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Economia

- Publicada em 25 de Janeiro de 2017 às 21:54

Opinião Econômica: Sobreviver

BC foi mais arrojado do que esperavam economistas,  mas mais conservador do que exige a realidade do País

BC foi mais arrojado do que esperavam economistas, mas mais conservador do que exige a realidade do País


Folhapress/Arquivo/JC
O Banco Central (BC) tomou coragem e surpreendeu o mercado, coisa que não fazia havia muitos anos. Foi mais arrojado do que esperavam os economistas formadores de opinião do setor financeiro, mas muito mais conservador do que está a exigir a realidade da economia brasileira. A redução de 0,75 ponto percentual na Selic ainda mantém a taxa básica brasileira no nível absurdo de 13% ao ano.
O Banco Central (BC) tomou coragem e surpreendeu o mercado, coisa que não fazia havia muitos anos. Foi mais arrojado do que esperavam os economistas formadores de opinião do setor financeiro, mas muito mais conservador do que está a exigir a realidade da economia brasileira. A redução de 0,75 ponto percentual na Selic ainda mantém a taxa básica brasileira no nível absurdo de 13% ao ano.
Para início de conversa, vamos deixar claro que o juro básico precisa, urgentemente, baixar mais. Até 10%, no caso brasileiro atual, qualquer barbeiro conduz a política monetária. A partir daí, exige-se perícia. Então, 10% já!
Não dá para ficar postergando medidas de combate à recessão nem na área monetária nem na fiscal. A realidade brasileira mostra um desastre econômico rondando sobre nossas cabeças feito moscas repulsivas. O PIB deve ter caído 3,5% no ano passado - só vamos saber a taxa exata em março -, repetindo a performance negativa de 2015. Os analistas mais otimistas, que há pouco tempo previam crescimento de 1,5% em 2017, agora reduziram suas estimativas para 1%. Os pessimistas esperam crescimento próximo de zero.
Sim, o Brasil tem um grave problema fiscal, gasta mais do que arrecada. A dívida pública bruta se aproxima de 80% do PIB e, se nada fosse feito, caminharia para 90% ou mais, um nível muito alto.
A criação de um teto para o crescimento dos gastos públicos, portanto, foi correta e bem-vinda. Mas não se pode esperar dessa medida poderes sobrenaturais - são apenas constitucionais, podem conter o aumento do endividamento público, mas não têm cacife para promover a volta do crescimento da economia. Aliás, a contenção de gastos que se dará em consequência da criação do teto, infelizmente, tende a reduzir ainda mais o investimento público, fundamental para a retomada.
Durante o "milagre brasileiro" dos anos 1970, sob o regime militar, uma das críticas mais recorrentes dos economistas da oposição era que, apesar dos altos níveis de expansão do PIB, a renda criada não estava sendo distribuída de forma igualitária. Para contestar esse argumento, os economistas governistas diziam que era preciso esperar o bolo crescer para depois distribuí-lo. Na verdade, as duas coisas poderiam ter sido feitas concomitantemente.
Vivemos um impasse semelhante. Há um foco quase único na contenção fiscal, esperando-se para adotar mais tarde, quando o ajuste estiver consolidado, providências para restaurar o crescimento. Enquanto isso, o desemprego vai aumentando, já atinge mais de 12 milhões de pessoas e deve chegar a 14 milhões até o fim do ano.
Algumas medidas de estimulo à economia já foram anunciadas. São boas-novas, mas ainda tímidas e limitadas. Existe uma coisa elementar nessa discussão: a principal forma de combater a recessão é destravar investimentos em infraestrutura e, grife-se, investimentos públicos.
Ah, mas o governo não tem dinheiro! Tem sim. Pode economizar dezenas de bilhões de reais com a queda dos juros e precisa ter coragem para cortar gastos correntes e privilegiar investimentos.
Também não faz sentido, por exemplo, bancos públicos ficarem sentados em cima de recursos que poderiam financiar obras de que o País tanto precisa para melhorar sua infraestrutura e, ao mesmo tempo, abrir milhares de empregos.
Exposto a essa enorme crise, o setor privado faz sua parte: tenta sobreviver.
Diretor-presidente da CSN e presidente do conselho de administração da empresa.
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