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Teatro

- Publicada em 27 de Março de 2017 às 14:16

Continuidade com renovação

Karen Radde já era atriz do Teatro Novo ao tempo em que Ronald Radde, seu pai, dirigia o grupo. Agora, dá continuidade ao trabalho, imprimindo-lhe sua própria personalidade, com este Robin Hood, recém-estreado na sede do Teatro Novo, no DC Navegantes. A sala estava lotada, o que é ótimo. O tema não deixa de seguir a receita que Radde desenvolvera, ligando-se a sucessos literários e, sobretudo, cinematográficos. Mas há inovações significativas, já a partir da dramaturgia. Embora Karen Radde continue buscando o público que consagrou Ronald, a gurizada - ao lado de Daniel Anillo, que com ela assina o texto - procurou valorizar o elemento cômico e tratou de torná-lo mais próximo das crianças.
Karen Radde já era atriz do Teatro Novo ao tempo em que Ronald Radde, seu pai, dirigia o grupo. Agora, dá continuidade ao trabalho, imprimindo-lhe sua própria personalidade, com este Robin Hood, recém-estreado na sede do Teatro Novo, no DC Navegantes. A sala estava lotada, o que é ótimo. O tema não deixa de seguir a receita que Radde desenvolvera, ligando-se a sucessos literários e, sobretudo, cinematográficos. Mas há inovações significativas, já a partir da dramaturgia. Embora Karen Radde continue buscando o público que consagrou Ronald, a gurizada - ao lado de Daniel Anillo, que com ela assina o texto - procurou valorizar o elemento cômico e tratou de torná-lo mais próximo das crianças.
Aparentemente, Karen e Anillo buscaram falar tanto com a gurizada quanto com os adultos, os pais que levam as crianças ao teatro. Assim, o texto se abre a dois tipos diferentes de registros, mas a exemplo de outras tentativas, com grupos os mais variados, sobretudo quando se trata de espetáculo infantil, a falta de definição sobre a que público efetivamente se destina, acaba gerando problemas de comunicação. Muitas piadas e brincadeiras, dirigidas claramente ao público adulto, não alcançam a criança, mas não chegam a sensibilizar o adulto, porque são lugares comuns. Parece que as crianças estão mais propensas a reagir a qualquer apelo vindo do palco do que propriamente a refletir sobre o que se diz. Na verdade, elas não chegam a "escutar" objetivamente - a vaia quando o Príncipe anuncia aumento de impostos pode ser uma paródia da atual situação envolvendo a presidência da República, no que tange aos adultos -, mas só provoca vaias na plateia, porque o playback a isso induz o auditório.
O segundo problema tem a ver com a direção. A partir do texto, Karen Radde procura dar maior realismo às personagens, afastando-as parcialmente daquela aura heroica das histórias tradicionais já conhecem. Mas, na verdade, as tipificações estão, de certo modo, introjetadas pela plateia, de modo que a figura do "bruxo", por exemplo, é divertida para o adulto, mas não chega a ter resposta efetiva por parte da gurizada.
Por fim, algumas questões técnicas: o playback, ao menos na tarde do domingo a que assisti ao espetáculo, está muito alto e termina encobrindo a voz de alguns atores, como Renata Bregagnol, que tem boa presença em cena e, aparentemente, uma fala interessante, mas cujas intervenções se perdem em meio à música e outros ruídos de palco. De modo geral, a direção de Karen Radde procurou valorizar a movimentação das personagens no palco, o que é muito bom. Mas parte do elenco ainda não segue completamente tais orientações, ou não houve plena sintonia entre o pessoal da técnica (em especial, o do som) e os atores, de modo que o espetáculo ainda carece de ritmo. Em muitos momentos, é como se os intérpretes esperassem algum comando que deve vir de um imaginário ponto ou do colega com quem estão a contracenar.
O novo elenco, contudo, traz boas revelações. Fabrício Gorziza, como o herói Robin Hood, tem naturalidade, ao lado da Lady Marian, de Lívia Perrone, que tem boa voz, inclusive para cantar. O Frei Tuck, de Lucas Sampaio, é divertidíssimo e bem composto, mas o Príncipe João, de Juliano Passini, ainda carece de maior convencimento, precisa ter mais cara e comportamento de mau. Daniel Anillo vive um João Pequeno - como me acostumei a ler, e não Pequeno João - ainda sem identidade, enquanto Vinicius Mello, como o Xerife, e Luciano Pieper, na pele de Dinfrim, fazem bons contrastes com as demais personagens, inclusive Yuri Niederauer, como Lord Mack. Um pouco mais de ritmo e talvez maior concentração do elenco, e o espetáculo ganhará consistência. De qualquer modo, as renovações são bem-vindas e mostram a disposição de Karen Radde a dar continuidade ao Teatro Novo, ao mesmo tempo em que o renova.
P.S.: O leitor vai estranhar, mas este P.S. é fundamentalmente necessário: na coluna da semana passada, a respeito de Ícaro, referi o acidente sofrido pelo ator Luciano Mallmann como tendo ocorrido no Circo Girassol, de Dilmar Messias, em Porto Alegre. Era a informação que tinha: errada. Portanto corrijo e peço desculpas, ao leitor, antes de mais nada, e a Dilmar Messias, a quem sempre admirei e respeitei, e continuo admirando a respeitando. Espero que o erro não tenha prejudicado demais o diretor.
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