Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Trabalho

- Publicada em 12 de Março de 2017 às 22:55

Galpões de triagem rendem pouco, afirmam catadores

Somente 4,6% dos resíduos sólidos são reciclados em Porto Alegre

Somente 4,6% dos resíduos sólidos são reciclados em Porto Alegre


FREDY VIEIRA/JC
Um dos pilares dos projetos que envolvem o fim da circulação de carrinhos em Porto Alegre, os galpões de triagem de resíduos sólidos deveriam absorver boa parte da demanda de trabalho criada pela saída dos catadores das ruas. Desde a última sexta-feira, o uso de veículos de tração humana está, em teoria, proibido na Capital. No entanto, a margem de lixo reciclado na cidade ainda é baixa, e representantes da categoria reclamam que a coleta seletiva feita pelos caminhões não tem sido suficiente para que os galpões trabalhem em plena capacidade.
Um dos pilares dos projetos que envolvem o fim da circulação de carrinhos em Porto Alegre, os galpões de triagem de resíduos sólidos deveriam absorver boa parte da demanda de trabalho criada pela saída dos catadores das ruas. Desde a última sexta-feira, o uso de veículos de tração humana está, em teoria, proibido na Capital. No entanto, a margem de lixo reciclado na cidade ainda é baixa, e representantes da categoria reclamam que a coleta seletiva feita pelos caminhões não tem sido suficiente para que os galpões trabalhem em plena capacidade.
"São poucos resíduos que chegam. Em várias cooperativas, o galpão acaba não funcionando durante alguns dias, ou é preciso limitar a quantidade de pessoas para trabalhar", denuncia Alex Cardoso, do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis. Segundo ele, o modelo da prefeitura, que faz a coleta seletiva com caminhões e leva o material para as cooperativas, acaba não se justificando, uma vez que é de alto custo e produz pouco ganho para os trabalhadores.
Dados apresentados pela prefeitura no segundo semestre do ano passado apontam que até 23% dos resíduos sólidos encaminhados para o aterro de Minas do Leão poderiam ser reaproveitados. Isso significa que cerca de 276 toneladas de lixo reciclável acabam sendo desperdiçadas todos os dias. Segundo estudo realizado em 2016 pela Universidade Tecnológica Federal Paraná, em parceria com o CNPq e o Observatório da Política Nacional de Resíduos Sólidos, apenas 4,6% de todos os recicláveis são aproveitados na Capital. O município produz cerca de 1,12 quilos de resíduos por pessoa/dia.
"A situação dos catadores é reflexo da relação que temos com a prefeitura", acentua Cardoso. "Como não há interesse na gente, acabamos tendo que trabalhar com carrinhos caindo aos pedaços. Se fôssemos contratados, e o valor do contrato abarcasse as tecnologias de coleta, faríamos bem menos esforço e coletaríamos muito mais. Nossa primeira demanda é que os catadores sigam na rua, e que isso possa ser feito com equipamento adequado. Enquanto isso, temos que atuar com os carrinhos", argumenta.
A ideia defendida por Cardoso é a de um projeto-piloto de coleta coletiva solidária, em uma parceria entre prefeitura e catadores. Pela proposta, unidades de catadores seriam estabelecidas nos bairros Tristeza e Assunção, abastecendo a Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis do Loteamento Cavalhada. A prefeitura forneceria dois carros e um caminhão, além de remunerar os catadores a partir dos valores obtidos na venda de resíduos para reciclagem.

População deve fazer separação de resíduos, diz secretaria

Segundo dados do Todos Somos Porto Alegre, projeto desenvolvido para a reinserção profissional dos recicladores, cerca de mil carrinheiros passaram a trabalhar em unidades de triagem desde o início do programa, em 2012. Outros trabalhadores receberam capacitação para atuar em outros setores, como comércio, gastronomia e construção civil. Os dados mais recentes, de 2014, são de 2.265 pessoas cadastradas no projeto, atingindo cerca de 1.300 famílias. De acordo com a coordenadora, Denise Souza Costa, a iniciativa terá continuidade pelo menos até o final deste ano.
De acordo com o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), cerca de 100 toneladas de resíduos são enviadas diariamente às 17 unidades de triagem conveniadas junto à prefeitura. Esses locais, depois, comercializam os resíduos selecionados com empresas recicladoras. Em torno de 700 pessoas estariam trabalhando atualmente nas unidades.
Para ampliar a quantidade de resíduos que chegam aos galpões, a Secretaria de Serviços Urbanos da Capital diz que a população precisa fazer a sua parte. "A separação dos resíduos é essencial e poderia aumentar em muito o trabalho e a renda de quem trabalha nas unidades", afirma o órgão, em nota.
Segundo o texto, estão sendo feitas obras de melhorias nas unidades de triagem cadastradas, além da aquisição de equipamentos de capacitação profissional e ações de educação ambiental. O objetivo é aumentar o volume e a qualidade da coleta e a renda nas unidades de triagem, abrindo mais vagas para os carrinheiros.