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Indústria

- Publicada em 26 de Dezembro de 2016 às 18:52

Índice de confiança da indústria volta a cair

Nível de utilização da capacidade instalada atingiu o menor nível da série histórica, iniciada em 2001

Nível de utilização da capacidade instalada atingiu o menor nível da série histórica, iniciada em 2001


LIONEL BONAVENTURE/AFP/JC
O Índice de Confiança da Indústria (ICI) subiu 2,2 pontos em dezembro ante novembro, passando de 87,0 para 84,8 pontos, informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV). Este é o menor nível desde junho. Em novembro, o índice havia avançado 0,4 ponto.
O Índice de Confiança da Indústria (ICI) subiu 2,2 pontos em dezembro ante novembro, passando de 87,0 para 84,8 pontos, informou ontem a Fundação Getulio Vargas (FGV). Este é o menor nível desde junho. Em novembro, o índice havia avançado 0,4 ponto.
A queda na confiança industrial ocorreu em 12 de 19 segmentos pesquisados e atingiu tanto as avaliações sobre a situação atual quanto as perspectivas das empresas para os próximos meses. O Índice da Situação Atual (ISA) caiu 2,2 pontos, para 82,9 pontos, e o Índice de Expectativas (IE) recuou 1,8 ponto, para 87,1 pontos.
Com piores avaliações sobre a demanda interna, o indicador que mede o nível de demanda atual, que recuou 3,5 pontos, para 81,8 pontos, foi o que mais contribuiu para a piora do ISA em dezembro. O percentual de empresas que consideram o nível atual de demanda forte diminuiu de 9,0% para 6% do total entre novembro e dezembro, enquanto a fatia que o considera fraco aumentou de 35,5% para 36,1%.
No caso da retração do IE, o destaque negativo foi a expectativa com o volume de pessoal ocupado nos três meses seguintes, que caiu 3,8 pontos, atingindo 80,6 pontos. Essa foi a quinta queda consecutiva do indicador, que alcançou o menor nível desde maio (75,9 pontos). Em dezembro, houve redução na parcela de empresas que prevê aumento do pessoal ocupado, de 11,5% para 10,7%, e elevação do percentual de empresários que programa corte de funcionários, de 20,8% para 21,6%.
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) atingiu o menor nível da série histórica iniciada em 2001 ao passar de 74% para 72,5% entre novembro e dezembro.
"O resultado da sondagem industrial de dezembro, com queda da confiança e nível recorde de ociosidade, joga um balde de água fria sobre indicadores que já estavam mornos. Entre agosto e novembro, a acomodação da confiança - motivada pela apatia da demanda interna - já havia interrompido a recuperação temporária da confiança do setor observada no primeiro semestre", avaliou Tabi Thuler Santos, coordenadora da Sondagem da Indústria da FGV/Ibre.
O dado desfavorável indica que o primeiro trimestre de 2017 será ainda muito ruim para o setor, sinalizou a economista. De acordo com a coordenadora, a desvalorização cambial no início do ano e a redução no ritmo de produção ajudaram a indústria a adequar os estoques, o que contribuiu para a diminuição do pessimismo dos empresários no segundo semestre. Dessa forma, a confiança começou a crescer baseada na expectativa de que a demanda interna voltaria a se aquecer no curto prazo. Mas, como isso não aconteceu, o indicador retornou ao terreno negativo.
"A indústria ficou em compasso de espera no decorrer do segundo semestre, aguardando uma melhora na situação atual. Mas o mercado interno continuou muito fraco, e a indústria voltou para um ambiente muito ruim. Agora, a expectativa é que a indústria comece o ano com produção, emprego, demanda e ambiente de negócios fracos", resumiu a coordenadora da pesquisa.
Por isso, Tabi sinalizou que a indústria não tem condição de melhorar no primeiro trimestre. Ela considerou, no entanto, que só pelo dado de dezembro não há como determinar uma tendência de retração na confiança nos próximos meses. Tabi ainda disse que os indicadores de confiança fazem uma análise de curto prazo, por isso, não é possível traçar o cenário industrial para todo o ano que vem.
 

Produção industrial vai subir 1,7% em novembro, insuficiente para reverter tendência de queda

Dados como a produção de papelão são usados na pesquisa pelo Ipea

Dados como a produção de papelão são usados na pesquisa pelo Ipea


CELULOSE IRANO/DIVULGAÇÃO/JC
O Indicador Ipea de Produção Industrial aponta crescimento de 1,7% em novembro ante outubro, mas isso será insuficiente para reverter a tendência de queda na atividade econômica no quarto trimestre. Segundo a Carta de Conjuntura nº 33 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mesmo que a produção industrial medida pelo IBGE cresça em novembro, não será suficiente para anular o carregamento de -2% no quarto trimestre, deixado pela queda de outubro (-1,1% ante setembro).
"Uma alta de um mês, de forma alguma, pode ser vista como mudança de tendência", diz o coordenador do Grupo de Estudos de Conjuntura do Ipea, José Ronaldo de Castro Souza Jr. Segundo o pesquisador, o Indicador Ipea de Produção Industrial é construído a partir de dados coincidentes, como o movimento nas rodovias e a produção de papelão (que indica o consumo de embalagens pela indústria), de veículos, de aço e outros.
O sinal da atividade como um todo é negativo, disse Souza Jr. O pesquisador lembrou que o Indicador de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) do Ipea, que mede os investimentos no Produto Interno Bruto (PIB), caiu 2,6% em outubro ante setembro.
A Carta de Conjuntura, assinada por Leonardo Mello de Carvalho, técnico de Planejamento e Pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea, destaca que um crescimento na produção industrial em novembro repete o padrão de outras crises. "Essa melhora no desempenho da indústria, impulsionada pelas exportações, já era esperada na medida em que repetiu um padrão similar a outros momentos de crise, especialmente àqueles onde ocorreu deterioração da demanda interna e depreciação cambial", diz o texto.
Um dos motivos para a trajetória da indústria não bastar para levantar o PIB como um todo é que o impulso das exportações fica limitado pelo fato de a economia brasileira ser "ainda relativamente fechada", diz o técnico do Ipea.
Com a atividade ainda em queda no quarto trimestre, Souza Jr. estima que uma recuperação mais consistente, com saída da recessão, ficará para o meio de 2017. Por outro lado, uma recuperação da confiança com a aprovação de reformas, como o limite ao crescimento dos gastos públicos e as mudanças na Previdência, pode levar a um crescimento mais rápido do que se espera em 2018.
"Quando a queda do PIB está muito grande, as pessoas subestimam a capacidade de recuperação", disse Souza Jr. As condições para uma recuperação mais rápida se dariam pela elevada ociosidade na economia, com o nível da utilização da capacidade instalada (Nuci) da indústria nas mínimas históricas e o desemprego em alta. Além disso, quando a economia volta a crescer, a produtividade cresce junto, lembrou o coordenador do Ipea.