Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Política

- Publicada em 09 de Novembro de 2016 às 22:30

Sebastião Melo rompe o silêncio e analisa sua derrota

Vice-prefeito avaliou fatores que influenciaram no resultado da eleição

Vice-prefeito avaliou fatores que influenciaram no resultado da eleição


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Marcus Meneghetti
Dez dias depois do segundo turno da eleição à prefeitura de Porto Alegre, o vice-prefeito Sebastião Melo (PMDB) analisou pela primeira vez as razões de sua derrota para Nelson Marchezan Júnior (PSDB) nesta entrevista exclusiva ao Jornal do Comércio, em seu gabinete no Paço Municipal. 
Dez dias depois do segundo turno da eleição à prefeitura de Porto Alegre, o vice-prefeito Sebastião Melo (PMDB) analisou pela primeira vez as razões de sua derrota para Nelson Marchezan Júnior (PSDB) nesta entrevista exclusiva ao Jornal do Comércio, em seu gabinete no Paço Municipal. 
Entre os fatores que teriam influenciado no resultado, segundo o peemedebista, está a associação entre a sua candidatura e os governos de José Ivo Sartori (PMDB) e Michel Temer (PMDB). Sartori, por ter atrasado o salário dos servidores públicos, além de passar por uma crise na área da segurança pública - tema predominante na campanha eleitoral. Temer, em função do impeachment de Dilma Rousseff (PT), o que afastou eleitores petistas no segundo turno.
Melo insiste que o partido não pode ser situação na gestão Marchezan e cobra um posicionamento do diretório municipal do PMDB sobre a participação ou oposição ao governo do prefeito eleito. O peemedebista avalia que seria "um desrespeito com a população disputar uma eleição com um projeto diferente do adversário e, dois ou três dias depois, ingressar no governo dele".
Jornal do Comércio - Que avaliação faz da eleição?
Sebastião Melo - Três fatores favoreceram o nosso não sucesso. Um deles se refere às injustiças que recaíram sobre a nossa candidatura. Por exemplo, meu adversário (Marchezan) e eu éramos da base do governo, mas só eu assumi a nossa gestão. Por isso, muitos problemas foram colocados na minha conta. O segundo fator foi o tema da segurança, que pautou 80% da campanha, e o atraso dos salários dos servidores públicos estaduais. Acho que o Sartori, ao parcelar os salários dos servidores públicos, está fazendo o que qualquer governador faria, porque o Estado não tem dinheiro. Mas, nas minhas andanças pela cidade, muita gente me disse: "Melo, você é um cara muito preparado, mas não vou votar em você, porque é do mesmo partido do Piratini". Então, na minha avaliação, teve sim uma influência a questão da segurança pública e do atraso de salários.
JC - As pessoas fizeram a correlação entre a sua candidatura e o governo do Estado...
Melo - Evidente. Porque sou do PMDB. Não nego isso, nunca neguei, e tenho orgulho de ser do partido.
JC - E o terceiro fator?
Melo - Foi o impeachment da ex-presidente Dilma. Botou o PMDB em uma posição que nos afetou no segundo turno. Os eleitores do Raul (Pont, PT), por exemplo, enxergaram na minha candidatura o PMDB do governo federal. Muitos não votaram em mim por conta disso, apesar de eu não ter participado ativamente do processo de impedimento, nem nas manifestações contra a Dilma, porque minha função institucional de vice-prefeito não permitia. Ao contrário do meu adversário, que participou de diversos atos. 
JC - Depois do resultado da eleição, o senhor defendeu que o PMDB fosse oposição ao governo Marchezan. Na semana passada, vereadores do PMDB lançaram nota defendendo independência na Câmara...
Melo - A questão é de outra ordem. Trata-se de decidir se o partido vai fazer parte do governo ou não. É isso que precisa ser definido, pois não houve uma decisão formal da executiva, do diretório para deixar claro que não vai participar do governo. Também não vi nenhuma autorização da Executiva para participar. O que houve foi uma sinalização da bancada (de manter posição independente). Foi uma posição que é fruto de uma reunião dos vereadores com os líderes, o presidente municipal Antenor Ferrari, o ex-prefeito José Fogaça (PMDB), o deputado estadual Ibsen Pinheiro (PMDB). O ex-senador Pedro Simon (PMDB) não foi, porque estava fazendo exames.
JC - A sinalização de independência não abre margem para, mais adiante, o PMDB ingressar no governo Marchezan?
Melo - O partido é maior que a bancada, maior que o Melo. Tenho convicção que o partido vai se reunir e emitir um juízo de valor coletivo sobre esse tema. Coletivo. E espero ter democraticamente um espaço para expressar minha posição. Já fui presidente do partido municipal, estadual, vereador, presidente da Câmara, sou o atual vice-prefeito. Minha posição não muda uma vírgula: entendo que é um desrespeito com a população disputar uma eleição com um projeto diferente do adversário e, dois ou três dias depois, ingressar no governo dele. Essa é uma das razões do descrédito da política no Brasil.
JC - Alguns setores do PMDB porto-alegrense o acusaram de se posicionar muito à esquerda no segundo turno das eleições, sem a permissão do partido...
Melo - Primeiro, respeito quem pensa diferente de mim. Segundo, muitos que me criticaram, não vi na campanha. Terceiro, tenho uma trajetória de vida, que não deve ser maquiada durante a campanha. Sempre fui um democrata, sempre trabalhei na cidade, principalmente para os que mais precisam... As posições que defendi na campanha não são diferentes disso. E quanto aos partidos que, no segundo turno, declararam apoio a nossa candidatura sem o menor interesse de participar do governo depois, também não vejo nenhuma ilegitimidade nisso. Sou o mesmo antes, durante e depois da eleição.
JC - O ex-senador Pedro Simon sempre enfatiza o seu nome, ao mencionar as principais lideranças do PMDB. A derrota na eleição pode lhe fazer perder espaço no diretório municipal?
Melo - Quem tem que decidir quem é líder não é a própria pessoa. Sempre me coloquei como um militante de causas, desde 1978, quando lutava por democracia. Os mandatos são transitórios. No final do ano, termino 16 anos de mandato e volto à condição de militante de causas, que foi o que fiz mais tempo na vida. Tem gente que pensa que, por não ter mandato, estarei fora da política. Não é verdade. Estarei envolvido com política, porque acredito nela. Sou membro da executiva estadual do partido, liderada pelo Ibsen, que é um líder exemplar. Em Porto Alegre, embora não seja membro da executiva, vou participar de todos os debates, como militante.
JC - Está no seu horizonte ser presidente estadual do PMDB?
Melo - Não. Primeiro, porque o Ibsen é um presidente que nos conduz muito bem. Nem sei quando termina o mandato. Ninguém tem intenção de ser presidente. O partido é que precisa construir uma presidência coletivamente. Além disso, não tenho como me dedicar integralmente ao cargo e, na minha opinião, o presidente tem que ter dedicação integral. Afinal, é uma tarefa honrada, mas não é fácil. E também estou saindo de um processo eleitoral, tenho pendências, como por exemplo montar meu escritório de advocacia.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO