista José Jacinto Jaques, do posto na esquina das ruas São Manoel com Euclides da Cunha, zona leste de Porto Alegre, é devolvida com uma resposta bem humorada. "Isso não posso dizer, só o patrão, se não os clientes não vêm, vão esperar baixar mais, né (risos)", sugere Jaques, que na manhã dessa terça-feira (11) mudou o cartaz do preço do litro da gasolina comum de R$ 3,479 para R$ 3,459. 
Foi a terceira mexida no preço do posto em uma semana. O valor mudou na quarta-feira anterior, baixando para R$ 3,499, e depois caiu a R$ 3,479 na sexta-feira (7). Na região, é o menor valor, mas na Capital tem estabelecimento com produto a R$ 3,399, quase R$ 0,06 a menos, no bairro São Geraldo, na zona norte, por exemplo. Leitores do Jornal do Comércio postaram no Facebook dicas de outros pontos com ofertas ainda melhores.
Aa pesquisa da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) traz uma amostra de como está essa variação. A média da semana de 2 a 8 de abril, a última divulgada, estava em R$ 3,655, com litro de maior preço a R$ 3,899. Dos 28 locais pesquisados, seis estão praticando valor abaixo de R$ 3,50. Quem percorre regiões próximas à Ipiranga percebe que as alterações foram frequentes desde o começo de abril.
A  temporada de desabamento de preço refletiu na inflação em Porto Alegre. O Índice de Preços aos Consumidor Semanal (IPC-S), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), cravou queda de 2,86% na primeira semana de abril. Na última semana de março, a queda havia ficado em 2,27%. A gasolina, pelo peso que tem no índice, foi a maior influência para desacelerar o IPC-S no começo do mês, que foi 0,06 ponto percentual inferior ao do período anterior. O índice geral em Porto Alegre ficou em 0,46%.  
Luís Gustavo Hugo, gerente de um posto na rua Santana, quase rua Jerônimo de Ornelas, diz que as quedas se devem à concorrência e vendas em torno de 30% a 40% menores nos últimos meses. "A crise financeira faz as pessoas consumirem menos. E tem ainda o problema do parcelamento e atrasos nos salários dos servidores estaduais", elenca Hugo, que não vê tanto efeito de uso de aplicativos de carros, que poderia ter reduzido a frequência na saída de carro pessoal. "Os motoristas dos apps são nossos clientes inclusive, ou seja, se não é o carro próprio, são estes motoristas que abastecem." O gerente diz que, desde o último aumento da gasolina, há dois meses, o preço já caiu 10% sob efeito do cenário mais fraco de consumo.
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Médico está usando menos carro, preferindo apps e reclamou de preços. Foto: Patrícia Comunello/Especial/JC  
"Chegamos a vender o litro a R$ 3,69, hoje está em R$ 3,479, e pode cair mais.  Para o consumidor é bom, mas para nós, que precisamos pagar funcionários e ter lucro, não." Hoje o ganho bruto do posto é de 8%. Mesmo o corte de preço, não ergue o consumo, diz. "Não conseguimos buscar o que era há dois anos." Hugo fala que não houve ainda corte de pessoal. São oito funcionários no estabelecimento. "Tomara que não piore, que já tenhamos chegado ao fundo do poço", diz o gerente esperando melhora no mercado.          
O médico Valter Gonçalves, cliente de Hugo, diz que reduziu a frequência de saída com o carro particular, usado mais para trabalhar. Para as demais atividades, os aplicativos são cada vez mais a alternativa. "São pelo menos duas vezes por semana de chamada de aplicativo", conta Gonçalves. "Ouvi o presidente da Petrobras (Pedro Parente) falar que não vai ter aumento de combustível e que está baixando preço no mercado internacional", comenta o médico, indicando que não espera aumentos de preço. "Reduzi o consumo em função dos preços e porque os aplicativos de carro também baixaram valores."

