A cerimônia do Oscar, neste domingo, em Los Angeles, pode ser duplamente histórica para a indústria cinematográfica norte-americana. Favorito a melhor filme, o musical La la land - cantando estações foi indicado 14 vezes - igualando o número dos fenômenos A malvada (1950) e Titanic (1997). Entretanto, nem só louvação ou discórdia sobre este longa marcam o evento. Com transmissão do TNT a partir das 21h, a noite de gala pode consolidar o primeiro passo para mudanças na Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. A entidade busca renovação desde o ano passado - quando sofreu duras críticas devido à hegemonia branca.

Em 2016, nenhum dos longas-metragens que concorreram ao principal destaque da noite tinham atores negros nos papéis principais. Na lista de 2017, três dos nove indicados não têm brancos como protagonistas: Um limite entre nós, Estrelas além do tempo e Moonlight - sobre a luz do luar. O último é o maior candidato a desbancar La la land - embora o favoritismo esteja mesmo com o filme do jovem cineasta Damien Chazelle: o musical já venceu os prêmios dos sindicatos dos diretores e dos produtores. Outra novidade é que, pela primeira vez, há negros disputando estatuetas em todas as categorias de atuação: o veterano Denzel Washington, por exemplo, está na sétima indicação e pode levar seu terceiro prêmio. Já Lion - uma jornada para casa, outro dos nove mais badalados, é protagonizado por um inglês de origem indiana. A indicação de Dev Patel como coadjuvante, entretanto, reforça outra característica dos últimos anos: coroar intérpretes com grandes papéis em uma categoria que - em tese - deveria contemplar artistas com participação menor. Confira, a seguir, outros destaques da cerimônia.

Meryl Streep recebeu sua 20ª indicação ao Oscar de atriz por Florence: quem é essa mulher?, mas não é apontada como principal candidata. Em sua frente estão Emma Stone (La la land), que vem ganhando prêmio atrás de prêmio, e a francesa Isabelle Huppert, do aclamado Elle. A disputa ainda conta com uma queridinha da indústria, Natalie Portman. Em Jackie, ela interpreta Jacqueline Kennedy - personagem também adorada pelos norte-americanos. A quinta concorrente é Ruth Negga, de Loving. Produção sobre os pioneiros do casamento inter-racial nos Estados Unidos, ainda não tem previsão de estreia no Brasil.

A disputa à láurea de melhor ator está entre Casey Affleck (Manchester à beira-mar) e Denzel Washington (Um limite entre nós). O primeiro era o favorito na virada do ano, mas a popularidade do artista caiu: com a indicação ao prêmio, ressurgiram antigas acusações de assédio físico e verbal a duas colegas. Já Denzel Washington venceu o prêmio do sindicato dos atores - um indicativo mais forte do que o Bafta e o Globo de Ouro, vencidos pelo concorrente. Os outros três na disputa são Andrew Garfield (Até o último homem), Ryan Gosling (La la land) e Viggo Mortensen (Capitão fantástico).