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2° Caderno

Varejo

- Publicada em 05 de Dezembro de 2016 às 15:25

Em crise, Daslu tem disputa por R$ 1,5 milhão

Após período de glória, império da moda em São Paulo enfrenta cenário adverso

Após período de glória, império da moda em São Paulo enfrenta cenário adverso


MAURICIO LIMA/AFP/JC
Na casa das Lu, da Lucia Piva de Albuquerque e da Lourdes Aranha, as mulheres da alta sociedade paulistana se reuniam nas tardes do fim da década de 1950 para admirar as roupas que chegavam do Rio de Janeiro. As amigas compravam, e parte do dinheiro ia para caridade. Naquelas tardes, as Lu não podiam imaginar o futuro. Não pressentiam que a marca teria seu próprio castelo em um império de luxo e ostentação. Nem que a filha de Lucia, Eliana Tranchesi, seria presa em uma operação hollywoodiana da Polícia Federal. Tampouco podiam antecipar, mesmo em pesadelos, a melancolia de 2016, em que, praticamente falida, a Daslu seria disputada por dois homens, controversos em seus mundos empresariais, e que se acusam de assalto ao caixa.
Na casa das Lu, da Lucia Piva de Albuquerque e da Lourdes Aranha, as mulheres da alta sociedade paulistana se reuniam nas tardes do fim da década de 1950 para admirar as roupas que chegavam do Rio de Janeiro. As amigas compravam, e parte do dinheiro ia para caridade. Naquelas tardes, as Lu não podiam imaginar o futuro. Não pressentiam que a marca teria seu próprio castelo em um império de luxo e ostentação. Nem que a filha de Lucia, Eliana Tranchesi, seria presa em uma operação hollywoodiana da Polícia Federal. Tampouco podiam antecipar, mesmo em pesadelos, a melancolia de 2016, em que, praticamente falida, a Daslu seria disputada por dois homens, controversos em seus mundos empresariais, e que se acusam de assalto ao caixa.
No capítulo atual da história da Daslu, o enredo gira em torno de um suposto desvio de R$ 1,5 milhão do caixa. O empresário baiano Crezo Suerdieck é acusado de ter usado o parco dinheiro do caixa da Daslu para comprar o jornal A Tarde, da Bahia. Também com recursos da loja teria pago uma feijoada e um camarote no carnaval de Salvador. O advogado e seu sócio, Felício Valarelli, teriam ainda assinado pela empresa dois contratos de prestação de serviços de advocacia de R$ 430 mil com eles mesmos.
As acusações são ainda mais graves. Crezo e Valarelli teriam se comprometido a aportar R$ 16 milhões na companhia quando compraram parte da sociedade, no ano passado. O dinheiro não entrou, segundo acusa a DSL, atual nome comercial da Daslu. Crezo diz que foi dado um terreno em Mato Grosso como garantia do aporte, mas que, por falta de assembleia de acionistas, impedida pela Justiça, não foi possível concretizar a transferência. A DSL diz que o terreno sequer existe.
Atual representante da marca e diretor da empresa desde 2011, Eduardo Duarte - que entrou na companhia pelas mãos do outro sócio, Marcus Elias - diz que não havia como saber o que estava acontecendo nos três meses em que Crezo passou ao comando da empresa. Ele teria demitido a equipe que comandava a marca e nomeado seus próprios diretores. Em fevereiro, uma liminar da Justiça impediu a assembleia que ratificaria os nomes e, com isso, Crezo foi afastado da administração.
A troca de acusações em torno do desvio do caixa da empresa será mesmo resolvida por uma perícia, determinada pela Justiça de São Paulo. A partir daí, será possível saber quem tem razão: se Crezo, que ascendeu nos negócios em São Paulo comprando empresas em dificuldades como a MobiSystem; ou se Marcus Elias, com a mesma expertise e famoso por ter comprado a Parmalat, que o acabou levando a responder um processo criminal por crimes financeiros. Esse processo foi responsável pelo bloqueio do dinheiro do empresário, o que teria impedido novos investimentos na Daslu e a consequente venda de parte do capital. Agora, ele espera recuperar o dinheiro vendendo franquias. Na história da Daslu, o próximo capítulo parece que sempre existirá.
Cerca de 40 dias após inaugurar a Villa Daslu, uma loja multimarcas de 20 mil metros quadrados, que custou R$ 100 milhões e era considerada o que havia de mais luxuoso no mundo do varejo, o império Daslu começou a desmoronar. Eliana Tranchesi foi presa em uma operação da Polícia Federal, sob acusação de fraudes em notas fiscais de importação. Era o ano de 2005. Quatro anos depois, Eliana morreu de câncer. Sem conseguir se reerguer, a Daslu entrou em recuperação judicial e foi vendida em 2011 ao empresário Marcus Elias. De lá para cá, as araras da Daslu empobreceram, e suas clientes perceberam, diz o professor Silvio Passarelli, diretor do programa de gestão de luxo da Faap. Sob nova gestão, a Daslu mudou de fornecedor, o que fez a qualidade dos produtos da marca mudar muito pouco. O problema é que a cliente Daslu repara o mínimo detalhe.
Quando Elias assumiu, a estratégia foi abrir muitas lojas em diferentes shoppings. Investiu R$ 60 milhões na empreitada.

Hering não vê perspectiva de melhora no consumo para 2017, diz CEO

Companhia de moda fez um estudo para a segmentação do canal multimarcas

Companhia de moda fez um estudo para a segmentação do canal multimarcas


HERING/DIVULGAÇÃO/JC
A Cia. Hering acredita em um ambiente ainda difícil para o consumo no Brasil em 2017, afirmou o presidente da empresa de vestuário, Fabio Hering. Durante evento da companhia com analistas e investidores em São Paulo, ele avaliou que a companhia não vê perspectiva de melhora do cenário no curto prazo.
O executivo destacou o aumento do desemprego e avaliou que a taxa de juros segue elevada, apesar da expectativa de continuidade de um ciclo de redução. "A mudança de governo e o pacto de promoção de reformas trouxeram boas perspectivas para o mercado de capitais, mas o consumo não registrou melhora e até teve certa piora, com a alta do desemprego e uma taxa de juros que segue elevada", disse.
A crise afetou as vendas da Cia. Hering para o canal multimarcas, composto por lojistas que revendem peças de diferentes fabricantes. Durante evento com analistas e investidores, o diretor comercial Ronaldo Loos ponderou que vários lojistas fecharam as portas, fazendo com que o volume vendido em redes multimarcas caísse quase 20% nos últimos dois anos.
Para lidar com o novo cenário, Loos afirmou que a companhia fez um estudo para segmentação do canal multimarcas. O levantamento buscou identificar quais os perfis de lojistas que compram os produtos da Cia. Hering, classificando-os entre os que são mais dirigidos por preço e os que podem ser considerados "varejistas qualificados".
Nestes de maior qualificação, há uma maior relevância do conceito de produto, com apostas em visual de loja. Segundo Loos, a companhia começa agora a identificar oportunidades de execução, como decidir em que lojistas haverá investimento em visual, quais receberão atendimento diferenciado ou prioridade no abastecimento.