A greve do magistério estadual começou ontem, com manifestações em diferentes pontos do Rio Grande do Sul. Segundo a presidente do Cpers/Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, mais de 30 cidades gaúchas tiveram atos de professores. Em Porto Alegre, a principal mobilização foi à tarde, na Praça da Matriz, tradicional espaço de protestos da categoria.
Em frente ao Palácio Piratini, centenas de professores gritaram palavras de ordem contra o governo de José Ivo Sartori, exigindo o fim dos parcelamentos de salários do funcionalismo e a manutenção do plano de carreira, entre outras demandas. Em seguida, grupos menores se dirigiram à Assembleia Legislativa, onde visitaram os gabinetes de cada um dos deputados estaduais. Além de entregar um documento pedindo que os parlamentares votem contra as medidas do pacote econômico de Sartori, a ideia era gravar depoimentos em que os deputados se posicionassem contrários à reforma da Previdência proposta pelo governo federal. A oposição às mudanças na aposentadoria é uma agenda nacional dos professores, que promovem paralisações em todo o País.
"Temos o direito de saber o que eles (deputados) pensam, eles nos devem esse esclarecimento. Se não quiserem gravar, é sinal de que são a favor da reforma. E nós vamos cobrar", assegura Helenir. A estratégia é regionalizar a pressão sobre os políticos, atuando junto a suas bases eleitorais. O Cpers também distribuiu uma cartilha, na qual expõe os pontos que considera perigosos na reforma da Previdência.
Pela manhã, os professores em greve promoveram ato na escola Costa e Silva, no bairro Medianeira, em Porto Alegre. Um dos docentes que lecionava no colégio foi desligado após alterar o nome da escola em algumas atividades, adotando o termo "ditador". Para o Cpers, o caso é simbólico das perseguições que a categoria está sofrendo.
De acordo com o sindicato, cerca de 80% das escolas estaduais fecharam as portas no primeiro dia de greve, que se estenderá por tempo indeterminado. A previsão é que, a partir de hoje, o Cpers tenha dados consolidados sobre a adesão, em especial no Interior do Estado. Nos próximos dias, o comando de greve deve visitar escolas que não interromperam as aulas, tentando convencer os docentes a participarem da paralisação.
Por meio de assessoria, a Secretaria Estadual da Educação afirmou que trabalha os números apenas internamente, junto às coordenadorias regionais, mas que a adesão à greve é "mínima" e a maioria das escolas segue as aulas normalmente.