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Estados Unidos

- Publicada em 05 de Março de 2017 às 17:02

Plano de Donald Trump esbarra em perfil migratório

Entre 2010 e 2015, apenas 41% dos que chegaram tinham graduação

Entre 2010 e 2015, apenas 41% dos que chegaram tinham graduação


SCOTT OLSON/AFP/JC
Um sistema de imigração baseado no mérito, que beneficia quem tem melhor qualificação profissional, parece ter se tornado a nova obsessão de Donald Trump. Em seu discurso ao Congresso na terça-feira, ele defendeu uma reforma migratória que leve o país a uma política como as adotadas no Canadá e na Austrália. Na sexta-feira, voltou a dizer que o sistema baseado no mérito "é o caminho a ser seguido".
Um sistema de imigração baseado no mérito, que beneficia quem tem melhor qualificação profissional, parece ter se tornado a nova obsessão de Donald Trump. Em seu discurso ao Congresso na terça-feira, ele defendeu uma reforma migratória que leve o país a uma política como as adotadas no Canadá e na Austrália. Na sexta-feira, voltou a dizer que o sistema baseado no mérito "é o caminho a ser seguido".
No entanto, a aplicação nos EUA de um modelo que considera itens como nível educacional, habilidade com o idioma, experiência de trabalho, idade e laços com o país na hora de conceder a residência permanente é vista com cautela por entidades do setor. Ainda mais em um cenário de endurecimento das regras do Departamento de Segurança Doméstica, que colocou como prioridade para deportação imigrantes ilegais que tenham cometido qualquer tipo de crime e que permite a expulsão rápida de quem está nos EUA há menos de dois anos.
Estima-se que 11 milhões de estrangeiros irregulares vivam nos EUA hoje. Em 2015, 1 milhão de pessoas receberam o green card. Destes, 64,6% obtiveram residência permanente por já terem parentes no país, e apenas 13,7% por razões profissionais.
No Canadá e na Austrália, a lógica é inversa - e a demanda muito menor. No primeiro, 272 mil pessoas receberam a residência permanente, dos quais 62,7% por motivos profissionais. Na Austrália, 67,7% dos 190 mil beneficiados também conseguiram o status com base nas habilidades de trabalho.
Dos que obtiveram o green card nos EUA, 43% não tinham um emprego em seu país de origem. Segundo um levantamento do Pew Research Center, apenas 41% dos imigrantes que chegaram entre 2010 e 2015 ao país tinham um diploma de graduação.
"O meu medo é que eles mantenham o foco sobre uma parcela relativamente pequena de imigrantes e cortem o número maior", diz Tamar Jacoby, presidente da organização ImmigrationWorks USA, que assessora republicanos.
Para democratas e críticos, a proposta de Trump serviria para camuflar uma tentativa de barrar a chegada de imigrantes de países mais pobres - em geral, latinos. O sistema do Canadá, em parte copiado pela Austrália, se baseia em uma pontuação, atribuída a partir da análise de currículo e provas, como de fluência no idioma.
Para Julia Gelatt, do Instituto de Política Migratória, usar esse tipo de sistema para excluir imigrantes com pouca formação seria prejudicial ao próprio país, que precisa dessa mão de obra. "Sem o imigrante com menor nível de educação, é possível que alguns tipos de indústria não consigam competir com concorrentes estrangeiros e acabem levando suas fábricas para fora do país."
Julia destaca, inclusive, que o Canadá também teve de rever seu sistema quando houve inchaço de trabalhadores com boa qualificação e não havia mão de obra para subempregos. Em 2002, o país criou uma categoria temporária de visto para trabalhadores menos qualificados. "Os EUA vão ter de achar algo similar se forem mudar para um sistema puramente baseado no mérito", diz.
Para Howard Chang, da Universidade da Pensilvânia, um modelo baseado no mérito poderia ser aplicado nos EUA, semelhante ao aprovado pelo Senado em 2013, que previa também visto aos menos qualificados. "E esse visto não previa acesso a benefícios oferecidos a imigrantes ou norte-americanos", diz, rebatendo o argumento de Trump de que os imigrantes sobrecarregam o sistema público.

Democratas e membros do governo Obama negam acusações de grampo

Membros do partido Democrata e do antigo governo de Barack Obama se manifestaram sobre as acusações de grampo telefônico feitas pelo atual presidente, Donald Trump. Nancy Pelosi, do partido Democrata, chamou as declarações de "ridículas", enquanto James Clapper, antigo diretor nacional de inteligência, negou as acusações.
"Nós não fizemos isso", disse Nancy, acrescentando que Trump segue o manual de invenções. A democrata da Califórnia disse que é "uma ferramenta de um autoritário", que sempre deseja que as pessoas falem sobre algo que ele mesmo queira.
James Clapper ressaltou que, durante sua atividade no comando da inteligência nacional, "não houve nenhuma atividade de escutas telefônicas contra o presidente eleito, quando candidato ou contra sua campanha". Clapper reiterou que como diretor de inteligência, ele saberia de algo do tipo e negou absolutamente.
No sábado, pelo Twitter, Trump acusou Obama de ter ordenado o grampo telefônico. Neste fim de semana, tanto o secretário de imprensa, Sean Spicer, como a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, pediram investigações do Congresso sobre alegações de que o governo anterior fez grampos telefônicos na Trump Tower durante a campanha presidencial. Sarah, no entanto, se recusou a revelar como Trump conseguiu a informação e o motivo pelo qual acusa o ex-presidente.