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comércio exterior

- Publicada em 06 de Março de 2017 às 14:50

Exportação reage e deve ter o melhor resultado em três anos

Melhora deve ter um reflexo direto na balança comercial

Melhora deve ter um reflexo direto na balança comercial


ASSCOM APPA/DIVULGAÇÃO/JC
O Brasil entrou em 2017 com o melhor cenário dos últimos três anos para o crescimento das exportações. Dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) indicam que os termos de troca brasileiros - a relação entre os preços das exportações e importações - atingiram o melhor nível desde 2014. Grande parte desse comportamento está relacionada à alta dos preços das commodities (matérias-primas, como soja e minério de ferro), que representam cerca de 60% das vendas externas do País.
O Brasil entrou em 2017 com o melhor cenário dos últimos três anos para o crescimento das exportações. Dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) indicam que os termos de troca brasileiros - a relação entre os preços das exportações e importações - atingiram o melhor nível desde 2014. Grande parte desse comportamento está relacionada à alta dos preços das commodities (matérias-primas, como soja e minério de ferro), que representam cerca de 60% das vendas externas do País.
Na relação dos termos de troca, os preços das exportações do País cresceram acima dos preços das importações. As vendas externas foram puxadas, principalmente, pelo aumento do minério de ferro, cuja cotação mais que dobrou num ano. Em janeiro, o índice de termos de troca ficou em 117,3, número mensal que não era atingido desde janeiro de 2014.
Essa melhora deve ter um reflexo direto na balança comercial. Nas projeções da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), as exportações brasileiras devem atingir neste ano US$ 197 bilhões, o melhor resultado também desde 2014, quando alcançaram US$ 225 bilhões. Boa parte disso virá exatamente das commodities, cujas vendas externas devem crescer 15,8%, depois de uma queda de 9,2% no ano passado. Segundo o presidente da AEB, José Augusto de Castro, os produtos básicos terão uma participação de 61,3% nas exportações deste ano. No ano passado, essa fatia foi de 57,8%.
Em fevereiro, essa recuperação da balança comercial já se apresentou: as exportações cresceram 22,4% em relação ao mesmo mês de 2016, chegando a US$ 15,4 bilhões. André Mitidieri, economista da Funcex, afirma que a melhora nos termos de troca começou em meados do ano passado e deve se manter neste ano, mesmo com a valorização do real frente ao dólar. No segundo semestre de 2016, o índice médio do preço das exportações aumentou 11,4% em relação à primeira metade do ano, enquanto o índice médio das importações subiu apenas 1,2%.
Em janeiro, o índice das exportações aumentou 19,6% em relação a igual mês de 2016, e o das importações caiu 1%. Além de melhorar o comércio internacional, "quando os termos de troca são mais favoráveis, o País tem ganho maior de renda, gerando impacto em vários setores, por exemplo, nas vendas de máquinas agrícolas, insumos e fertilizantes", afirma Mitidieri.
A recuperação dos preços médios das commodities, após cinco anos de queda, é um importante reforço para a retomada da economia brasileira. Para analistas, um movimento sustentado de alta vai puxar as exportações e a produção interna de produtos básicos, evitando assim que o Produto Interno Bruto (PIB) do País tenha nova contração.
"A melhora na relação de troca pode contribuir não apenas para o início do próximo ciclo de crescimento econômico, mas também para torná-lo mais sustentável", afirma Fabio Silveira, sócio-diretor da MacroSector Consultores.
O economista Marco Caruso, do Banco Pine, reforça que a maior renda obtida nas exportações vai se traduzir em investimentos no País, ajudando assim no crescimento econômico. "A entrada de dólares vai continuar, pois o que o País vende está mais valorizado do que o que compra de fora."
No primeiro bimestre, o preço médio das commodities registrou alta de 36% em relação ao mesmo intervalo de 2016, conforme índice adotado pelo Itaú Unibanco, composto pelos preços, em dólares, de 22 produtos negociados nas bolsas internacionais que são relevantes para o Brasil.
Analistas ressaltam, porém, que os dois primeiros meses do ano passado registraram o pior desempenho para o período em 11 anos. Para o ano, a projeção do Itaú é de alta de 12%. "As commodities subiram bastante desde as mínimas em fevereiro de 2016 e agora, no começo de 2017, avançaram, principalmente o minério de ferro", diz Artur Passos, economista do Itaú Unibanco.
O economista e ex-presidente do Bndes Luiz Carlos Mendonça de Barros aposta em novo ciclo de expansão das commodities, pois, além da China, a Europa voltou a crescer, assim como os EUA. Mas, segundo ele, o crescimento não será igual ao que ocorreu entre 2011 e 2015. "Naquela época, a China crescia 15% ao ano, e agora cresce 7%."
Na opinião de Rafael Ohmachi, analista da Guide Investimentos, são exatamente as commodities ligadas à atividade econômica, como as metálicas (minério, cobre e níquel) e de energia (petróleo e gás), que deverão contribuir mais neste ano para a recuperação do PIB.
No caso das mercadorias agrícolas, porém, os preços devem cair, diz Ohmachi, em razão do aumento das safras no Brasil e em outros países, "porque não estão previstos os fenômenos El Niño e La Niña, que nos últimos dois anos quebraram várias safras e limitaram a oferta de produtos".

