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- Publicada em 10 de Março de 2017 às 17:52

Instituto Amigos de Lucas: Padrinhos de coração

Rodrigues destaca importância do amparo aos jovens

Rodrigues destaca importância do amparo aos jovens


MARCO QUINTANA/JC
Samuel Lima
Por lei, nenhuma criança ou adolescente deveria passar mais de dois anos em um programa de acolhimento institucional. Esse é o período que o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê como limite para que se esgote todas as possibilidades de retorno de um jovem para a família, que seja encaminhado para a adoção e, por fim, para que encontre um novo lar. Não é isso o que acontece, por diversos motivos - entre eles a discrepância entre o perfil da maioria das crianças cadastradas e o de filho imaginado pelos que aguardam na fila de adoção.
Por lei, nenhuma criança ou adolescente deveria passar mais de dois anos em um programa de acolhimento institucional. Esse é o período que o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê como limite para que se esgote todas as possibilidades de retorno de um jovem para a família, que seja encaminhado para a adoção e, por fim, para que encontre um novo lar. Não é isso o que acontece, por diversos motivos - entre eles a discrepância entre o perfil da maioria das crianças cadastradas e o de filho imaginado pelos que aguardam na fila de adoção.
No Rio Grande do Sul, o número de crianças cadastradas é de 575, sendo 212 apenas na Capital. Já o número de pessoas na espera para adotar é bem maior: 5.741 pedidos no Estado, 503 em Porto Alegre. De acordo com o juiz titular da 2ª Vara da Infância e Juventude de Porto Alegre, Marcelo Mairon Rodrigues, o fato de parte dos atendidos ser um grupo de irmãos, ter alguma deficiência ou estar com idade mais avançada (a estimativa é de que apenas um quarto dos brasileiros interessados na adoção admitam crianças com quatro anos ou mais) dificulta o acerto. É por isso que foi criada uma medida alternativa à adoção: o apadrinhamento afetivo.
A iniciativa não concede a guarda dos jovens aos padrinhos, mas permite que essas pessoas façam parte da vida dos afilhados, desempenhando papel importante de incentivo e carinho fora de uma instituição social. A técnica em enfermagem Letícia da Costa, 25 anos, e o almoxarife João Freires, 30, decidiram fazer parte do treinamento para padrinhos afetivos há cinco anos, por meio do Instituto Amigos de Lucas, de Porto Alegre. Passaram por todo o processo, que envolve conversa com psicólogos, oficinas e envio de documentação.
A ansiedade tomou conta do casal de Canoas na primeira festinha no abrigo residencial 06-NAR Belém Novo (gerido pela Fundação de Proteção Especial do Estado), mas terminaram sem afilhado. Foi no segundo encontro que o marido encontrou o Vítor Gabriel, então com cinco anos, que tem paralisia cerebral. "Ele se apaixonou completamente", conta Letícia. "Quando me disse que o menino tinha a deficiência, eu entrei em choque. Não tínhamos carro, morávamos em outro município. Mas quando eu conheci o Gabriel, vi porque tudo isso não importava."
O casal começou então a fazer visitas regulares na instituição. Depois, receberam autorização do Judiciário para passar a noite com o Gabriel em casa, para viajar. "Fomos criando vínculo, criando amor", lembra ela. Até que, há cerca de um ano e meio, concordaram em adotar o menino. "Não tenham medo de apadrinhar. Não se perde nada, só se ganha."
Casos como esse não são regra, e, mesmo quando o apadrinhamento não resulta em adoção, o benefício para a formação das crianças é enorme, conforme Rodrigues. "Esse jovem terá um apoio moral e amparo em todas as fases da sua vida. Mesmo depois de atingir a maioridade, quando sai do abrigo, ele vai ter naquele padrinho uma referência", defende o juiz. Há cerca de 270 apadrinhamentos ativos no Estado, número que poderia dobrar, segundo ele. São 1,3 mil crianças e adolescentes acolhidos hoje na Capital.
Rosi Prigol, presidente do Instituto Amigos de Lucas, afirma que o programa é importante por dar à criança uma visão de lar, um modelo de família fora da instituição de acolhimento. Seria difícil até mesmo medir o quanto as visitas interferem positivamente no acolhido. "A autoestima deles melhora; ficam mais contentes por passarem um tempo fora do ambiente institucional", comenta a coordenadora das casas lares e vice-diretora do Abrigo João Paulo II, Camila Monteiro.
Em Porto Alegre, o Instituto Amigos de Lucas, o Abrigo João Paulo II e a Fundação de Proteção Especial do Estado (FPE) têm hoje programas próprios de apadrinhamento. O processo é similar em todas elas: inscrições, entrevistas com psicólogos, oficinas preparatórias, aproximação do padrinho com a criança, primeiras visitas e termo de autorização, com validade de um ano e passível de prorrogação. Há pequena variação nos requisitos, como a diferença mínima de idade entre padrinho e afilhado. A comarca da Capital promete unificar as regras ainda neste ano.
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