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Energia

- Publicada em 15 de Dezembro de 2016 às 22:29

Cancelamento de leilão beneficia projetos eólicos

Restrições na rede de transmissão deixaram o Estado fora da disputa

Restrições na rede de transmissão deixaram o Estado fora da disputa


FREDY VIEIRA/JC
Se a decisão do Ministério de Minas e Energia de não realizar o 2º Leilão de Energia de Reserva (LER) de 2016, que ocorreria na próxima segunda-feira, desagradou, de uma forma generalizada, os empreendedores dos setores eólico e solar (que participariam da disputa), para o Rio Grande do Sul há uma compensação. O Estado não teria projetos concorrendo, por causa de restrições na rede de transmissão, que impediriam o escoamento da geração de eletricidade. A expectativa é que as iniciativas alijadas do certame possam estar no seguinte (que acontecerá em 2017, sem data definida ainda).
Se a decisão do Ministério de Minas e Energia de não realizar o 2º Leilão de Energia de Reserva (LER) de 2016, que ocorreria na próxima segunda-feira, desagradou, de uma forma generalizada, os empreendedores dos setores eólico e solar (que participariam da disputa), para o Rio Grande do Sul há uma compensação. O Estado não teria projetos concorrendo, por causa de restrições na rede de transmissão, que impediriam o escoamento da geração de eletricidade. A expectativa é que as iniciativas alijadas do certame possam estar no seguinte (que acontecerá em 2017, sem data definida ainda).
"Para os estados que estavam com dificuldade de conexão, que estariam fora do leilão, (o cancelamento) é positivo, visto que essa carga ficará para o próximo ano, no qual esperamos que o Rio Grande do Sul já tenha uma visibilidade clara da entrada em operação das linhas leiloadas em 2014", comenta o presidente do Sindicato das Indústrias de Energia Eólica do Rio Grande do Sul (Sindieólica-RS), Ricardo Rosito. A presença de novos projetos eólicos gaúchos em leilões de energia (que viabilizam a comercialização da eletricidade) dependerá de obras a serem concluídas pela Eletrosul, que estão com o cronograma atrasado.
Há cerca de dois anos, a estatal federal arrematou o lote A do leilão de transmissão de energia que compreendia a construção de sete subestações e outras 14 ampliações, além de mais 18 linhas, atingindo R$ 3,2 bilhões em investimentos. A empresa, que não conseguiu terminar as estruturas contratadas, está negociando uma parceria com a Shanghai Electric para finalizar as ações.
O Ministério de Minas e Energia apontou como motivo da suspensão da concorrência de segunda-feira a redução nas projeções de carga de energia para os próximos anos. As novas previsões indicam uma redução de 3.480 MW médios na carga de energia anteriormente prevista para 2019, ano de início da entrega da energia que seria comercializada no leilão. Diante desse cenário, a pasta entendeu como necessária uma reavaliação do equilíbrio estrutural do Sistema Interligado Nacional (SIN) antes da realização de novos leilões de energia de reserva. A decisão do ministério teve a anuência do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Em uma fase inicial, quando não era necessária a apresentação de algumas garantias, como no caso a viabilidade da conexão no sistema elétrico, o Rio Grande do Sul teve 127 projetos eólicos cadastrados no leilão de energia, e nenhum de fonte solar. Esses empreendimentos somavam 3.087 MW de capacidade instalada (o que corresponde a mais do que 75% da demanda média de energia do Estado). No final, as iniciativas gaúchas tiveram que ser cortadas da disputa, e restaram 747 habilitadas (419 eólicas e 328 fotovoltaicas), que somavam 23.786 MW, distribuídas por 13 outras regiões. O leilão teria como objetivo a venda de energia de reserva, destinada a elevar a segurança no fornecimento ao Sistema Interligado Nacional.

Suspensão gera insegurança para os investidores

Apesar de, particularmente para os empreendimentos eólicos gaúchos, o cancelamento do leilão de segunda-feira ter suas vantagens, em contrapartida, o presidente do Sindieólica-RS, Ricardo Rosito, destaca que a deliberação tem um forte impacto negativo para os investidores, pois frustrou a expectativa de novos negócios no setor. Essa mesma opinião é compartilhada pela presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, que projeta expressiva retração de investimentos da indústria.
Elbia diz que o setor recebeu com muita surpresa a notícia sobre a decisão de suspensão do leilão. "Em um momento em que o próprio governo sinaliza com um grande pacote de medidas para estimular a retomada de investimentos, é um grande contrassenso desmobilizar uma indústria jovem", lamenta. A executiva ressalta que o segmento gerou cerca de 41 mil empregos no ano passado e outros 30 mil em 2016.
A previsão da ABEEólica era de que houvesse a contratação de cerca de 1 mil MW na concorrência de segunda-feira, o que significaria em torno de mais R$ 8 bilhões de investimentos e 15 mil empregos na cadeia produtiva. Conforme Elbia, o segmento já investiu mais de R$ 65 bilhões em projetos eólicos e hoje conta com uma produção 80% nacionalizada, com seis fabricantes de aerogeradores, quatro de pás eólicas e mais de mil fornecedores de outros componentes.
A dirigente reforça que, nesse mercado, a energia contratada hoje vai gerar contratos e empregos para a indústria nos dois anos seguintes. A presidente da ABEEólica argumenta que, levando em conta a intenção de atrair investimentos, retomar a atividade econômica e fazer planejamento considerando a segurança energética e a energia competitiva, cancelar o leilão de reserva foi um enorme erro.