Na indústria, câmbio prejudica vendas externas

A fabricante de componentes elétricos Steck agora só exporta para ajudar a movimentar a fábrica. "Vou ter margem de lucro zero, mas ajuda a manter a carga e deixar o custo de produção mais baixo. Quem exporta, hoje, faz isso por esporte. A gente até conseguiria se adaptar ao dólar mais baixo, mas ainda tem de se planejar com toda essa volatilidade", diz Luis Valente, presidente da empresa.
Vistas como uma alternativa para ocupar parte da capacidade ociosa da indústria de transformação e repor as perdas de um mercado interno que ainda patina, as vendas ao exterior devem contribuir menos para as receitas do setor neste ano. Parte dos fabricantes diz já vender ao exterior com prejuízo.
Como não podem contar com o consumo interno, muito reprimido, eles também insistem em exportar para cumprir os contratos que fizeram no ano passado ou manter as marcas nos mercados estrangeiros, mais fechados e concorridos.Em um ano, a divisa norte-americana acumula uma desvalorização de mais de 18%. Entidades representativas de 10 seguimentos da indústria avaliam que a moeda norte-americana deveria estar entre R$ 3,40 e R$ 3,80. "É fato que a indústria hoje exporta para não ficar parada.
No cenário atual, o fabricante olha para o mercado interno, ainda em frangalhos, e vê a janela para exportar estreita. Os custos de produção de manufaturados no País fazem com que o Brasil fique ainda menos competitivo", avalia o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Casto. "Estamos acelerando a desindustrialização." Horizonte volátil. Com o câmbio apreciado, as empresas quebram de vez outra vez, diz o ex-ministro da Fazenda Luis Carlos Bresser Pereira. "O que permitiria a retomada da indústria seria o dólar a R$ 3,80 ou a R$ 4,00."
Na visão de Bresser Pereira, o Banco Central precisa intervir para apreciar o câmbio. "Mas não é só intervir. Quais foram as políticas contracíclicas que este governo tomou? Não conheço nenhuma. Só se eu chamar de contracíclica afinal o Banco Central, depois de um imenso atraso, começar a baixar juros. Fora esses juros absolutamente escandalosos, não vimos nada."
A West Coast teve de desativar uma de suas fábricas para compensar o freio da economia. "Agora, nossa meta é usar toda a capacidade instalada das cinco plantas em operação, e contamos com as exportações para ajudar. Vamos conseguir exportar com certa margem pelos próximos meses, mas quando chegarmos no segundo semestre, não sei", diz Eduardo Schefer, sócio da calçadista.
"Grande parte da desaceleração econômica do País após 2011 se deu pela estagnação industrial. Se 2015 teve algo positivo, foi o ajuste do câmbio, mas agora estamos perdendo isso", analisa José Luis Oreiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "A recuperação virá pela indústria."

