Uma das imagens mais marcantes de Porto Alegre, o Monumento ao Laçador está mal das pernas. Concentra-se na base da escultura a maior parte das fissuras e porosidades que colocam em risco a estrutura, segundo resultados de inspeção promovida pelo Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), divulgados ontem. O restaurador francês Antoine Amarger, um dos responsáveis pela análise, afirma que a estátua "não vai desabar amanhã", mas estima que até um quarto da circunferência da base esteja comprometida. Foi a primeira inspeção desde a inauguração da obra, em 1958.
O principal problema está na condensação de água dentro da estátua. Ainda que a obra seja parcialmente oca, a base do bronze está cheia de concreto, e não há espaço para ventilação. Com isso, há acúmulo de líquido, causando fissuras e porosidades no metal. Além das pernas, o problema atinge pontos como o braço esquerdo, o queixo e a nuca do monumento.
"Não é uma urgência, mas é grave. Se não forem tomadas providências, esses problemas vão trazer consequências bem mais sérias a médio prazo", adverte Zalmir Chwartzmann, vice-presidente do Sinduscon-RS.
A escultura, finalizada por Antonio Caringi em 1954, foi erguida a partir de um método chamado cera perdida, que requer a soldagem de diferentes peças. Parte dessas soldagens usou técnicas ainda rudimentares, que potencializam os problemas. Um buraco na mão direita do laçador, feito para prender o laço ao restante da peça, também acaba enchendo de água, pingando e manchando a estátua.
Um relatório será entregue à prefeitura de Porto Alegre com os resultados da investigação, feita em paralelo a um ateliê-escola que capacitou profissionais para a conservação de esculturas em metal.
Caberá ao governo municipal disparar a próxima etapa, solicitando um projeto para restauração do Laçador. Uma das possíveis intervenções, diz Amarger, é a inclusão de estruturas extras na base, como forma de distribuir melhor o peso e ventilar o interior da obra.