Preço médio da gasolina no Brasil está acima do mercado externo

No site da ANP, é possível constatar que os preços da gasolina comum caem semana a semana. No Estado, o litro médio dos locais pesquisados chegou a R$ 3,747 entre os dias 2 e 8 de abril, com redução de 0,6% frente ao período imediatamente anterior, diz o economista Edson Silva, da consultoria ES Petro. O valor é o menor em 65 semanas, desde a semana de 27 de dezembro de 2015 a 2 de janeiro de 2016, quando o litro custava R$ 3,634, compara Silva. O preço médio em Porto Alegre é o menor desde a semana de 22 a 28 de novembro de 2015.
O consultor afirma que dois fatores impactaram nesse comportamento dos preços: a queda no consumo do combustível, influenciada pelo desemprego e perda do poder aquisitivo dos consumidores, e a nova política de preços da Petrobras, praticada desde outubro do ano passado, com correções mensais. Entre fevereiro e o mesmo mês do ano passado, a queda foi de 4% e de 5,3% na comparação entre fevereiro e janeiro deste ano, acrescenta Silva. "Foram anunciadas cinco reduções e um aumento dos preços praticados nas refinarias", contabiliza o economista.
Silva avalia que, sim, os preços podem cair ainda mais, "se a Petrobras continuar a política de adequação do preço interno ao preço do mercado internacional". Outros fatores que pesarão serão as distribuidoras repassarem para os postos as vantagens que estão tendo com a importação da gasolina e o governo não se aproveitar da "baixa" para aumentar a já alta carga tributária que incide sobre os combustíveis, diz. "Lembro que, mesmo com a queda das últimas semanas, o preço médio da gasolina no Brasil ainda está acima da média internacional. Estima-se que este preço médio seja de US$1,02, equivalente a R$ 3,193, acima dos R$ 3,647 cobrados em média no Brasil, semana passada, segundo levantamento da ANP", atenta o consultor.

Posto adota desconto para motoristas de aplicativos

Ribeiro diz que a promoção elevou consumo em 10%, compensando que do consumo geral

Ribeiro diz que a promoção elevou consumo em 10%, compensando que do consumo geral


FREDY VIEIRA/JC
O posto na esquina da avenida Ipiranga com rua Monteiro Lobato, zona leste de Porto Alegre, resolveu baixar preços ainda mais, mas para motoristas de aplicativos. Uma placa na calçada em frente ao estabelecimento, quase na rua, avisa: Desconto Cabify, Uber e táxi". Foi a saída para tentar fisgar um mercado para a demanda que cresce para esses aplicativos e compensar a queda nas vendas para a clientela geral.
"Surgiu a ideia de pegar esses motoristas que usam o combustível como principal insumo, com preço mais competitivo para eles e a gente ganhar. Deu certo, aumentou o consumo em 10%", garante o gerente Rafael Ribeiro. 
Ribeiro reforça que as pessoas estão trocando o carro pessoal pelo transporte acessado pelo aplicativo, pois "veem que é mais barato", o que afeta o fluxo na bomba. Enquanto o litro da gasolina comum está R$ 3,479 para a clientela comum, para os motoristas de apps está R$ 3,429. Sobre cair mais o preço, o gerente diz não saber. "Só o mercado para dizer, e a gente acompanha o mercado."
A promoção começou em 8 de março. O abastecimento dos motoristas de apps já responde por 10% da compra total do estabelecimento, que soma 100 mil litros por mês. Foi uma solução no momento certo, pois o consumo tinha caído 10%. "Tem bastante motorista, são grandes clientes." O posto, na verdade, copiou a estratégia de vizinhos. O gerente diz que a promoção foi adotada apenas pela filial da rede com 22 postos. "Os motoristas abastecem onde estão, mas eles comentam que tem aqui para outros".
Também para o público em geral o preço vem recuando. Estava a R$ 3,659 há duas semanas, passou a R$ 3,559, depois chegou a R$ 3,499 e agora está a R$ 3,479. "Muda tanto que me perco nos valores. É uma tentativa de erguer o consumo, mas não está dando muito certo", lamenta Ribeiro.