Metais e petróleo darão sustentação à economia

Preços do óleo deve se manter próximos aos atuais ao longo do ano

Preços do óleo deve se manter próximos aos atuais ao longo do ano


BANCO DE IMAGENS PETROBRAS/DIVULGAÇÃO/JC
Commodities mais ligadas à atividade econômica, como as metálicas (minério, cobre e níquel) e de energia (petróleo e gás), deverão contribuir mais neste ano para a recuperação do PIB, na opinião de Rafael Ohmachi, analista da Guide Investimentos. Segundo ele, a valorização do real não está, por enquanto, levando a uma queda interna dos preços das matérias-primas.
No caso das mercadorias agrícolas, os preços devem cair, diz Ohmachi, em razão do aumento das safras no Brasil e em outros países, "porque não estão previstos os fenômenos El Niño e La Niña, que nos últimos dois anos quebraram várias safras e limitaram a oferta de produtos".
Ohmachi acredita que, no Brasil, "o desempenho das commodities tende a dar sustentação para a economia, principalmente nas exportações, o que ajuda a melhorar o PIB como um todo". Segundo ele, o volume maior nas vendas externas pode inclusive compensar eventuais perdas cambiais. Ele ressalta, contudo, que "uma eventual onda global de protecionismo pode ser um risco".
O economista e ex-presidente do Bndes Luiz Carlos Mendonça de Barros aposta em novo ciclo de expansão das commodities pois, além da China, a Europa voltou a crescer, assim como os EUA. Segundo ele, o crescimento não será igual ao que ocorreu entre 2011 e 2015. "Naquela época, a China crescia 15% ao ano, e agora cresce 7%."
A alta das commodities também ficará longe do boom de 2008 quando, lembra Artur Passos, economista do Itaú Unibanco, houve uma explosão de preços em meio a um crescimento global forte, que levou a demanda por matérias-primas a superar a oferta. Além disso, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) reduziu a expansão da oferta e os preços dispararam. Naquele ano, o preço médio anual das commodities aumentou 25% em relação a 2007. O PIB brasileiro, por sua vez, cresceu 5,2%.

Recuperação das importações é sinal de retomada da atividade

 Para o ano, Abrão projeta repetir superávit dem 2016, que foi de US$ 47,7 bilhões

Para o ano, Abrão projeta repetir superávit dem 2016, que foi de US$ 47,7 bilhões


ABR/JC
A recuperação das importações, principalmente de insumos e combustíveis, é um "forte sinal" de retomada da atividade econômica, avalia o secretário de Comércio Exterior, Abrão Neto. Em fevereiro, as importações cresceram pelo terceiro mês consecutivo, subindo 11,8% depois de um período de quedas que começou em setembro de 2014. Subiram as compras de insumos agrícolas, como adubos e fertilizantes, e bens intermediários da produção industrial, como partes e peças de equipamentos mecânicos e de aviação.
A quantidade importada subiu 9,2%, enquanto o preço ficou praticamente estável, em 0,1%. Para o secretário, ainda não há efeito do câmbio nas operações com o exterior. Mesmo nas importações, em que o impacto da variação do dólar é mais rápido, a visão é que a recuperação se dá pelo crescimento da demanda interna, e não pelo preço.
Já as quantidades exportadas no primeiro bimestre caíram 0,9%, mas o aumento do preço em 21,5% compensou esse movimento, levando a um crescimento de 22,4% no valor exportado. "Isso representa um cenário muito positivo para a balança comercial brasileira, que está fazendo um superávit recorde com o aumento das exportações e das importações", analisou.
A queda nas quantidades exportadas foi puxada principalmente pelo recuo nas vendas de minério de ferro, açúcar e milho. Também houve aumento no montante vendido para quase todos os destinos da produção brasileira, com destaque para o crescimento de 78% nas vendas para a China e no sétimo mês consecutivo de aumento nas exportações para a Argentina (18,4%).