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- Publicada em 28 de Novembro de 2016 às 11:53

Ocupação quer se tornar centro de referência para mulheres

Segundo Priscila (d), um dos focos é promover a geração de renda

Segundo Priscila (d), um dos focos é promover a geração de renda


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Isabella Sander
Cerca de 100 mulheres e crianças ocupam desde a madrugada de sexta-feira um antigo e bem cuidado prédio na rua Duque de Caxias, Centro Histórico da Capital, pertencente à Congregação Salesiana. O grupo, composto pelo Movimento de Mulheres Olga Benário do Rio Grande do Sul, propõe a criação, no local, de um centro de referência para mulheres vítimas de violência. Essa é a primeira ocupação da cidade com esse fim.
Cerca de 100 mulheres e crianças ocupam desde a madrugada de sexta-feira um antigo e bem cuidado prédio na rua Duque de Caxias, Centro Histórico da Capital, pertencente à Congregação Salesiana. O grupo, composto pelo Movimento de Mulheres Olga Benário do Rio Grande do Sul, propõe a criação, no local, de um centro de referência para mulheres vítimas de violência. Essa é a primeira ocupação da cidade com esse fim.
A sexta-feira, 25 de novembro, foi escolhida como data para efetuar a ocupação porque esse é o Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher. Essa foi a data em que, em 1960, as irmãs Minerva, Patria e María Teresa Mirabal foram assassinadas pela ditadura de Rafael Leônidas Trujillo, na República Dominicana. O caso gerou revolta popular e culminou no assassinato do próprio Trujillo seis meses mais tarde. Em virtude dessa história, a ocupação promovida em Porto Alegre recebeu o nome de Ocupação Mulheres Mirabal.
Passadas as 24 horas de maior risco para as ocupantes, uma vez que nesse período o proprietário pode solicitar reintegração de posse imediata, agora o momento é de organizar a casa para iniciar o atendimento. Segundo Priscila Voigt, do movimento Olga Benário, já há cinco mulheres vítimas de violência doméstica ou em situação de rua habitando o prédio da rua Duque de Caxias. "Estamos mapeando trabalhadores que queiram aderir à causa e prestar serviços aqui e definindo também onde serão os atendimentos, os dormitórios e as oficinas", relata.
Além de acolher as mulheres vítimas de violência, as ocupantes querem fazer um plano terapêutico individual para cada caso e promover a geração de renda para as acolhidas, através de oficinas de capacitação profissional. Em poucos dias, já foram oferecidas oficinas de yoga, artes, manicure e produção de pão. "Uma das situações que muitas vezes prende a mulher a um relacionamento abusivo é a dependência financeira. Como sabemos que a estadia em um centro de referência é provisória, procuramos empoderar a vítima dessa maneira", explica Priscila.
A ideia de fazer uma ocupação só com mulheres veio de uma experiência em Belo Horizonte, também encabeçada pelo Movimento Olga Benário. Conforme as ocupantes gaúchas, em três meses de ocupação o Estado aceitou ceder um espaço para instalar o centro de referência.
Na edificação na rua Duque de Caxias funcionou por 20 anos o Lar Dom Bosco, onde crianças e adolescentes eram atendidos em projetos conveniados com a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc). Há três anos, contudo, está com suas portas fechadas. 
Na sexta-feira, os salesianos entraram em contato com as ocupantes e, ontem, os dois lados tiveram uma reunião, na qual as manifestantes apresentaram o projeto com os serviços que querem realizar naquele prédio. Segundo Priscila, a única proposta que a inspetoria salesiana São Pio X tem para o movimento é a desocupação. A instituição também alegou que o local estava fechado por falta de repasse de recursos estaduais. Uma nova reunião foi marcada para esta semana e as ocupantes pretendem convidar a congregação Dom Bosco a somar esforços na construção de uma política de combate à violência contra a mulher. Por enquanto, a instituição não entrou com pedido de reintegração de posse. 
Porto Alegre possui hoje dois centros públicos de referência para mulheres. Um deles é o Centro Estadual de Referência da Mulher Vânia Araújo Machado, administrado pelo governo do Estado. Localizado na Travessa Tuyuty, no Centro da Capital, realiza assistência sistemática às mulheres, com o apoio de juizados e delegacias, e monitoramento de conselhos e de coordenadorias de políticas para as mulheres. O outro serviço é o Centro de Referência da Mulher Márcia Calixto, na Rua dos Andradas. É um dos principais espaços estratégicos da Política Municipal de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, visando a ruptura da situação de violência e a construção da cidadania das mulheres, por meio de atendimento intersetorial e interdisciplinar (psicológico, social e jurídico).
 
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